memorias

Por Eduardo Campos e Maria João Rosa

Tradição Histórica do Pego1

É costume dizer-se dos pegachos, que têm origem em famílias de pescadores da Nazaré ou, como também se diz, num grupo de famílias ciganas. Porém, se se provar, por exemplo, que a Nazaré (praia atual) não é anterior ao século XVI, que os ciganos não entraram em Portugal antes da segunda metade do século XV e que o Pego, ao invés, já existia muito antes deste século, como justificar tal relação de parentesco?

Efetivamente, existe no Arquivo Histórico Municipal de Abrantes, uma carta de doação de um prédio rústico a favor de um tal João Martins, filho de Martim Joanes do Pego, a qual está datada de 6 de outubro de 1332 (Sabhã todos como eu Migeel Martyns e eu Domjngas Peres ssa molher damos e outorgamos a vos Johã Martyns filho de Martim lohanes do Peego...).

Parece-nos que a antiguidade do Pego deverá remontar, pois, pelo menos, aos princípios do século XIV. A freguesia de Santa Luzia do Pego já existia em 12 de março de 1562 (LR 2, f. 278- 284 v).

Quanto à interpretação do topónimo, parece que não se levantam grandes problemas. Trata-se da designação comum na linguagem medieva (derivado de pélago > peego) e teve a ver, decerto, com uma característica marcante do Tejo naquela área (águas abundantes e profundas) e eventualmente com alguma pesqueira importante. Com o que não teve nada a ver - podemos garantir - é com a lenda da bela pegacha e do capitão francês, segundo a qual o topónimo deriva de pegue (imperativo do verbo pegar)2.

Localizada a uma latitude de aproximadamente 39° 27’ norte e a uma longitude de aproximadamente 8º 1' Oeste, a freguesia do Pego, tem uma altitude média entre os 50 e os 100 metros, situando-se a Sul do Rio Tejo, que lhe serve de limite geográfico a Norte. Confina a Oeste com a freguesia do Rossio ao Sul do Tejo, a Sudeste com a freguesia de São Facundo e a Este com a freguesia de Concavada.

Em termos geológicos, a freguesia encontra-se, na Bacia Terciária do Tejo, sendo composta essencialmente por terraços fluviais do Plistocénico.

A nível morfológico, a maioria dos terrenos são aplanados ou ligeiramente ondulados, sendo os declives mais acentuados na área Norte da freguesia, já em contacto com o rio Tejo.

Ocupando uma superfície de 36,078 km2, a freguesia do Pego apresentava em 2001 uma densidade populacional de 71 habitantes/km2, estando entre as mais elevadas das freguesias que compõem o concelho de Abrantes.

Em termos de povoamento, este é aglomerado, embora acuse alguma dispersão.

Os dados demográficos mais antigos apresentam a seguinte evolução populacional:

Povoação da Estremadura no XVI século: 53 vizinhos;

Corografia Portuguesa (1712): 110 vizinhos (III, 188);

Geografia Histórica (1736): 125 fogos e 400 habitantes (II, 672);

Portugal Antigo e Moderno (1873...): 280 fogos (VI, 548);

Corografia Moderna (1876): casais constitutivos da freguesia: Faxeiros, Tendeiros, Vale do Feto, Negrinho de Cima e de Baixo, Ameixeira, Fonte do Sapo e D. António; quintas: da Torre, nateiro, Fernão Dias ou Fernandinho; herdades: Serrado, Albertos, Poço da Amoreira, Cascalho Chã Longa e Chã da Ratinha (IV, 167).

Quanto aos últimos recenseamentos, mostram-nos o seguinte:

memorias1

Tal como se verifica através da análise do quadro anterior, existiu uma ligeira diminuição da população absoluta da freguesia entre 1930 e 1940. A partir de 1940 e até 1960 a população aumentou cifrando-se esse aumento aproximadamente em 14%. Desde 1970 até 2001 a freguesia veio a perder população de forma significativa; as razões encontram-se possivelmente nos movimentos migratórios para a sede do concelho ou para Lisboa e na emigração.

