arq

Por Álvaro Batista e Filomena Gaspar - Assistente de Arqueólogo e Arqueóloga

INTRODUÇÃO

Após os incêndios de 2005 na área a Norte do concelho de Abrantes, o gabinete de arqueologia da autarquia de Abrantes encetou prospeções de campo nas áreas ardidas com o objetivo de efetuar um maior e melhor reconhecimento do terreno no intuito de uma melhor definição de sítios já inventariados e localização de outros inéditos.

O trabalho desenvolvido limitou-se única e exclusivamente à imensa área ardida, englobando as freguesias de Aldeia do Mato, Carvalhal, Fontes, Martinchel, Souto, mas não de maneira sistemática (exceção nas áreas envolventes dos tumuli e área megalítica), mas essencialmente dirigida, face a alguns contextos já conhecidos e até já na sua grande maioria por nós inventariados (CANDEIAS SILVA, BATISTA e GASPAR, no prelo).

As áreas eleitas foram a da necrópole megalítica da Jogada e Vale Chãos, cabeços sobranceiros sobre Água das Casas, onde já anteriormente tínhamos inventariado dois tumuli ou pequenos montículos eventualmente funerários (BATISTA, 2004:167), Maxial, Souto, e as Conheiras do Zêzere e Codes. Também alguns vales envolventes aos tumuli com ocorrência de xistos foram prospetados no intuito de se apurar da existência de arte rupestre como a que ocorre a Norte nos concelhos vizinhos da Sertã (BATATA, 1998) e Oleiros (CANINAS, HENRIQUES, BATATA e BATISTA, 2004 ), dada a relação existente entre tumulis, vias e arte rupestre, mas sem êxito.

É precisamente o resultado desse trabalho de campo que se irá dar a conhecer.

CONTEXTOS GEOMORFOLÓGICOS DA ÁREA EM CAUSA

Toda esta área Norte dispõe de formações do Pré-Câmbrico constituídas por gneisses, xistos, grauvaques, anfibolitos, micaxistos, quartzitos e areais de aluviões, areias e argilas de terraços com seixos.

Podemos sistematizar de maneira simples esta imensa área em três tipos de solos distintos: uma mancha de granitos entre Aldeia do Mato e ao redor de Martinchel; outra essencialmente com xisto grauvaques e quartzitos em torno do Zêzere e Codes e demais linhas de água, para o interior e praticamente sobre todos estes e a coroar os relevos mais elevados, praticamente em toda a área, argilas e seixos de quartzite.

CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS DA ÁREA

Todo este contexto geológico, pelas suas características, permite individualizar alguns tipos de monumentos e sítios arqueológicos distintos e bem diferenciados.

Na área de granitos na qual ocorrem a necrópole megalítica da Jogada e Vale Chãos (CRUZ1997: 271 a 278) e o monumento megalítico do Alqueidão do Neocalcolítico (BATISTA, 2004: 159). Uma de Conheiras em torno do Codes e Zêzere, nas suas vertentes ou mesmo a coroar os relevos mais altos sobranceiros, assim como duas galerias mineiras, uma na Conheiras do Casal da Serra, Martinchel e outra na Matagosa. As Conheiras podem deter cronologias desde o Calcolítico ao Romano e até posterior.

Implantados nos terrenos de cumeada, sobre o Zêzere, os dois importantes povoados do Neo- Calcolítico ao Bronze inicial/ médio da Horta Grande, Maxial (CRUZ, 1997: 258 e CANDEIAS e alli, no prelo) e Souto. No mesmo tipo de terreno os diversos tumuli provavelmente do Bronze ou Ferro e três prováveis mamoas de carácter megalítico. Outros vestígios posteriores são também referenciados na área. São eles os reduzidos vestígios Romanos no interior da Conheiras da Matagosa e tardo romano ou alto medievais desta área Norte (BATISTA, 2004: 187, 201 e 202 e CANDEIAS, e alli no prelo).

MEDIDAS PREVENTIVAS DE PROTECÇÃO

Excetuando-se alguns casos isolados, praticamente todos os sítios e monumentos agora inventariados se encontram em excelente estado de conservação.

