ENGENHEIRO APAIXONADO PELA ACADÉMICA

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Mesmo licenciado desde 1990, em Engenharia, Luís Agostinho que, um dia, chegou a pensar em vir a tornar-se numa das vedetas do Benfica, tendo estado ainda durante três semanas, no Estádio da Luz, considera-se não só um verdadeiro homem do futebol, como um eterno apaixonado pela Académica de Coimbra que, há anos, lhe abriu as portas, oferecendo-lhe novas perspetivas de vida.

"Jogava no Tramagal, primeiro nos iniciados e depois nos juvenis, quando fui chamado à seleção de Santarém e, logo a seguir, um senhor, chamado António Madeira, então presidente da Associação de Futebol de Santarém, sugeriu o meu nome ao Benfica. Viajei até Lisboa, cheguei a estar três semanas no Estádio da Luz, tendo como técnicos, Jesualdo Ferreira e José Pérides, mas, devido às reações de meu pai, que insistia na minha continuidade nos estudos, decidi mesmo deixar Lisboa e o Benfica, optando então pela Académica, que me oferecia outras possibilidades e felizmente, acabei por fazer a escolha certa."

Já então júnior da "Briosa", onde teve como treinadores, Vítor Manuel e Francisco Andrade, o jovem defesa central, jamais viria a descurar os estudos, não se deixando seduzir por convites que, entretanto, lhe surgiriam até porque se viu confrontado com um problema na coluna vertebral.

Agarrou-se então ainda mais aos estudos, intensificando ao mesmo tempo as suas análises aos problemas do futebol, muito especialmente no que dizia respeito, às múltiplas situações de ordem estratégica que o jogo proporciona.

Não surpreendeu, portanto, que o nome de Luís Agostinho viesse a reunir uma bem visível unanimidade, por parte dos responsáveis da "Briosa" quando, na temporada de 1986-87, estes resolveram apostar fortemente no sector amador de um clube de tão ricas tradições.

Era o pontapé de saída de uma nova fase da vida de Luís Agostinho que, tal como hoje, já se considerava muito mais um homem do futebol do que verdadeiramente um senhor engenheiro.

Depois das primeiras temporadas nos "capas negras", quer à frente da equipa amadora, quer surgindo até como número dois da melhor formação da Briosa, seguiu-se o capítulo Naval Io de Maio, da Figueira da Foz, o que ainda hoje lhe fez recordar "eu e o presidente, Aprigío Santos, estávamos, nessa altura, praticamente a dar os primeiros passos nas respetivas carreiras, ele como presidente da direção da Naval Io de Maio e eu, como treinador principal."

Na Naval Io de maio, os ventos da fortuna acabaram por sorrir para Luís Agostinho que viu primeiro, a equipa da Figueira da Foz subir até ao Nacional da II Divisão e três anos volvidos, conseguir nova promoção, desta vez à II Liga.

O mesmo aliás, viria a acontecer na Briosa, pois, com Luís Agostinho como seu diretor Desportivo, na temporada de 96-97, a Académica voltaria ao melhor escalão do futebol português.

Não surpreenderia, portanto, que, escassos anos volvidos, o engenheiro que sempre se confessou um apaixonado da Académica de Coimbra, regressasse à Cidade dos Doutores, ocupando novamente o aliciante cargo de diretor Desportivo, aí substituindo uma outra figura do futebol português, o "magriço" António Simões.

Perfeitamente identificado com as tão nobres tradições do futebol da "Briosa", Luís Agostinho, enquanto não esconde a sua grande satisfação por colaborar tão diretamente com o clubes do seu coração, lembra ainda que, ao longo dos anos, treinou jovens que depois singraram no futebol português, casos de Raul Meireles, hoje no FC Porto, Lito, Paulão, Sérgio Leite e Carlos Pedro, que integraram uma das boas equipas do Sporting de Espinho, entre outros.

Deveras meticuloso e bastante organizado, o diretor Desportivo da Académica de Coimbra, logo após o convite que lhe foi endereçado pelo presidente, José Eduardo Simões para regressar à Briosa e a Coimbra, não hesitou até em afirmar "irei ser apenas mais uma peça na equipa da Académica, pois vim só para ajudar e correr atrás dos novos desafios que nos esperam", promessas que tem mesmo vindo a cumprir.

NOME: Luis Manuel Neto Agostinho

 NASCEU: 18-07-1962, no Tramagal

 MODALIDADE: futebol

CLUBES COMO JOGADOR: SCU Tramagal e Associação Académica de Coimbra

Clubes como treinador e diretor desportivo:

1986-87 - Académica de Coimbra (sector amador),

Io lugar e subida à II Divisão Distrital;

1986-87 - Académica de Coimbra (sector amador),

10 lugar e subida à I Divisão Distrital;

1986-87 - Académica de Coimbra (sector amador), I Divisão Distrital;

1986-87 - Académica de Coimbra (Ia equipa), adjunto de Henrique Calisto, na II Divisão de Honra;

1990-91 - Académica de Coimbra (Ia equipa), adjunto de José Alberto

Costa, na II Divisão de Honra;

1992- 93 - Treinador Principal da Naval Io de maio - 2o lugar na série D

do Nacional da III Divisão e subida de divisão;

1993- 94 - Treinador Principal da Naval Io de maio - Zona Centro do

Nacional da II Divisão B;

1995- 96 - Treinador Adjunto e depois principal da Académica de

Coimbra, II Divisão de Honra;

1996- 97 - diretor Desportivo da Académico de Coimbra – 3º lugar na

11 Divisão de Honra e subida à I Divisão Nacional;

1997- 98 - Treinador Principal da Naval Io de maio, na Zona Centro da

II Divisão B - Io lugar e subida A II Liga Profissional;

1998- 99 - Treinador Principal da Naval Io de Maio - II Liga Profissional;

1999- 00 - Treinador Principal do Sporting de Espinho - II Liga Prof.;

2000- 01 - Treinador Principal do Sporting de Espinho - II Liga Prof.;

2001- 02 - Treinador Principal do Sporting de Espinho - II Liga Prof.;

2002- 03 - Treinador Principal do Sporting de Espinho - II Liga Prof.;

2005-08 - Diretor Desportivo da Académica de Coimbra - Liga Profissional

Treinador com o Curso de IV Nível, concluído no mesmo ano de José Mourinho, Carlos Carvalhal, José Couceiro e Carlos Brito, entre outros.

GALARDÃO: Prémio "Cândido de Oliveira", atribuído pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol (1997-98).

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ENGENHEIRO NO FUTEBOL: Luís Agostinho, diretor Desportivo da Académica de Coimbra

In: ARSÉNIO, Carlos - Ribatejo: terra de campeões: 1892-2008. Chamusca: Edições Cosmos, 2008. ISBN 978-972-762-309-9