Em termos de população ativa, por sector de atividade económica, em 1991, a distribuição era a seguinte:

memorias2

Tal como podemos verificar pela análise do quadro anterior, na freguesia do Pego, a maior parte da população ativa encontra-se no Sector Secundário e Terciário. As razões dessa distribuição residem no facto do Pego deter em pleno funcionamento várias indústrias, por exemplo a fábrica de lacticínios da Baral, fonte empregadora principalmente de mão-de-obra feminina, e a Central Termo Elétrica do Pego, fonte de emprego sobretudo de mão-de-obra masculina.

memorias3

O elevado peso do sector Terciário encontra as suas razões no facto do Pego beneficiar de uma situação de proximidade geográfica de Abrantes e boa acessibilidade através da estrada nacional 118, o que permite viver no Pego e trabalhar em Abrantes para boa parte dos seus residentes; por outro lado, esta freguesia é detentora de um elevado número de estabelecimentos comerciais, sobretudo cafés e restaurantes.

PEGO

O QUE SE PROCURA SABER DESSA TERRA É O SEGUINTE

1- Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?

[Vol. 28, f 756] Este lugar do Pego he termo da Villa de Abrantes em que há Ouvidor com correição, e segundo á Providoria de Thomar he Bispado da Guarda, e província da Estremadura.

2 -Se é de el-rei, ou de donatário, e quem o é ao presente?

2o A ditta Villa de que he termo este lugar, suposto me consta ficara privilegiado nas Cortes celebradas na Cidade de Lamego para se não poder doar com efeito tâobem me consta que o senhor Rey Dom João quinto que Santa Gloria haja em atenção a Illustrissima Caza dos Sãs, e Menezes e aos seus grandes mereçimentos lhe fizerão merce da dita Villa com o titulo de Marques, e Alcaide mor cujo senhorio passou a seu defunto filho, e deste a sua irmãa, e sogra exçelentissima Duqueza filha mulher do senhor Dom João, cuja Villa me consta outro sim tem voto em Cortes com asento no banco do nono.

3 - Quantos vizinhos tem [e o número das pessoas]?

3. Consta esta freguezia de cento, e quarenta, e sinco moradores, almas a saber de confissão, e communhão trezentas, e çesenta e de confissão somente setenta, e seis, e todas fazem o número de quatrocentas, e trinta, e seis.

4 - Se está situada em campina, vale, ou monte, e que povoações se descobrem dela, e quanto dista?

4. Este lugar do Pego está cituado em planiçia posto que em roda da parte do Sul, e nascente tem seus outeiros que por pequenos não tem nomes de cujo lugar em distância de meia legoa se avista a dita Vilia de Abrantes, e em distância de huma legoa a freguezia das Mouriscas, e meia legoa de distancia a freguezia de Sam Miguel de Rio Torto no mesmo termo, avista-se tãobem em distançia de huma legoa a Vilia do Sardoal do mesmo Bispado, e com outra tanta distançia o lugar dos Valhascos termo da dita Vilia.

5 - Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem?

5. Nada.

6 - Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, todos pelos seus nomes?

6. A parroquia está dentro deste lugar, e conta de lugares seguintes Pego que tem cento, e vinte, e quatro vizinhos o Cazal da Torre com dois moradores; a quinta de Coalhos, que não passa de Horta e tem hum morador; o Cazal do Nateiro que tem hum morador; o Lagar Velho com hum morador, o Cazalinho com hum morador, o Cazal do duque que he do Excelentíssimo Duque de (Lajoes) com hum morador, a Vargem das Fontes com hum morador, /f 756v/A Machieira com dois moradores, o Cazal do Negrinho com hum morador, o Cazal dos Facheiros com seis moradores, os Tendeiros com dois moradores, Vai da Figueira com hum morador, e vem assim a ter esta freguezia hum lugar, e doze Cazais.

7 - Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem irmandades, quantas, e de que santos?

7.0 orago desta Matris he Santa Luzia, e tem sinco Altares o primeiro, e principal tem Santa Luzia no primeiro, da parte do Evangelho o São João Baptista, e da parte da Epistola Sam Sebastião = O segundo Altar da parte do Evangelho fora da capela mor tem a imagem de Nossa Senhora do Rozario de roca e vestidos com o Deos Menino nos braços, e ahi mesmo logo abacho outro Altar das Almas com seu retabelo = o quarto he da parte da Epistola logo fora da Capella em comrespondencia tem huma imagem da Trindade a quem a devoção chama Esperito Santo. Quinto Altar logo ahi por baicho que tem a imagem de Santo António não tem naves nem a sua pequenhes o permite, e só tem huma irmandade das almas posto que os Sanctos se festejão nos seus dias ou quando comodamente pode ser por devotos.

