Por Jerónimo Belo Jorge – jornalista

As cheias do rio Tejo em 1979 foram grandes e provocaram cortes de estradas e ruas em Rossio ao Sul do Tejo e nas zonas ribeirinhas. A televisão e as rádios, na época, quase nunca noticiaram estes problemas.

Com os cortes de estradas as comunicações eram feitas através de banda do cidadão: Carlos Ramos, em Rossio ao Sul do Tejo, e Manuel Sousa Casimiro, em Arreciadas. Destas comunicações nasceu a ideia de criar uma rádio. Na época, a legislação em vigor não permitia rádios locais. Mesmo assim, estes dois radioamadores decidiram desafiar a Lei e criaram, com Augusto Martins, uma rádio.

O primeiro emissor cabia na palma de uma mão, tinha um alcance de 1 km, construído por Carlos Ramos. Foi a partir desse momento que começou a nascer a primeira rádio “pirata” do País. O início das emissões tem várias datas apontadas, sendo a de 1981 a que reúne maior consensos como sendo a data de criação da rádio livre. O nome, Rádio Antena Livre, evoca isso mesmo, uma rádio livre, que iria contrariar o trabalho das que existiam na altura: Emissora Nacional, Rádio Clube Português e Rádio Renascença. Aliás, estas rádios, no início da década de 80, não aceitavam de bom grado o nascimento das rádios “piratas” ou livres.

Já com nome na região de Abrantes, a RAL - Rádio Antena Livre passou rapidamente a ser um desafio para os três fundadores e uma opção para os cidadãos. Ouvir então em 100.8 Mgz passou a fazer parte do quotidiano das noites de fim-de-semana. Mas, como era uma “coisa” ilegal, rapidamente os serviços de fiscalização começaram a percorrer o país atrás dos “piratas” da rádio.

antena livre

Em Abrantes há muitas estórias sobre as “fintas” feitas aos fiscais dos Serviços Radioelétricos dos CTT Uma delas, contadas por Carlos Almocim, aponta para uma emissão feita a partir de S. Miguel do Rio Torto. Já a rádio estava “no ar”, surgiu a informação de que os fiscais tinham passado em Rossio ao Sul do Tejo. Ora, a emissão passou para cassetes e a vigia foi montada aos fiscais. Antes destes chegarem a S. Miguel, uma voz desejou as boas noites e informou que tinham de parar porque a fiscalização andava por perto. Um dos elementos da RAL saiu a pé com o emissor debaixo do braço. Outros levaram os restantes equipamentos. Os fiscais, chegaram a S. Miguel do Rio Torto e não viram nada.

Depois, quando pararam no café da Praça, em Abrantes, perguntaram se alguém conhecia quem fazia a rádio. Ninguém conhecia. Por ironia, dois dos clientes eram dois dos elementos que tinham saído a pé de S. Miguel do Rio Torto e eram da RAL. Outro episódio, ainda na ilegalidade, aconteceu no Convento de S. Domingos em Abrantes, e foi contado por José Bioucas, na altura presidente da Câmara Municipal de Abrantes, apoiante confesso das rádios locais. Certo dia, os fiscais detetaram a emissão da RAL no Convento de S. Domingos e colocaram polícias à porta. José Bioucas já estava em casa quando lá chegou um elemento da RAL a pedir ajuda. Como era adepto da causa, seguiu para o Convento para ajudar a RAL. Enquanto distraía os polícias, os radialistas retiraram todo o equipamento e quando os fiscais lá entraram não viram nada.

São vários episódios de fugas e ilegalidades que conduziram a que no final da década de 80 tenha começado a ser desenhada legislação tendo em vista a legalização das rádios livre do País. Aliás, “Em abril, Rádios Mil” foi o primeiro passo de um movimento de legalização das rádios “livres” em Portugal que se iniciou em Abrantes e sob coordenação da RAL com as outras “piratas” da altura.

Quando em 1989 todas as rádios param para poderem fazer a candidatura para, legalmente, poderem emitir, a RAL usava a frequência de 96.7FM. No encerramento das emissões “piratas”, ficou a promessa de que iriam voltar meses mais tarde, já legalizadas. E assim aconteceu. O silêncio das rádios, de quase seis meses, permitiu depois a reabertura das emissões. Já legalizada, a RAL passa a emitir em 93FM. É com a legalização que a então cooperativa, criada para gerir os destinos da estação emissora de Abrantes, equaciona mudar os estúdios de Arreciadas para

Abrantes, facto que viria a acontecerem 1991. Com esta mudança de instalações, para a Rua Manuel Constâncio, mudam igualmente o emissor, de Arreciadas para a torre do Quartel dos Bombeiros. Foram testadas outras localizações, mas sem resultados práticos. Então, a direção, solicita a mudança de frequência para 89.7 FM.

Já em Abrantes, a rádio começa a profissionalizar-se, tendo quadros a tempo inteiro na direção, jornalismo, locução e área técnica.

É em meados da década de 90 que chegam os primeiros sistemas informáticos. Um módulo que permitia gerir a publicidade eliminando as fitas em bobine ou as cassetes.

Em 1997, a RAL adquire uma fração de um edifício na Rua General Humberto Delgado e muda de instalações. Uma casa nova, desenhada para a rádio. Nesta mudança introduzem-se os computadores com software de automação de rádio. Começa a deixar-se de lado o vinil, o cd e a cassete, para entrar a linguagem wave e mp2 e depois mp3.

Em 2001, a RAL atravessa uma grave crise financeira e é adquirida pelo Grupo Lena, através da criação de uma empresa denominada Media On, Comunicação Social Lda. Com esta aquisição, a estação muda completamente o formato. Com vários meses de “limpeza de antena” só com emissão de música, arranca em setembro de 2001 caracterizada por uma rádio mais urbana e mais jovem, sem perder de vista o trabalho em prol da região ao nível da cobertura jornalística.

Com esta alteração, muda o conceito e muda a imagem, o logótipo da rádio. A nova administração deixa cair a RAL e assume Antena Livre como nova designação.

Nos últimos dez anos, com a gerência da Media On, a Antena Livre reforça a componente digital e em 2005 lança o seu primeiro sítio na internet, passando a dispor de emissão on-line.

Em 2010 entra nas redes sociais, como o Facebook.

Em 2011comemora 30 anos e lança um CD de música, a coletânea “Escuta”, com bandas e artistas da região. É também em 2011 que avança com a produção de conteúdos multimédia, entrando no mercado da imagem visual.

Com 30 anos de existência, a “Rádio Como Você Gosta” continua a ter num dos primeiros spot’s autopromocionais um modo de vida dos seus colaboradores: “A Tentação de Fazer, o Prazer de Escutar... Antena Livre”.

IN: JORGE, Jerónimo Belo – Rádio Antena Livre 30 anos. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 9. Nº 17 (2011), p. 24-25

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