Como estamos perante uma área suscetível de reflorestação, caso da Zona de Intervenção Florestal da Aldeia do Mato, iniciou-se o contacto direto com os diversos proprietários no sentido de sensibilizá-los para a necessidade de proteção e recetividade a vedação e escavação futura dos monumentos, mostrando na maioria uma excelente cooperação.

Dada essa ZIF ser da responsabilidade da Junta de Freguesia foi contactado o Sr. Presidente Sr. António da Cruz com o propósito de obtenção de sua colaboração também no processo de proteção dos diversos monumentos nela inseridos. Expressou do interesse que esses diversos locais têm na criação de um roteiro turístico para esta área, envolvendo o parque náutico de Aldeia do Mato, acrescido ainda, se possível de uma vertente etnográfica.

Semelhante opinião tinha já sido vinculada pela Srª Vereadora Dr.ª Isilda Jana da CMA, no sentido da mesma proteção e vedação dos diversos monumentos e a criação de roteiro turístico futuro, importante para uma área a Norte do Concelho, fortemente carenciada a esse nível.

E foi essa sequência de ideias que levou ao contactado com os diversos proprietários, e se iniciou em Fevereiro de 2006 a escavação de emergência em torno do menir e povoado da “Jogada”, Aldeia do Mato, para além da obtenção de autorização de escavação do INAG para a Conheiras do “Sobral”, Maxial do Além e autorização de escavação e vedação do tumuli do “Porto Escuro”, Aldeia do Mato'2’ e de outros.

METODOLOGIA APLICADA

Os diversos vestígios inventariados inéditos irão ser precedidos de um número de ordem crescente, seguindo-se o topónimo local, quando conhecido ou o mais próximo, freguesia respetiva e coordenada UTM obtida por GPS. No final, apresenta-se um mapa com a localização desses locais inventariados. Seguem-se diversas alíneas, a saber:

A - Tipo de vestígio e sua descrição.

B - Provável cronologia.

C - Cobertura geológica e flora da sua implantação e localização.

D - Condições de preservação e situações de risco do monumento ou sítio.

INVENTÁRIO

1 - Jogada, Aldeia do Mato, coordenada 0561385/ 4376907.

arq1 

A - Menir de granito, derrubado, posicionado a Sul do povoado anexo que se estende na direção Este

- Oeste e que engloba as coordenadas entre 0561477/ 4377026 e 0561355/ 4376903.

B - Do Neocalcolítico.

C - Perto da EM 358, no interior de pinhal ardido, nos terrenos argilosos sobranceiros à necrópole megalítica de Vale Chãos a uma cota de 246 metros. D - O Menir, cujo alvéolo foi encontrado a cerca de 2 metros para Norte, encontra-se em razoável estado de conservação, embora se encontre deitado e removido do sítio. As escavações iniciadas em fevereiro de 2006, têm revelado estruturas em excelente estado de conservação. Os resultados desta atualmente ainda não concluída, irão ser revelados oportunamente. O maior risco existente é precisamente a reflorestação do local.

2 - Zambujeira, Aldeia do Mato, coordenada 0561840/4377335

A - Povoado. No seguimento do anterior com indústria cerâmica lisa e lítica de sílex e tagana. B - Do Neocalcolítico.

C - No declive virado para o vale a uma cota de 238 metros nos terrenos graníticos com alguma cobertura de argila e seixos e cobertura arbustiva de pinheiro e diverso mato ardido.

D - Provável reflorestação. Também no local, mas já mais no declive, observa-se esculpido na rocha o que deveria ser posteriormente uma pedra de lagar para cereais ou azeitona com 1,67 metros de diâmetro e espessura máxima esculpida de 11 cm. Coordenada 0561899/ 4377327.

3 - Vale Chãos 3, Aldeia do Mato, coordenada 0560945/4377029

A - Anta, arrasada ainda com prováveis três esteios in situ, embora totalmente partidos na sua base. B - Neocalcolítico.

C - Na linha de água e à beira do caminho que leva à Aldeia do Mato. Na orla de eucaliptal e mato diverso em terreno de granito.

D - Perigo de reflorestação.

4 - Medroa, Aldeia do Mato, coordenada 0561298/4376698

 arq2 

 A - Mamoa? Trata-se de uma provável grande mamoa de carácter megalítico notório pela colina artificial de terra com um diâmetro de cerca de 40 metros por 2 metros de altura na parte menor, posicionada sobre o vale que leva ao povoado da Quinta da Légua, Amoreira.