8 - Se o pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem?

8.0 Parrocho he cura annual a aprezentação lhe dão os vigários das igrejas Sam Vicente, e Sam João Baptista da Vilia de Abrantes pró tempore altemativamente cada hum seu anno tem este cura de côngrua em dinheiro onze mil, e duzentos, e cada hum seu anno tem este cura de côngrua em dinheiro onze mil, e duzentos, e secenta (réis). Tem mais trinta alqueires de trigo, e tres mais pêra ostias. Da o pouo sincoenta alqueires de pão. Trigo senteio, e milho segundo o que cada hum lavra pello Natal se lhe dá a sua janeira que consiste em carne de porco cada hum dá segundo lhe parese. e sempre o cura ajunta ayhe sinco arobas de came, e o pe de Altar rendera hum anno por outro mil reis.

9 - Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta?

9. Não tem esta freguezia mais clérigo nem menistro algum e so quando na igreja se fazem ofícios as festividades he o Parrocho obrigado a chamar sem o que o não pode fazer sem dois Beneficiados da respectiva igreja donde he aprezentação, e os mais que são necessários quem o mesmo Parrocho elege na forma da Constituição do Bispado, /f 75 7/

10-Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros?

10. Nada.

11 - Se tem hospital, quem o administra, e que renda tem?

11. Nada.

12 - Se tem casa da misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver notável em qualquer destas coisas?

12. Nada.

13 - Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro, ou fora do lugar, e a quem pertencem?

13. Nada.

memorias4

14 -Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes?

14. Em a Matris se faz a maior parte dos annos bodo na ocazião da festividade do Espirito Santo a que acode gente dos lugares vizinhos cada hum dos mordomos dão o pão que cabe a cada hum cozido que vai a bênção a igreja, e offerecer-se ao Devino Esperito Santo, e ahi se reparte pello povo, e pobres, e não tem mais romagem.

15 - Quais são os frutos da terra, que os moradores recolhem em maior abundância?

15. Nesta freguezia se lavra pouco trigo, e milho groço, e mais senteio e milho miúdo pouco feijão preto, de lam pouco gado, e de cabello tãobem pouco, e alguns destes lavradores pêra seu trabalho (têm?) seus novilhos.

16-Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta?

16. Esta freguezia he sujeita a hum vigário geral de que actualmente serve o Doutor João Barata Roza comissário do Santo Oficio nomeado pello Excelentíssimo, e Reverendíssimo Bispo deste Bispado da Guarda Bernardo Antonio de Mello Ozorio: no temporal, e forençe o governa o juis de fora que aprezenta a Excelentíssima Donatária, e por hum ouvidor corregedor que tãobem aprezenta a Excelentíssima Donatária, e por hum ouvidor corregedor delia o de Thomar e provedor he o da Comarca de Thomar, nesta freguezia só há hum offiçial chamado juis espadano pêra fazer notificaçõns, e dar parte dos acontiçimentos a justiça.

17 - Se é couto, cabeça de concelho, honra ou beetria?

17. He como fica dito este lugar do pego he termo de Abrantes.

18 - Se há memória de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas?

18. Nada.

memorias5

19 - Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, se é franca ou cativa?

19. Nada.

20 - Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega?

20.0 Correo de Abrantes como dito he, dista deste lugar meia legoa á mesma villa chega nas quintas feiras, e parte nas segundas de cada semana.

21 - Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do reino?

21. Deste lugar do pego a Cidade Capital da Guarda são /f 757v/trinta legoas pouco mais ou menos, e a Lisboa Capital do Reyno vinte e tres legoas.

22 - Se tem alguns privilégios, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória?

22. Nada.

23 - Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem alguma especial qualidade?

23. Nada.

24 - Se for porto de mar, descreva-se o sítio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir?

24. Nada.

25 - Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seus muros; se for praça de armas, desci eva-se a sua fortificação. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente?

25. Nada.

26 - Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em que, e se está reparada?

