A Igreja Matriz, dedicada à Sagrada Família, foi inaugurada em 7 de julho de 1940, tendo contado com a presença do Cardeal Cerejeira que procedeu à bênção do templo. À data da inauguração, o Entroncamento já era vila desde 21 de dezembro 1932 e freguesia paroquial desde 2 de fevereiro de 1939. Com uma população que rondava os 6 mil habitantes, a vila vivia um ativo crescimento populacional que se refletia na sua vida social, económica e religiosa.

 

Maquete da Igreja da Sagrada Família

 

Fachada principal

 A igreja começou a ser construída em 1938, em terreno doado pela Quinta da Ponte da Pedra, por intermédio da Sr.ª D.ª Maria Isabel Falcão Trigoso.

 A primeira pedra da Igreja matriz que, em latim, tem inscrita a sua consagração à Sagrada Família, foi lançada em 7 de novembro de 1937, numa cerimónia presidida pelo Cardeal D. Manuel Alves Cerejeira, que contou com a presença de grande número de individualidades, entre as quais, o Ministro das Obras Públicas, Joaquim Abranches e o Governador Civil do Distrito de Santarém, Eugénio de Lemos.

Espaço interior

Em relação ao estilo arquitetónico, a própria comissão fabriqueira da altura refere num folheto que distribuiu, por altura da inauguração: “Escolhemos para a nossa igreja o estilo do Renascimento da época de D. João III, por nos parecer mais religioso, mais belo e mais nacionalizado que os estilos que lhe sucederam”.

A fachada principal, que na maquete parece querer demonstrar ir ter toda a fachada principal em cantaria, acaba por ser divida em três partes, com a central em cantaria e  encimada pelo campanário; as duas paredes que a ladeiam e completam a fachada são em silharia, com um reboco final de argamassa pintada. Estas duas paredes são amparadas e embelezadas,  nos extremos exteriores, por duas colunas em cantaria. 

Para uma abordagem ao estilo e a todos os detalhes arquitetónicos da igreja, pode ser consultado na biblioteca,  um trabalho apresentado pelo Prof. Doutor Telmo Corujo dos Reis, que foi apresentado nos Paços do Concelho em 1991 e publicado na revista comemorativa do cinquentenário da construção da igreja, em 1992. Neste artigo, o estilo e outros pormenores da estrutura do templo são analisados com minúcia. Há, neste estudo, também, uma comparação inevitável com a Igreja da Atalaia, onde se vê a inspiração, mas não uma cópia absoluta, com as semelhanças e diferenças que são apresentadas e analisadas. Aliás, nunca a nossa igreja deslustraria a igreja Matriz da Atalia, um monumento do séc. XVI, muito apreciado pelos habitantes das redondezas e, por esse motivo, inspiradora dos projetistas da nossa Igreja Matriz.  

Não podemos falar da igreja sem falar do seu pároco, o Pe. Martinho Gonçalves Mourão. Natural de Pedrógão, Torres Novas, grande impulsionador da construção da nossa Igreja Matriz, Martinho Mourão foi, efetivamente, o primeiro pároco do Entroncamento e aqui se manteve até 1954, ano em que foi nomeado Vigário de Caldas da Rainha. O Pe. Martinho revelou-se um homem enérgico no campo pastoral e nas iniciativas que tomou e levou a cabo, que foram e continuam a ser um importante património para os seus sucessores e para a nossa paróquia.

 

Cruzeiro

 

A igreja sofreu alterações arquitetónicas na década de 80, com a finalidade de lhe ser anexada uma capela mortuária na fachada poente. A 1ª pedra foi lançada em 22 de maio de 1983, tendo a sua inauguração sido realizada em 10 de abril de 1988.  O projeto que, em termos arquitetónicos, foi cuidadosamente executado, obtendo um resultado visual muito harmonioso.

Mais recentemente, beneficiou de obras de requalificação no seu adro, que o tornou mais moderno e funcional. A inauguração do espaço seria realizada em 29 de abril de 2012, em cerimónia presidida pelo Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino. De referir a atual localização do cruzeiro exterior, que ocupa um local mais destacado, alinhado com o centro da fachada principal da igreja, como tinha sido a ideia inicial do projeto, conforme a maquete construída pelo carpinteiro, Sr. Alfredo Rodrigues, mas que nunca fora concretizada. Este foi o terceiro lugar que o cruzeiro veio ocupar no adro, cruzeiro este que foi edificado pelo facto de no ano da Inauguração da Igreja (1640), se comemorarem dois centenários, um, o VIII, considerando o ano de 1140,  em que pela primeira vez D. Afonso Henriques é designado rei após a Batalha de Ourique, como o ano da Fundação de Portugal. O outro, o III centenário, comemorava a restauração da independência de Portugal (1640), do jugo da dinastia Filipina espanhola. Ambos os factos estão inscritos na estrutura do cruzeiro, que também refere que foi erguido pelo povo do Entroncamento em homenagem as esses dois acontecimentos históricos.

Para uma informação mais precisa, Portugal, oficialmente, só em 1179 é considerado um reino independente, através da bula Manifestis Probatum, concedida pelo Papa Alexandre III,   sendo, simultaneamente, concedido o título de rei a D. Afonso I.

 

Aspeto atual  

 

  • MOURÃO, Martinho Gonçalves - Elementos para a história da paróquia do Entroncamento. Entroncamento : Jornal O Entroncamento, 1997.
    Batista, Luís - Padre Martinho Gonçalves Mourão. Revista comemorativa do 50º Comemorações do 50º aniversário da Igreja da Sagrada Família do Entroncamento. Entroncamento. Edição da Paróquia da Sagrada Família do Entroncamento. Número único, (1992), págs. 24 e 25.
  • Reis, Telmo Corujo dos - O Edifício da Igreja da Sagrada Família. Revista comemorativa do 50º Comemorações do 50º aniversário da Igreja da Sagrada Família do
  • Batista, Luís - O percurso do cruzeiro no largo da Igreja. Revista comemorativa do 75º aniversário da Inauguração da Igreja da Sagrada Família do Entroncamento.
  • Entroncamento. Entroncamento. Edição da Paróquia da Sagrada Família do Entroncamento. Número único, (1992), págs. 24 e 25.
  • Batista, Luís - Alguns elementos para a história da igreja no Entroncamento. Revista comemorativa do 50º Comemorações do 50º aniversário da Igreja da Sagrada Família do Entroncamento. Entroncamento. Edição da Paróquia da Sagrada Família do Entroncamento. Número único, (1992), págs. 32-41.   
  • O Entroncamento. [Publicação mensal regionalista]. Entroncamento : Pe. Armando Delgado Marques, 1983, nº 601. 
  • O Entroncamento. [Publicação quinzenal regionalista]. Entroncamento : Pe. Armando Delgado Marques, 1988, nº 696.