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 POR CARLOS VIEIRA DlAS (Fotografias) E JOSÉ MARTINHO GASPAR(Texto) - Membros do CEHLA

O fenómeno desportivo abrantino sofreu transformações marcantes a partir da década de vinte do século passado. O perspetivar da atividade física como fator de saúde, vigor e bem- -estar contribuiu, também por Abrantes, para a popularização de várias modalidades, entre as quais ocupou lugar de destaque o futebol.

O Sport Lisboa e Abrantes, fundado a 10 de Junho de 1916, quis, desde cedo, ocupar a supremacia do futebol abrantino, ou não fosse a segunda filial do Sport Lisboa e Benfica. Entretanto, o Sporting Clube de Portugal estabeleceu a sua sétima filial em Abrantes, nascendo o Sporting Clube de Abrantes a 15 de maio de 1923, dando início a uma rivalidade que haveria de se prolongar por muitas décadas, à imagem daquela que ocorria em Lisboa.

A Associação de Futebol de Abrantes, em meados dos anos vinte, organizava um campeonato local (Taça Avelar Machado), onde o número de clubes inscritos normalmente não ultrapassava os quatro ou cinco. Para alem dos dois rivais da cidade, juntavam-se na competição o Tramagal Sport União, fundado a 1 de maio de 1822 em resultado da fusão do Grupo Desportivo Tramagalense com o Tramagal Futebol, os Dragões de Alferrarede, que se constituíram em 1923, o Sport Estrela Riomoinhense, fundado em maio do mesmo ano, e o Sporting Clube Rossiense. Para além deste troféu, organizava-se a Taça Sacadura Cabral, em esquema de “roda-bota-fora” (eliminatórias), nela participando todos os clubes do concelho1.

Em Abrantes, jogava-se no Campo de Vale de Roubão, que viria a ser substituído pelo Campo do Barro Vermelho. Muitas vezes, mais do que as partidas locais, o entusiasmo ficava ao rubro quando a cidade era visitada por equipas de outros concelhos, como Tomar ou Torres Novas, onde à competição futebolística se juntavam antigas rivalidades de outra natureza.

Na foto reportagem das próximas páginas apresentam-se imagens do futebol abrantino da década de vinte à década de sessenta. A jogar por amor à camisola, muitos valorosos rapazes pontapearam, com as suas botas de travessa, as famosas bolas de “cautchu” (o peso, quando encharcadas, era qualquer coisa de surpreendente), evoluindo em lamaçais que, aos olhos de hoje, nada se assemelham a campos de futebol. Estariam longe de desenvolver jogadas de grande “recorte técnico”, mas deixaram-nos estes “cromos” que, por si só, são um espetáculo.

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Nota:

1 - Os elementos relativos às competições foram recolhidos no Jornal de Abrantes, do período 1925/27. As informações respeitantes à fundação de clubes foram extraídas de Eduardo Campos, Cronologia de Abrantes no Século XX. Abrantes, C M A, 2000.

 

IN: GASPAR, José Martinho – Cromos da bola de Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 6. Nº 11 (2008), p. 3-13