26. Nesta freguesia pella bondade de Nosso Deos na ocazião de therramoto em o primeiro de Novembro de mil settecentos e sincoenta e sinco (não houve) mais do que o susto e só em dia quinze de Abril de mil settecentos e sincoenta e outo prezume-se em rezão das muntas chuvas se sumergio couza de quatro palmos fazendo varias aberturas huma meia jeira de terra no sitio desta freguezia junto a este lugar do Pego da parte do Sul aonde chamão a vargem do Vai do feto.

27- E tudo o mais, que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.

27. Nada.

O QUE SE PROCURA SABER DESSA SERRA É O SEGUINTE

Nesta freguezia não há serra de que se possa, e deva dar notícia alguma nem couza a este respeito.

 

O QUE SE PROCURA SABER DO RIO DESSA TERRA É O SEGUINTE

1 - Como se chama, assim o rio, como o sítio onde nasce?

1. Nada.

2 - Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano?

2. Só discorre junto a esta freguezia, e a devide da Villa de Abrantes o Rio Tejo que discorre da parte do Norte, ficando a freguezia da parte do Sul de cujo nasçimento e discurso falão muntos Autores per cuja rezão direi o siguinte:

3 - Que outros rios entram nele, e em que sítio?

3. Entra pera o Tejo nesta freguezia hum pequeno aroio que muntas vezes lhe faltão as agoas de verão quazi todos os annos que tem prinçipio na freguezia de Sam Facundo distancia de huma légoa chamado Ribeira de Coalhos, e entra no Tejo no sitio do nateiro desta freguezia.

4 - Se é navegavel, e de que embarcações é capaz?

4. Pella terra que ocupa nesta freguezia he navegável, e capas de todas as embarcaçons do porto da Villa de Abrantes.

5 - Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela?

5. Em todo o descurso desta freguezia, que será quazi de huma légoa corre com alguma maior desçida por cuja rezão se não faz arebatando mas navegável como dito he.

6 - Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a poente?

6. Corre este rio deixando ao sul esta freguezia, e vem do Nascente para o Poente, /f. 758/

7 - Se cria peixes, e de que espécie são os que trás em maior abundância?

7. Este Rio produz como prezumo toda a qualidade de peixe de agoa dose.

8 - Se há nele pescarias, e em que tempo do ano?

8. Nelle morem sáveis lampreias de Inverno, e de verão sabogas e mugens, e em todo o tempo barbos sermons bogas, e as pescarias são livres, e só pagão dizima, e redizima.

9 - Se as pescarias são livres, ou de algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma parte dele?

9. Há alguns citeos chamados pesqueiras em que se pesca aos sáveis lampreas, e sabogas, e só podem nellas pescar com redes dentro de bateis os senhorios delias, e he isto humas revesas que faz o Tejo naqueles sitios.

10 - Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto, ou silvestre?

10. Cultiva-se as margens do Rio em sítios que elle dista em terra a que chamão nateiros, e isto pellos senhorios das terras ahi pegadas.

11 - Se tem alguma virtude particular as suas águas?

11. Dizem que as agoas deste rio façilitão a sugestão, e que são bons os banhos delle no verão.

12 - Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes, e como se chamam estas, ou se há memória de que em outro tempo tivesse outro nome?

12. Nada.

13 - Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sítio em que entra nele?

13. Acaba e entra no mar em Lisboa na barra da mesma corte dita.

14 ~ Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegável?

14. Nada.

15 - Se tem pontes de cantaria, ou de pau, quantas, e em que sítio?

15. Nada

16 - Se tem moinhos, lagares de azeite, pisões, noras, ou outro algum engenho?

16. No rio de que tratamos não há engenho algum, porem no aroio de que asima se trata chamado a Ribeira de Coalhos há hum moinho, e ao pe deste hum lagar, aquelle de moer pão, só tem huma pedra de senteio, e outra de moer azetona tãobem dehuma pedra, e so moem de Inverno, de que o senhorio João Gomes de souza morador na Vil la da ponte de Sor, asima deste outro lagar que fica da parte do Poente da dita ribeira que tãobem serve de moer azetona, e he o senhorio delle Joze Cabral de Quadros da corte e Cidade de Lisboa, e este senhorio paga seis mil reis cada hum anno que moer ao cazal do excelentíssimo Duque de Illafôns pella pasagem da agoa.

memorias6

Há mais outro lugar que he da viúva de Manoel de Saldanha de Cascaeis em outro aroio chamado Calca Torta que por falta de agoas por acazo moe algum anno, /f 758v/e serve de moer azetonas.