B - Neocalcolítico?

C - Área reflorestada com eucaliptos de terreno argiloso e situada entre a EM 358 e a estrada para a Medroa com uma cota de 240 metros.

D - Bem preservada embora disponha de eucaliptal e de um corte a Oeste provocado pela abertura de um caminho.

5 - Vale dos Tourizes, Aldeia do Mato, coordenadas 0562327/ 4376367

A - Mamoa? Trata-se de outra grande provável mamoa de carácter megalítico notório pela sua grande colina artificial de terra com cerca de 40 a 50 metros de diâmetro com cerca de 6 metros de altura, posicionada sobre o vale que leva ao povoado da Quinta da Légua, Amoreira.

B - Neocalcolítico?

C - Cobertura argilosa. No interior de eucaliptal a cerca de 300 metros da EM 358 e com uma cota de 230 metros.

D - Bem preservado embora o sítio esteja reflorestado.

6 - Amarela, Aldeia do Mato, coordenada 0564422/4374912

arq3 

 A - Mamoa? Trata-se de outra provável grande mamoa de carácter megalítico, notório também pela sua colina artificial de terra com cerca de 40 metros de diâmetro por 2 metros de altura na parte menor, posicionada sobre o vale dos Casais da Pucariça.

B - Neocalcolítico?

C - Área reflorestada de pinhal ardido de terreno argiloso e sobranceira à EM 544 com uma cota de 211 metros.

D - Bem conservada, apesar de reflorestado.

7 - Pedra Encavalada, Aldeia do Mato, coordenada 0561310/ 4377775

 arq4

 A - Covinhas. Três covinhas com cerca de 3 cm de diâmetro e 5 mm de profundidade, efetuadas num afloramento granítico ao nível do solo e ligeiramente inclinado com cerca de 4,20 por 2,40. As duas primeiras covas orientadas a Norte distanciam-se 45 cm entre si. Para Oeste e a 1,33 a outra cova.

B - Do Neocalcolítico à Idade do Ferro.

C - Área de pinhal ardido com afloramentos graníticos, à cota de 245 metros e a 50 metros a Este do Marco Geodésico da Jogada.

D - Painel bem preservado, sendo o maior perigo a reflorestação da área.

8 - Verjeira, Aldeia do Mato, coordenada 0560734/4376141

A - Covinha. Covinha com 4 cm de diâmetro por 1 cm de fundo efetuada num afloramento granítico elevado do solo.

B - Do Neocalcolítico à Idade do Ferro.

C - Afloramentos graníticos com cobertura de seixos e argilas, localizado a Oeste do posto de observação florestal da Medroa no interior de um eucaliptal à cota de 260 metros e no sopé do cabeço com vestígios tardo romano ou visigóticos.

D - Em bom estado de conservação embora seja necessário cuidado com plantações futuras.

9 - Maxial, Aldeia do Mato, coordenadas 0562905/4376503

A - Tumuli 1 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro provável de 4 metros e altura central indefinida, constituído por seixos de quartzite de médias (entre 10-20 cm) e pequenas dimensões (<10cm), afetado a Sul pela abertura de um caminho florestal. Afetada também na quase totalidade do seu interior por alguma máquina florestal.

 arq5

 Covinha da Verjeira.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso a cerca de 80 metros da atual EM 358, à cota de 230 metros.

D - Em mau estado de conservação, sendo o maior perigo a reflorestação da área.

10 - Porto Escuro, Aldeia do Mato, coordenadas 0563423/4376948

A - Tumuli 2 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 5,80 metros e 10 a 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas dimensões (<10cm). Para Oeste, a cerca de 2 metros observa-se uma outra pequena concentração de seixos com cerca de 1,5 de diâmetro indefinido e que pode ser a resultante de um outro pequeno montículo ou material de sobra.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso a cerca de 30 metros da atual EM 358 e praticamente no contacto da que leva a Aldeia do Mato, à cota de 226 metros.

