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Por Filomena Gaspar - Arqueóloga, Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Abrantes

INTRODUÇÃO

A 20 de Novembro de 2007, iniciámos o acompanhamento da obra de implantação da nova conduta de água dos Serviços Municipalizados de Abrantes, que abrangiam toda a extensão da Rua Grande até ao início do Largo de S. João.

Sensivelmente a meio da rua, viria a ser identificado um silo escavado no xisto brando local, que nos obrigaria a intervencionar o local e onde seriam registadas 25 estruturas de armazenamento idênticas.

BREVE HISTORIAL DA ÁREA

Durante o mês de abril de 2006, na sequência do acompanhamento das obras conjuntas da Tagus Gás e do S. M. de Abrantes, foram identificados e escavados (pela empresa Ozecarus Lda.) vestígios arqueológicos no Largo da Ferraria. Estes vestígios eram constituídos por estruturas e elementos materiais que identificavam uma ocupação da área desde o séc. X/XI ao XVIII.

Das estruturas destacavam-se os fortes muros de um edifício construído em pedra e argamassa de cal, com muita qualidade, que se sobrepunham numa área, a silos que cortaram. A evidência desta sobreposição encontra-se atestada no facto de que a sapata do muro do edifício teve, inclusivamente, que ser reforçada na zona onde encontrou a escavação do silo, por falta de estabilidade do terreno.

Infelizmente não foi possível escavar a totalidade dos silos identificados.

A escavação dos silos revelou um entulhamento com materiais cerâmicos desde o período islâmico ao séc. XVIII.

Não foi possível compreender a funcionalidade do edifício posto a descoberto, mas é natural que, dada a proximidade com a antiga porta do Largo da Ferraria, que se lhe apresentava de frente, este se relacionasse com a Fortaleza, sobretudo tendo em conta a robustez e bom trabalho apresentado na sua construção.

Por outro lado, a própria rua apresenta características que poderiam já indiciar a existência de vestígios arqueológicos antigos.

Efetivamente, trata-se de uma artéria que teria desempenhado um papel importante, pelo menos a partir da Idade Média, posto que é o prolongamento natural da Rua da Barca.

Esta rua vinha das Barreiras do Tejo, subiria a encosta pela zona menos difícil, e entrava em Abrantes pelo local que ainda no séc. XIX se viu reforçado com uma porta e um avançado amuralhado, na altura motivado pelas invasões francesas, pois ter-se-á compreendido o estado de ruína em que grande parte da estrutura defensiva estava (além de que depois da “Guerra Fabulosa” e das Invasões Francesas, se teria talvez finalmente entendido que, efetivamente, a defesa do país poderia ter de passar pela Praça de Abrantes).

A Rua da Barca unia-se então à da Carreira dos Cavalos e entrava assim na chamada Rua Grande, vulgarmente conhecida por Rua Direita, zona onde encontrava a primeira plataforma digna desse nome.

A primeira notícia desta rua data de 1342 e a da Rua da Barca de 1370, altura em que um Mosteiro das Irmãs da Consolação existia entre a Rua Grande e a Rua Nova.

Assim, é de supor que a Rua Grande só terá existido como rua após o abandono e entulhamento da maioria dos silos, permitindo uma circulação anteriormente condicionada pela existência das bocas dos silos ao nível do afloramento, que era simultaneamente o do pavimento.

A INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA

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Apesar de termos acompanhado a abertura da vala em toda a extensão da Rua Grande, grande parte da rua não viria a apresentar problemas, pelo que apenas a partir da Travessa da Palma (ver mapa de localização dos vestígios) nos depararíamos com vestígios que obrigaram a um abrandamento da obra e paragens para escavar.

Efetivamente, o aparecimento do primeiro silo dentro da vala, levaria à necessidade de uma intervenção arqueológica sistemática ao longo da obra.

Durante a vigilância da abertura da vala, numa área onde posteriormente nos haveriam de dizer já ter aparecido há cerca de 30 anos outra estrutura idêntica, o aparecimento, no centro da vala, de uma mancha diferenciada de calhau rolado, seguido de uma anormal coloração e consistência dos sedimentos, obrigou a uma limpeza manual do interior da vala.