17 - Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias?

17. Nada.

18 - Se os povos usam livremente das suas águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão?

18. Uza-se livremente das agoas deste tais aroios como do Tejo.

19 - Quantas légoas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde acaba?

19. Consta-me que nasçe o Tejo em Manchas de Aragão mas ignoro as legoas.

20 - E qualquer outra cousa notável que não vá neste interrogatório.

20. E não há em esta freguezia outra alguma couza de que possa dar notiçia mais de que a que desta consta. Pego, 28 de abril de 1758.

O Cura Manoel Rodrigues de Oliveira

Bibliografia

 

Fontes impressas

BAPT1STA, João Maria, Chorographia Moderna do Reino de Portugal, volume IV, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1876.

CAMPOS, Eduardo e SILVA, Joaquim Candeias da, Dicionário Toponímico e Etimológico do Concelho de Abrantes, Abrantes, Câmara Municipal de Abrantes, 1987.

CARDOSO, Jorge, Agiologio Lvsitano dos Sanctos, e Varoens Illvstres em virtvde do reino de Portvgal..., tomo III, Lisboa, na Officina de Antonio Craesbeeck de Mello, 1666.

CARDOSO, Luís, Diccionario geográfico, ou noticia histórica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, Rios, Ribeiras, e Serras dos Reynos de Portugal e Algarve, com todas as cousas raras, que nelles se encontrão, assim antigas, como modernas, volume I, Lisboa, na Regia Otficina Silviana, 1747.

CARVALHO, G., Contribuição para o conhecimento geológico da Bacia Terciária do Tejo, Lisboa, 1968.

Concelho (O) em Números: Abrantes, Associação de Municípios do Médio Tejo, Constância, s. d. COSTA, António Carvalho da, Corografia Portugueza, e descripçam topográfica do famoso reyno de Portugal, com as noticias das fundações das Cidades, Villas, & Lugares, que contém..., tomo III, Lisboa, na Officina de Valentim da Costa Deslandes, 1712.

FREIRE, Anselmo Braamcamp, Povoação da Estremadura no XVI. Século, in Arquivo Histórico Português, volume VI, (pp. 263-264), Lisboa, Oficina Tipográfica Calçada do Cabra, 1908.

Instituto Nacional de Estatística, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001 (Resultados Definitivos) - www.ine.pt

LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal antigo e moderno: dicionário geográfico, estatístico, corográfico, heráldico, arqueológico, histórico, biográfico e etimológico de todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal e de grande número de aldeias..., volume VI, Lisboa, Livraria Editora de Matos Moreira, 1876.

MORATO, Manuel António (e MOTA, João Valentim da Fonseca), Memória histórica da notável vila de Abrantes, para servir de começo aos Anais do Município, Abrantes, Câmara Municipal de Abrantes, 3a edição, 2002.

SILVEIRA, Luís Nuno Espinha da (coordenação), Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 e 1849: Edição crítica, vol. III, Lisboa, Instituto Nacional de Estatística, 2001. www.anafre.pt

Zahara, revista do Centro de Estudos de História Local - Palha de Abrantes, ano Io, n.° 1, Abrantes, Maio de 2003.

Fontes manuscritas

AHCA/LR 2, f. 278-284 v.

AHCA//57/F/002/cx. 1 /doc. 5.

1 Relativamente ao que esteve por trás da elaboração das Memórias Paroquiais de 1758, vide Eduardo Campos e Maria João Rosa, «As Memórias Paroquiais de 1758 - Aldeia do Mato», in Zahara, n.° 1, Maio de 2003, pp. 25 e 26.

2 Cf. Eduardo Campos e Joaquim Candeias Silva. Dicionário Toponímico e Etimológico do Concelho de Abrantes, Abrantes, Câmara Municipal de Abrantes, 1987, pp. 101 e 102.

In: CAMPOS, Eduardo e ROSA, Maria João – Memórias paroquiais de 1758 - Pego. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 4. Nº 8 (2006), p. 31-39