D - Em bom estado de conservação. Monumento para o qual se obteve autorização de escavação e vedação do local do proprietário Sr. Pelágio Manuel de Abreu Castelo Branco. Este local também é conhecido pela existência da lenda das três caldeiras, peste, ouro e prata. Esta lenda pode indicar que outrora no local poderia ter existido eventualmente três tumuli, tal como os existentes nas Sete Sobreiras que mais à frente trataremos.

11 - Fojo, Aldeia do Mato, coordenadas 0564999/ 4377993

A - Tumuli 3 ou pequeno montículo circular mal definido, talvez funerário, com diâmetro de 6,40 metros e montículo central ausente, constituído por seixos de quartzite de pequenas dimensões e ligeiramente afetado pelo alargamento da EM 358.

 B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de eucaliptal de terreno argiloso em contacto com a atual EM 358, à cota de 264 metros.

D - Em razoável estado de conservação. Para Este e a cerca de 6 metros, talvez uma outra existisse, notório pela existência de alguns seixos, não sendo possível definir com o mínimo de rigor as suas dimensões. O proprietário do terreno Sr. António Maria Pedro permite a vedação do monumento.

12 - Volta do Carregai 1, Souto, coordenadas 0565907/4378441

A -Tumuli 4 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 4,00 metros e 10 a 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso a cerca de 40 metros da atual EM 358, à cota de 271 metros.

D - Em bom estado de conservação. Monumento em risco de reflorestação.

13 - Volta do Carregai 2, Souto, coordenadas 0565907/4378437

A-Tumuli 5 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 5,00 metros e 10 a 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso a cerca de 40 metros da atual EM 358, à cota de 271 metros e distanciada da anterior cerca de 1,5 metro.

D - Em bom estado de conservação. Perigo de reflorestação. Para Sudoeste deste tumuli e a cerca de 2 metros observa-se uma outra pequena concentração de seixos com cerca de 2 metros de diâmetro e que pode indiciar um outro pequeno montículo ou material de sobra.

14 - Volta do Carregai 3, Souto, coordenadas 0565945/4378499 e 0565886/4378429

A - Via. Observa-se entre a EM 358 e os tumuli anteriores sulcado no terreno duas vias antigas, com rodados entre eixos de 1,20/ 1,30 paralelas à EM358.

B - Cronologia indeterminada, embora antiga.

C - Existente no interior de pinhal ardido em terreno argiloso a cerca de 40 metros da atual EM 358, à cota de 270 metros.

D - Em médio estado de preservação. Perigo de reflorestação.

15 - Várzea onde mataram o Homem 1, Souto, coordenadas 0566111/ 4378602,0566104/ 4378589 e 0566077/4378597

A - Via. Observa-se a Sul da EM 358 uma via antiga bem sulcada no solo, com rodados entre eixos de 1,20/ 1,30 e a descrever uma curva para debaixo da atual EM 358 passando a Sul do tumuli 6 e continuando bem funda no solo (cerca de 80 cm), na direção de Carvalhal nas coordenadas 0566205/ 4378649, 0566235/ 4378664 e 0566256/ 4378668 no contacto com a EM 358.

B - Cronologia indeterminada, embora antiga.

C - Existente no interior de pinhal ardido em terreno argiloso, em contacto com a atual EM 358, à cota de 268 metros.

D - Em bom estado de preservação. Perigo de reflorestação.

16 - Várzea onde mataram o Homem 2, Souto, coordenadas 0566180/ 4378659

A - Tumuli 6 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 7,00/ 7,50 metros e 10 a 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido e ligeiramente afetada por eucaliptal, em terreno argiloso a cerca de 10 metros da atual EM 358, à cota de 271 metros e sobranceira sobre a via que lhe passava a Sul.

D - Em bom estado de conservação. Perigo de reflorestação ou inserida na área de 10 metros a não reflorestar como medida preventiva de proteção à floresta segundo o decreto-lei.

17 - Vale da Vila ou Vale das Mós 1, Souto, coordenadas 0566635/ 4378959,0566652/ 4378978 e0566670/4378980

A - Via. Observa-se a Norte da EM 358 uma via antiga bem funda no solo, chegando a atingir 1 metro de profundidade com rodados entre eixos de 1,20/1,30 e a descrever uma curva para debaixo da atual EM 358

B - Cronologia indeterminada, embora antiga.