Esta, com cerca de 50 centímetros de profundidade original, revelou o primeiro silo, o Silo 1.

A partir deste achado, definiu-se a necessidade de escavar a área de forma a podermos compreender a implantação do silo e a sua articulação com outras estruturas de vários períodos entretanto identificadas: um antigo esgoto feito com xisto e argamassa de cal e posteriormente adaptado, várias condutas recentes da EDP e Telecom, ligações de águas...

Desta limpeza e escavação manual resultaria o aparecimento de outros dois silos, o que obrigou à divisão da vala planeada em secções de quatro metros de comprimento no sentido sul até ao fim da rua no seu entroncamento com o Largo de S. João.

Optámos por trabalhar apenas dentro dos limites da vala, essencialmente por duas razões: em primeiro lugar, porque ficou claro que a maior parte da largura da rua estava ocupada pelo esgoto de águas pluviais e residuais domésticas, sendo impossível abrir quadrículas sem pôr em perigo a circulação de pessoas que continuava a fazer-se. Trata- -se de uma artéria muito frequentada por idosos, e onde se situava a padaria da área.

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Em segundo lugar, mesmo correndo esse

risco, seria muito difícil escavar sob estas estruturas, tendo em conta a sua dimensão e o facto de haver inúmeras caixas de ligação.

A largura da vala, salvo o caso de derrocadas ou das chuvas intensas que nos assolariam posteriormente e atrasariam os trabalhos, era a da pequena pá da máquina que executava os trabalhos da rede de águas: cerca de 50 centímetros.

Optámos por escavar na totalidade alguns dos silos identificados tão só porque o seu conteúdo, a sua forma, dimensões e cronologia devessem ser conhecidos, como também porque alguns deles teriam que ser destruídos durante a obra.

Assim, à medida que a vala foi sendo aberta, fomos fazendo a limpeza manual, definindo e registando em desenho e por fotografia os seus contornos e escavando parte ou a totalidade de algumas destas estruturas condenadas pela obra.

Sempre que possível fez-se a escavação integral dos silos, ou pelo menos escavação de metade, ficando um corte que permitisse uma leitura mais correta.

ESTRATIGRAFIA

De uma maneira geral podemos dizer que a estratigrafia da rua se compreende da seguinte forma: uma camada de paralelos com altura média de 9 cm está sobre uma camada de areia, que se encontra diretamente em cima do toutvenant.

Este sobrepõe-se a uma pequena camada de terra castanha que assenta sobre o afloramento de xisto brando que serviria de pavimento durante a fase de utilização destas estruturas de armazenamento.

A boca dos silos estaria ao nível do piso de utilização e após o seu abandono foi geralmente selado com pedras de xisto ou seixo rolado.

No interior do silo, encontramos várias camadas que testemunham o enchimento com lixos, feito após o abandono da sua função inicial.

Trata-se de um enchimento gradual, mas cujo início está, na maioria das vezes, difícil de determinar.

OS SILOS

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Em resultados dos trabalhos arqueológicos da Rua Grande, identificaram-se 25 silos escavados no afloramento de xisto brando que constitui a base geológica local.

É natural, tal como a presença de outros identificados nos cortes parece indiciar, que o número destas estruturas seja potencialmente maior, mas a exiguidade da vala aliada às complicações de uma obra inerentes a uma rua complicada do ponto de vista da circulação, não permitiu avançar para além da área afetada.

Outra dificuldade foi o facto de estarmos perante estruturas que se encontravam muitas vezes parcialmente ou totalmente sob estruturas urbanas mais recentes, como a rede de esgotos. Esta, aproveitava já outra mais antiga, escavada no afloramento. Sobre as bocas dos silos, à semelhança do que havia acontecido no caso do edifício identificado no Largo da Ferraria, houve a necessidade de reforçar o terreno, construindo o esgoto em xisto e cal.

