UM GUARDA-REDES QUE PODERIA TER "VOADO" BEM ALTO

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Para aqueles que o conheceram bem de perto e que, desde sempre, acompanharam a sua carreira, Hélder Catalão, o Hélder que defendeu as redes de clubes como a Académica de Coimbra, o Beira Mar e o Sporting de Braga, terá mesmo passado ao lado de uma grande carreira, pois, ao dispor de excelentes qualidades e de invejáveis condições atléticas, para o difícil lugar, ter-se-á deslumbrado ou mesmo descuidado, não confirmando o que dali seria justo esperar-se.

Mas, ainda antes do futebol o atrair, já Hélder denotava, no Tramagal, excelentes qualidades para a prática do desporto, muito especialmente no atletismo, sagrando-se até, como iniciado, campeão nacional no salto à vara e no lançamento do dardo, confirmando-se como um dos atletas de largo futuro, constituindo um junto motivo de orgulho do professor Araújo e Silva, hábil e dedicado, na liderança do atletismo no TSU.

Para além de Hélder Catalão, mais tarde seduzido pelo futebol e pela defesa das balizas, também António Borges, surgiu na altura, como uma das grandes promessas do atletismo português, vencendo, na categoria de juniores e de forma categórica, os 400 metros.

António Borges que, uns bons anos depois, viria a chegar a integrar a lista dos eleitos de José Torres, para o Mundial do México, em 1986, confirmando-se como um dos bons valores do futebol português, com a camisola do Desportivo de Chaves, tal como Hélder Catalão, acabou por dizer adeus ao atletismo, optando pelo chamado jogo das multidões, mantendo-se ainda hoje, ligado a modalidade, agora como treinador.

Hélder Catalão, por sua vez e tal como anos antes, já havia acontecido com um outro jogador "made in Tramagal", no caso Vítor Manuel, depois de dar nas vistas na defesa da baliza do TSU, deixou-se naturalmente seduzir por um convite da Académica, rumando até Coimbra, confirmando-se, durante cinco temporadas, como um dos baluartes da "Briosa", alinhando, ainda outros, ao lado de figura cimeiras do futebol dos "capas negras" tais como o capitão Vasco Gervásio, Mário Campos, Costa, Vala, Camilo, Alexandre Alhinho, Gregório Freixo e o malogrado Joaquim Rocha, que se havia transferido do Sporting.

Ao serviço da "Briosa" foi chamado por quatro vezes a defender a baliza da seleção nacional de Esperanças, o que aconteceu, em junho de 1976, no prestigiado Torneio Internacional de Toulon, quando Hélder, então com 21 anos de idade, se confirmava como um dos melhores guarda-redes do futebol português.

O Mesmo viria depois, a acontecer quer no Beira-mar, quer muito especialmente no Sporting de Braga, onde Hélder participou em quatro jogos dos "arsenalistas" da capital do Minho, sofrendo nada menos de doze golos, nos jogos disputados antes britânicos: quatro, ante os galeses do Swansea City, para a Taça das Taças, na temporada de 1982-83 e nova, frente aos ingleses do Tottenham, para a Taça UEFA, na época de 1984-85.

 

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NÚMERO UM DA BRIOSA: Hélder, numa das excelentes equipas da Académica, ao lado de Brasfemes, Alhinho, Araújo e Gervásio (em cima) e de Mário Campos, Joaquim Rocha, Gregório Freixo, Vala, Camilo e Costa (em baixo)

Nos jogos com a equipa do País de Gales, Hélder teve como colegas de equipa, Artur, Guedes, João Cardoso, Paris, Serra, Vítor Oliveira, Vítor Santos, Jorge Gomes, Malheiro, Manuel, Nélito, Spencer e Fontes, enquanto nos desafios com os ingleses do Tottenham, o guarda-redes que nasceu no Tramagal, alinhou ao lado de Dito, Artur, Nélito, Vítor Santos, Joaquim Alberto, Spencer, Zinho, Jorge Gomes, Serra, Rifa, Reinaldo, José Abrantes, Carvalhal e Sérgio Pinto, muitos deles atuais "misters" do futebol português.

Depois do Sporting de Braga e da presença dos minhotos e de Hélder Catalão, nas provas da UEFA, pouco mais se soube do guarda-redes que chegou a estar na agenda dos três grandes, com o FC Porto, Benfica e o Sporting, atentos e interessados no homem que antes, havia trocado o Tramagal e o atletismo pela Académica e pelo futebol.

Chegaria, no entanto, a jogar nos "nuestros hermanos" do Tenerife, onde seria também treinador de guarda-redes, confirmando-se como um profissional bem identificado com as naturais exigências de tão específico lugar.

NOME: HÉLDER Joaquim Máximo CATALÃO

 NASCEU: 01-05-1955, no Tramagal – Abrantes

 MODALIDADE: futebol LUGAR: guarda-redes

CLUBES: Tramagal, Académica (1975-79), Beira-mar, Sporting de Braga e Tenerife (Espanha)

ESTREIA NA ACADÉMICA: 11-05-1975; último jogo na Académica: 17-06-1979. Jogos disputados pela Académica: 84

INTERNACIONALIZAÇÕES: 4, selecionado para a seleção de Esperanças, quando representava a Académica, atuando no Torneio Internacional de Toulon, frente à Bulgária (0-2); Finlândia (6-0), Bélgica (0-0) e México (1-2);

Participação na Tara das Taças (1982-83) e na Tara UEFA (1984-85), pelo Sporting de Braga, respetivamente, frente ao Swansea City (Pais de Gales) e Tottenham (Inglaterra).

In: ARSÉNIO, Carlos - Ribatejo: terra de campeões: 1892-2008. Chamusca: Edições Cosmos, 2008. ISBN 978-972-762-309-9