C - Existente no interior de eucaliptal, em terreno argiloso e a cerca de 3 metros e em contacto com a atual EM 358, à cota de 270 metros.

D - Em bom estado de preservação. Perigo de reflorestação ou inserida na área de 10 metros a não reflorestar como medida preventiva de proteção à floresta.

18 - Vale da Vila ou Vale das Mós 2, Souto, coordenadas 0566746/ 4379085

 arq6

 A -Tumuli 7 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 5,50 metros e 10 a 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido, em terreno argiloso e a cerca de 40 metros para Norte da atual EM 358, à cota de 271 metros.

D - Em bom estado de conservação. Perigo de reflorestação.

19 - Vale da Vila ou Vale das Mós 3, Souto, coordenadas 0567073/ 4379410

A - Tumuli 8 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, destruído e espraiado pela lavra com diâmetro provável de 7/ 7,50, com seixos de quartzite de médias e grandes (>20 cm) dimensões e lajes de xisto estranhas ao local e ao sistema geológico circundante, embora existentes para Norte no vale da Ribeira da Brunheta.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de eucaliptal, em terreno argiloso e a cerca de 10 metros para Norte da atual EM 358, à cota de 271 metros.

D - Destruída pela plantação de eucaliptos.

20 - Vale da Vila ou Vale das Mós 4, Souto, coordenadas 0567066/ 4379407

A - Tumuli 9 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, destruído e espraiado, com diâmetro de 5,50 metros, constituído por seixos de quartzite de médias e grandes dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior eucaliptal em terreno argiloso a cerca de 3 metros para Norte da anterior e a 13 metros da atual EM 358, à cota de 271 metros.

D - Destruída pela plantação de eucaliptos. O proprietário do terreno, Sr. Vicente Luís Ernesto de S. Domingos, permite a escavação no local.

21 - Alagoa, Carvalhal, coordenadas 0569519/ 4384806

A-Tumuli 10 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 6,00 a 6,50 metros e 30 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões e raros gneisses.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal e mato ardido, em terreno argiloso e a cerca de 10 metros para Oeste da atual EM 548, à cota de 310 metros, perto do cruzamento para a Matagosa.

D - Em bom estado de conservação. Perigo de reflorestação ou inserida na área de 10 metros a não reflorestar como medida preventiva de proteção à floresta.

22 - S. Domingos, Carvalhal, coordenadas 0569519/4384806

A - Tumuli 11 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 5,50 e 30 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas, médias e grandes dimensões, destruída na periferia pela plantação de eucaliptos.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de eucaliptal, em terreno argiloso e a cerca de 20 metros para Este da atual EM 548, à cota de 300 metros.

D - Em bom estado de conservação, exceto na periferia devido à existente plantação de eucaliptos. Os proprietários do terreno o Sr. Alfredo Reis e a Sra. Paula Madaíl da Matagosa após deslocação ao local apoiam a proteção do monumento.

23 - Sete Sobreiras 1, Fontes, coordenadas 0568948/4385313

A -Tumuli 12 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, com diâmetro de 5,50 e 20 cm de altura máxima no centro do montículo, constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso e a cerca de 40 metros para Este da atual EM 548, à cota de 304 metros.

D - Em bom estado de conservação. Perigo de reflorestação. A proprietária do terreno é a Sra. Maria da Conceição Mendes da Portela.

 arq7

 24 - Sete Sobreiras 2, Fontes, coordenadas 0569052/4385401

A - Tumuli 13 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, parcialmente destruído restando cerca de 3,5 de comprimento por 2,5 de largura, sem montículo e constituído por seixos de quartzite de médias dimensões e algum xisto certamente proveniente dos vales para Norte na direção do Codes.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada na orla de eucaliptal, junto do cruzamento das Fontes, em terreno argiloso, junto da atual EM 548, à cota de 305 metros.

D - Parcialmente destruída. Os proprietários são os mesmos do tumuli 11.

25 - “Sete Sobreiras 3, Fontes, coordenadas 0569057/4385395

A - Tumuli 14 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, a 5 metros do anterior e totalmente destruído pela plantação de eucaliptos, não sendo possível verificar as suas dimensões, observando- se seixos de quartzite de médias dimensões e algum xisto certamente proveniente dos vales para Norte na direção do Codes.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Junto do cruzamento das Fontes, no eucaliptal em terreno argiloso, junto da atual EM 548, à cota de 305 metros.