Recentemente (talvez anos cinquenta ou sessenta), esta construção terá sido aproveitada para passar um cano em cerâmica no seu interior, que teria a mesma função.

Assim, se, por um lado escavámos integralmente alguns dos silos, outros foram- -no só parcialmente, de forma a podermos dar uma ideia dos limites cronológicos que medeiam entre o abandono da função inicial, até ao final do seu entulhamento. Procurava- -se também definir a tipologia e a função das estruturas bem como eventuais relações entre elas.

Temos que salientar que muitas das medidas totais que apresentamos, muitas vezes apesar de os silos estarem metidos nas paredes das valas, só foram possíveis porque durante as chuvas intensas de dezembro, grande parte da vala ruiu, arrastando sedimentos que tiveram que ser limpos. Desta forma, apesar da confusão de materiais misturados, pudemos mais corretamente perceber e registar os contornos e dimensões de alguns silos, que de outra forma não teríamos conseguido.

Das características individuais de cada silo, damos seguidamente alguns exemplos, pela sua singularidade.

O Silo 21, por exemplo, é um silo complexo, porque se relaciona diretamente com o silo 22 que se lhe junta a Oeste. Tratava-se de um silo de grandes dimensões, cuja parede Oeste foi destruída pela construção do silo 22.

Trata-se possivelmente de uma destruição ocasional ocorrida ainda na fase de uso pleno dos silos para armazenagem de bens pois entre os dois silos aparece, a norte, um entalhe vertical de cerca de 20 centímetros, que parece ter sido feito para colocar um elemento de separação, possivelmente em madeira, entre os dois.

Se a destruição tivesse sido feita na fase de abandono, não nos parece plausível a preocupação em separar as duas estruturas.

Certo é que o xisto nesta área tem inúmeros veios de quartzito, que aumentam a possibilidade de fissuras, tornando-o mais facilmente desmoronável. Assim se explicaria que, após o abandono, e imediatamente antes do início do seu entulhamento como lixeira de detritos domésticos e de uma pequena forja(?), se depositem junto à parede Oeste do Silo 21 e parede Este do Silo 22, grande quantidade de xisto resultante da destruição, fortuita ou intencional, da parte superior dos silos.

Escavámos parte da metade Oeste do Silo 21 e a metade Este do Silo 22, de forma a tentar compreender a relação entre eles e a verificar se a estratigrafia de ambos era idêntica. A escavação não foi completa, pois, o Silo 21 encontrava-se em perigo de derrocada, pondo também em causa a estabilidade da casa a Este.

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O que concluímos dos trabalhos é que ambos serviram de lixeira ao mesmo tempo pois os materiais que encontramos nos dois silos são muito idênticos tipologicamente. Além disso, a grande quantidade de cinzas com metais que encontrámos em ambos os silos, denunciam o enchimento com os lixos resultantes do labor de uma pequena forja, num período de tempo que não será certamente muito lato.

As camadas de cinzas domésticas alternavam com outras repletas de material cerâmico bastante antigo e com níveis de cinzas com ferro, oriundas possivelmente de uma pequena indústria familiar.

Outro exemplo que se poderia destacar é o silo 25, silo muito pequeno que obrigou a uma escavação particularmente cuidada, tendo-se feito também flutuação à C2. Desta flutuação não resultou a recolha de quaisquer sementes ou outros elementos importantes.

Possuía duas camadas bem diferenciadas: Cl - Camada constituída por carvões, espinhas, cerâmica comum, escamas, fragmentos de cobre sem identificação possível, fragmentos de elementos em ferro e fauna malacológica, nomeadamente berbigão. C2 - Camada de terra castanha constituída por grande quantidade de fragmentos de xisto, oriundos da desagregação ou destruição da parte superior do silo.

Foi no fundo do silo, e atestando o início do entulhamento, que se encontrou uma moeda de D. Sancho II (1223 -1248).

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS ESTRUTURAS IDENTIFICADAS

Apesar de não termos conseguido definir com exatidão a sua função, para além do óbvio armazenamento de bens, foi possível determinar, através do desenho dos silos, a planta e alçado, dimensões e formas dos mesmos.