D - Totalmente destruída. Os proprietários são os mesmos do tumuli 11.

26 - Sete Sobreiras 4, Fontes, coordenadas 0568682/4385555

A - Tumuli 15 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, parcialmente destruído com cerca de 4,50 metros de diâmetro e altura máxima de 10 cm no centro do montículo, e constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada em eucaliptal, no seguimento e a cerca de 20 metros da EM 1208 para o Maxial, em terreno argiloso, à cota de 304 metros.

D - Parcialmente destruída. Perigo de reflorestação futura.

27 - Sete Sobreiras 5, Fontes, coordenadas 0568675/4385560

A - Tumuli 16 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, parcialmente destruído, com empedrado mais notório a Oeste com cerca de 2,5 metros de diâmetro sem montículo e constituído por seixos de quartzite de pequenas e médias dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada em eucaliptal, a 5 metros a Oeste da anterior, em terreno argiloso, à cota de 304 metros.

D - Mau estado de conservação. Perigo de reflorestação futura. Entre a EM 1208 e os montículos observam-se restos indefinidos do que parece ter sido a antiga estrada.

28 - Água das Casas 1, Fontes, coordenadas 0568654/4386608

A - Tumuli 17 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, mal definido e parcialmente destruída, com diâmetro de 4,90 e sem montículo e praticamente sem seixos na sua parte central. Constituído por seixos de quartzite de médias e grandes dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso, praticamente sobranceira a Água das Casas, 100 metros no cabeço à direita do caminho de terra batida à cota de 294 metros.

D - Em médio estado de conservação. Perigo de reflorestação.

29 - Água das Casas 2, Fontes, coordenadas 0568651/4386610

 arq8

A - Tumuli 18 ou pequeno montículo circular, talvez funerário, melhor conservado, com diâmetro de 6,10 e reduzido montículo central, constituído por seixos de quartzite de pequenas, médias e grandes dimensões.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no interior de pinhal ardido em terreno argiloso, praticamente sobranceira a Água das Casas, 100 metros no cabeço à direita do caminho de terra batida à cota de 294 metros.

D - Em razoável estado de conservação. Perigo de reflorestação. Para Este a cerca de 120 metros, perto do caminho de terra batida, à cota dos 260 metros, com as coordenadas 0568768/ 4386653 e 0568760/ 4386645 dois outros tumulis já inventariados e referidos (BATISTA, 2004: 167 e CANDEIAS e alli no prelo) e em todo similares aos já descritos, em bom estado de conservação, com diâmetros de 6,60 e 5,80 e em área sujeita a reflorestação, sendo os proprietários do terreno os Srs. José Alves e João Pires Fontinha.

30 - Matagosinha, Carvalhal, coordenadas 0570111/4386856

A -Tumuli 19? Provável montículo circular violado e destruído, com cerca de 7,00 metros de diâmetro e 60 cm de profundidade, com alguns grandes seixos de quartzite a Norte.

B - Idade do Bronze ou Ferro?

C - Implantada no início do declive sobre o cemitério da Matagosa e no início da Conheira em área de mato e eucaliptal, à cota de 210 metros.

D - Totalmente destruída e violada. Perigo de reflorestação futura.

31 - Sobral, Fontes, coordenadas 0564199/ 4386413

A - Conheira. Exploração mineira a céu aberto. No interior da Conheira observaram-se duas estruturas circulares de argila batida com 1,23 e 1,04 de diâmetro com imenso carvão no seu interior de função e cronologia indeterminada. No seu topo também ocorrem algumas cerâmicas e provável estrutura habitacional talvez tardo-romano, visigótico ou alto medieval.

B - Do Calcolítico ao Romano e posterior.

C - Implantada sobre o Zêzere em terrenos argilosos e totalmente debaixo da albufeira do Castelo do Bode, à cota de 131 metros.

D - Face à situação de submersão e perante o tipo de vestígios, foi solicitado ao INAG autorização de escavação no local. O rápido enchimento da barragem adiou a escavação e com ela a obtenção de dados interpretativos, funcionais e de datação para além da recuperação de algumas das estruturas de argila ali existentes.

Nota: Outras Conheiras inéditas também se detetaram na área da Matagosa nas coordenadas 0570320/ 4385875; 0569946/ 4386723; 0570130/ 4386882; 056718/ 4387321. Na área de Martinchel nas seguintes coordenadas0558412/ 4374062; 0558540/ 4375110; 0558777/ 4375097; 0558182/ 4376667; 0558058/ 4375732; 0557870/ 4375047.

32 - Vale do Jalome 1, Fontes, coordenadas 0566050/ 4385858 e 0566076/4385839

 arq9

 A - Casas rurais habitacionais, notório por duas prováveis estruturas de 15 por 13 metros com ímbrices grossos.

B - Tardo-romano/ visigótico ou alto medieval C - Junto de caminho antigo no alto do Maxial à cota de 299 metros em área de mato e em terreno argiloso.

D - Perigo de reflorestação futura.

  

ANÁLISE INTERPRETATIVA SUMÁRIA

 Perante o inventário realizado ressalta uma área megalítica (certamente interligada à necrópole de Vale da Laje, Tomar), com os diversos monumentos funerários, agora complementados por um povoado sobranceira à necrópole de Vale Chãos um menir, covinhas, uma nova anta e três grandes prováveis mamoas estrategicamente posicionadas face aos vales inferiores, corredores naturais para o Tejo, por Amoreira e Rio de Moinhos. É toda uma área do sagrado e do ritual em que as covinhas da Verjeira e Jogada se integram num contexto claramente definido do Neocalcolítico em que predominam duas correntes culturais distintas, uma alentejana e outra da Estremadura, presente esta última nas cerâmicas decoradas caneladas e em espinha de peixe, do Calcolítico inicial e médio da Estremadura, associado claramente a todo uma indústria Tagana de quartzite e de sílex do povoado 1 da Jogada com menir associado.

Ao longo do Codes e Zêzere as Conheiras predominam, assim como povoados estrategicamente implantados sobre este último rio. Foi precisamente na Conheira do Sobral que a descoberta de estruturas circulares de argila batida, claramente a ela associadas poderá trazer alguns dados cronológicos mais precisos sobre este tipo de exploração mineira a céu aberto, embora este tipo de exploração mineira possa dispor de um vasto leque cronológico.

Por último, a descoberta do único e importante conjunto de prováveis tumulis funerários individuais, claramente de carácter não megalítico, com cronologias prováveis do Bronze ou Ferro e que apesar da sua característica regional se assemelha em termos morfológicos aos existentes mais a Norte no concelho de Oleiros, estes ali associados a vias e arte rupestre. São monumentos bem individualizados na paisagem, embora impercetíveis e claramente posicionados junto a duas importantes vias. Uma que da foz do Codes ascendia ao planalto das Sete Sobreiras continuando para S. Domingos e ai bifurcando para Abrantes (por Carvalhal) e Alvega, já definida por Mário Saa nas Grandes Vias da Lusitânia, Itinerário de Antonino Pio, Vol. II, p. 113 e Vol. III, p. 267 como romana e uma outra que vinha de Constância por Vilelas, Medroa e ao longo da atual EM 358 até ao Carvalhal, S. Domingos e Água das Casas, a nossa via 2 romana, considerada na Carta Arqueológica de Constância, p. 186. A recente descoberta do Tumuli entre Carvalhal e S. Domingos define claramente essa via. A comprovarem-se a funcionalidade e cronologia dos tumulis estamos assim perante vias bastante antigas que mais do que rotas de transumância seriam certamente vias mineiras para exploração e escoamento do minério (não só certamente o ouro, mas prata, ferro, cobre, chumbo, como se atestam nalguns registos mineiros de 1930), com ligações bem para o interior do território. A ausência de arte rupestre, na área, é marcante e talvez se possa explicar, não pela ausência de afloramentos (embora existentes nos vales e não nas cumeadas), mas provavelmente como resultante da deslocação para Norte das populações criadoras da Arte Rupestre do Vale do Tejo da área de Ródão, razão dos conjuntos descobertos nos Concelhos da Sertã, Oleiros e Pampilhosa da Serra e isto face não só ao final da Arte Rupestre do Tejo por alturas do Bronze, como aos grandes povoados de altura como o da Charneca do Fratel não ir além dessas cronologias. Embora não pondo de lado a tese de Alarcão “...que defende a tese de origem transpirenaica dos Lusitani e de uma invasão ocorrida no início do Bronze Final.(CANINAS e alli, 2004: 27), o facto é que todos estes dados, no atual momento de conhecimento, não podem ser totalmente ignorados. E a tudo isto há que acrescentar a presença fenícia e cartaginesa na área do Tejo. (BATISTA, 2004: 167 e 168).