Trata-se de estruturas cujas dimensões variam bastante, sendo que os seus diâmetros de topo vão desde os 76 centímetros (silo 3) aos 2,53 metros (silo 21). Temos que advertir que, dado que estes possuem uma pança mais larga (ver esquemas), as dimensões interiores são bem maiores.

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A profundidade também variaria bastante, e embora não tivessem sido todos escavados, conseguimos determinar a mesma grande amplitude de dimensões que para as aberturas: o mais pequeno teria de profundidade máxima 53 centímetros (silo 25) e o mais profundo teria 1,60 metros (silo 11).

Interiormente, todos possuem uma abertura mais estreita que o corpo, cuja forma faz lembrar uma talha. Contudo, enquanto uns têm fundos quase planos, outros terminam em forma cónica, aparentando os fundos de ânfora.

Alguns apresentam vestígios que indiciam a colocação de uma tampa, mas torna-se difícil determinar se estas seriam de pedra ou simplesmente de madeira.

À semelhança dos exemplares escavados em concelhos cuja realidade histórica se assemelha à de Abrantes, como Tomar, Arraiolos, Lisboa e Santarém, os silos deveriam inicialmente possuir uma tampa que protegeria os bens que seriam guardados no seu interior. Em Santarém, nas escavações realizadas na área do antigo seminário, em que se identificaram inúmeros silos, alguns tinham ainda no fundo o resto de tampas em calcário, em geral mós reaproveitadas. Contudo, será de admitir que na maioria dos casos, dadas as dimensões dos silos e o facto de não possuirmos o mesmo fundo geológico e, portanto, ser difícil conseguir pedra com as dimensões adequadas, as tampas fossem feitas do material mais disponível na área: a madeira.

Não deixa, contudo de não ser possível, por exemplo, que sobre as tampas de madeira se colocassem algumas lajes de xisto. Assim seria explicada a presença de grandes fragmentos desta pedra no interior de alguns silos, como o silo 20.

O Silo 12, por exemplo, apresentava um rebordo exterior bem definido no afloramento afeiçoado, que serviria para apoio da cobertura e o Silo 20 apresentava no fundo grande quantidade de fragmentos pétreos de grandes dimensões.

A escolha da cobertura terá sido naturalmente condicionada pelo tipo de produto armazenado e as próprias dimensões do silo. Não foram encontrados vestígios de revestimento das paredes com argamassa, aventando-se a hipótese de o armazenamento dos bens se fazer dentro de recipientes, ou então tratar-se de bens pouco sensíveis, uma vez que estamos perante um xisto brando, facilmente alterável com a humidade.

As inúmeras fissuras presentes nalguns dos silos, e que têm a ver com a natureza da rocha, também nos faz pensar nas dificuldades em manter estas estruturas impermeáveis, em relação à entrada de água a partir dos espaços envolventes.

OS MATERIAIS EXUMADOS

As referências materiais recolhidas no interior dos silos são constituídas pelos entulhos que foram contribuindo para a encher as estruturas que tinham perdido a sua função original, sendo sempre posteriores à data da sua construção e exemplificativos da fase pós abandono e posterior reconversão em lixeiras da área.

Desta forma, tratam-se sobretudo de peças que se relacionam com a vida quotidiana: fragmentos de cerâmica de origem doméstica, restos de cozinha, cinzas da lareira, vestígios osteológicos de origem animal relacionados com a alimentação, chifres, dentes de javali e herbívoro não identificado, fauna malacológica (ostras, berbigão, amêijoa) com a mesma origem, algumas vértebras de peixe, moedas em mau estado de conservação, material cerâmico de construção. Ocasionalmente, sobretudo nos silos a Sul (Silos 21 e 22), recolhemos também algumas escórias de ferro, associadas a um nível muito irregular com cerca de 20 centímetros de cinzas, possivelmente provenientes de pequena forja.