NOTAS FINAIS

O facto de o proprietário da “Jogada” pretender reflorestar a área a nível particular, levou à urgente intervenção no local e definição de duas áreas de proteção. Aproveitamos a oportunidade para agradecer à Sra. Luz da Conceição Gaspar Serrano e a seu filho Sr. Jorge Manuel Gaspar Esteves a colaboração prestada. De igual modo agradecemos ao INAG pela autorização de escavação para a Conheira do Sobral, ao Sr. Pelágio Manuel de Abreu Castelo Branco, proprietário do terreno do tumuli do “Porto Escuro”, assim como ao seu representante Sr. Fernando Manuel Pires Pereira e a todos os restantes proprietários que permitiram ou não a vedação das áreas dos tumuli em causa, já contactados, respetivamente: Sr. António Pedro da Carreira do Mato, Sra. Hermínia Cristina Mateus de Alferrarede, Sra. Zulmira Maria Antunes Brás da Carreira do Mato, Sr. Joaquim Maria Ernesto de Água das Casas, Sr. Vicente Luís Ernesto de S. Domingos e Srs. José Alves de Água das Casas e João Pires Fontinha de Vale de Açor. Também se agradece ao Sr. Manuel Florindo da Carreira do Mato a informação prestada sobre o topónimo Maxial onde se situa o tumuli 1, embora a propriedade seja de sua irmã Maria do Carmo Florindo Guilherme.

Recentemente foi descoberto um outro Tumuli, com cerca de 4/ 5 metros de diâmetro, parcialmente destruído na sua periferia pela abertura ou alargamento de um caminho e afetado na sua parte central através de arrastamento dos seixos por meio mecânico. A sua localização a cerca de 20 metros da estrada entre Carvalhal e S. Domingos e junto do cruzamento para Vale de Tábuas e Sobral Basto, vem confirmar assim a continuidade da nossa via 2 até Água das Casas. Importa, todavia, referir o seguinte: embora essa via pudesse descer o Codes até à sua foz no Zêzere, como aparentemente indica os Tumulis sobre Água das Casas, a possibilidade de outra paralela existir pelo planalto, passando pelo povoado do Maxial e descer à Conheira passando junto da capela e casario em ruínas, não pode ser posta de lado.

Esse caminho era bem mais antigo que o simples carreiro existente ao longo do Codes, que maior serventia tinha para os hortados ali existentes antes do enchimento da barragem. Tem que se deixar em aberto a possibilidade de que a não deteção de Tumulis na restante parte do planalto na direção do Maxial pode ser antes o resultado da pouca visibilidade do terreno, aquando da prospeção, do que à sua ausência.

 arq10

Localização dos Sítios e Monumentos inventariados

BIBLIOGRAFIA

BATATA, C.

1998 - Carta arqueológica do Concelho da Sertã, C. M. Sertã BATISTA, Á.

2004 - Carta Arqueológica do Concelho de Constância

CANDEIAS SILVA, J., BATISTA, Á. E GASPAR, F. (No Prelo) - Carta Arqueológica do Concelho de Abrantes

CANINAS, J.C., HENRIQUES, F., BATATA, C. e BATISTA, Á.

2004 - “Novos dados sobre a Pré-História recente da Beira Interior Sul. Megalitismo e Arte Rupestre no Concelho de Oleiros”, Estudos de Castelo Branco -Revista de Cultura, Julho 2004, Nova Série - n.° 3 CRUZ, A.R.

1997 -Arkeos 3 Perspectivas em Diálogo - Vale do Nabão: Do Neolítico à Idade do Bronze

  

IN: BATISTA, Álvaro e Filomena Gaspar– Dados Arqueológicos Inéditos a Norte do Concelho de Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 5. Nº 9 (2007), p. 75-83