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A maioria dos materiais exumados é constituída por material cerâmico comum de uso doméstico bem como grande quantidade de testos em xisto ou sobre seixo quartzítico, bem como inúmero material cerâmico de construção, sobretudo telhas de meia cana, a maioria das quais bastante finas, com digitalizações na superfície exterior em ondulado e fraca amplitude de abertura do ângulo. Existem também restos de tijoleiras.

Foram ainda recolhidos alguns numismas, em muito mau estado de conservação e leitura quase impossível. No entanto todas as moedas parecem ser anteriores ao séc. XVI, dadas as suas características: moedas muito pequenas, finas, com grande quantidade de bronze e muito má cunhagem. Aparecem algumas meias-moedas cuja datação ainda não foi possível efetuar. Aguardamos o momento em que possamos entregar as peças nas mãos de um especialista, já que não ousamos fazer a sua limpeza. As únicas que conseguimos ler minimamente acabaram por se transformar num pequeno monte de pó esverdeado. A datação possível veio, contudo, a revelar-se de grande utilidade para entender o momento de pós abandono e inicio de utilização destas estruturas como lixeiras.

CRONOLOGIA DOS SILOS

Os testemunhos materiais exumados apontam para um entulhamento dos silos entre cerca de 1223/ 1248 (data possível de moeda identificada no fundo do Silo 25) e o século XVI (datação dada pelos fragmentos de cerâmica Ming e majólica). A maior incidência de peças pertencerá ao período que medeia entre os séc. XI e XV, uma vez que são relativamente raros os vidrados.

No conjunto de cerâmicas analisadas, salientam-se algumas formas típicas, testemunhas da ocupação do espaço urbano por populações islâmicas ou de tradição islâmica.

SERÃO OS SILOS ISLÂMICOS?

Embora possa haver quem conteste a designação de silos islâmicos para as estruturas de armazenagem identificadas na Rua Direita, o certo é que, quer em Santarém (um pouco por toda a cidade), quer em Tomar, em Lisboa, em Arraiolos, Évora ou Beja, para citar apenas alguns dos núcleos urbanos mais próximos onde foram identificados fossas ou silos deste tipo, parece consensual a atribuição cronológica ao período islâmico.

O entulhamento dá-se quase sempre entre o período medieval e a época moderna e todos possuem indícios da cultura material de tradição islâmica. A sua construção implica um investimento que não nos permite pensar num abandono das estruturas num período imediatamente posterior.

Também é comummente apontada a proximidade destes vestígios com zonas de

habitat, pois tratando-se de uma área selecionada para possível reserva de alimentos (não havia frigoríficos e esta era uma forma de mantê-los a uma temperatura estável evitando a degradação), é natural que fosse incluída no bairro onde viviam as populações que a usavam.

No caso de Beja, já numa área com presença islâmica mais longa, os silos parecem ter sido abandonados quando se criou o chamado Celeiro Comum já no séc. XVI.

Perguntamo-nos, deste modo, se no caso de Abrantes, a criação do Celeiro de D. Lopo terá contribuído para o abandono definitivo dos silos da Rua Grande.

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Em trabalhos posteriores à nossa intervenção, realizados pela Ozecarus Lda., na área da Misericórdia, foram encontrados igualmente em corte, silos que parecem ser idênticos àqueles por nós identificados.

Ora, o Celeiro de D. Lopo, datado do séc. XV foi construído, no interior do que é hoje o refeitório do Lar de Idosos da Misericórdia, e de que sobrou o testemunho das talhas, escavadas nos anos 80 por técnicos do IPPC.

Sabemos também, a reforçar esta nossa hipótese, que algumas das cerâmicas encontradas serão de influência islâmica, nomeadamente um fragmento de cerâmica pintada com bandas brancas e inúmeros fragmentos cuja tipologia aponta para o séc. XI/XII, como os copinhos de cerâmica fina com caneluras no bordo ou as pequenas panelas de corpo baixo e carenas altas, que encontramos entre o espólio recolhido.

IN: GASPAR, Filomena – Silos Medievais de Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 9. Nº 18 (2011), p. 25-32