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Ana Paula Agudo - Professora, membro do CEHLA.

Há cerca de dois anos, no dia 8 de junho comemoraram-se os 500 anos do nascimento do Teatro português trazido à luz por Gil Vicente, com o que é hoje conhecido como o Monólogo do Vaqueiro. Se seguirmos a linha do tempo, encontramos no século XIX Francisco Alves da Silva Taborda para quem pretendemos “olhar” e compreender um pouco da arte dramática, da qual ele foi um ilustre representante, tão ilustre que deixou ligado ao seu nome a sua profissão.

Conhecê-lo plenamente é difícil, uma vez que olhamos para o trabalho de um ator que já não pode ser visto. A grandiosidade desta arte reside muito no seu carácter efémero - uma parte da representação, o ator de teatro leva-a consigo, a outra deixa-a àqueles que se deslocaram à sala para o ver atuar naquele dia. E pela voz destes que nos guiamos.

Este artigo apresenta-se como uma reunião de fragmentos deixados pelo testemunho daqueles que com ele privaram e que tantas vezes o viram em palco. Os gregos diziam que o riso era uma característica divina, dada a sua imortalidade, mas o homem ri, apesar da sua finitude ou também por ela, ri. O riso provocado pela arte do ator Taborda chegou a muita gente e fez dele alguém inesquecível.

Sobe-se o pano para conhecer um pouco melhor a vida, as pessoas, os teatros e as peças que fizeram deste homem o ator Taborda ...

I-A Vida

Francisco Alves da Silva Taborda nasceu em Abrantes a 8 de janeiro de 1824, há 180 anos, portanto, e aos 9 anos vai para Lisboa entregue aos cuidados do avô, que o manda aprender a arte de tipógrafo na oficina do senhor Motta, situada no Rossio, onde atualmente podemos encontrar a Farmácia Estácio. Iniciou então a sua vida laborai na arte tipográfica e investia o seu salário naquilo que mais gostava - ir ao teatro. Naquela zona encontravam-se vários teatros e na tipografia imprimiam- -se vários cartazes para os espetáculos.

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Anos mais tarde este Motta mandou construir o Teatro do Ginásio, reaproveitando um barracão que possuía na Travessa do Secretário da Guerra, atual Rua Nova da Trindade, e onde se fazia circo. Apercebendo-se do jeito e gosto do seu aprendiz de tipógrafo para o teatro, convida-o para fazer parte da companhia.

O aspeto físico de Taborda só por si provocava o riso:  ... homem de guedelha enorme, que parece dominado pela superstição capilar de Sansão, de que ficará sem força e sem vida no dia em que a tesoura impiedosa de um Godeffoid qualquer lhe reduzir a trunfa ao feitio de uma cabeça humana; uma luneta de um só vidro vai-lhe fincada no canto do olho direito, ao tempo que pisca o outro para ver melhor a gente: caíram- lhe em pleno nariz umas insidiosas bexigas, que lhe estabeleceram sobre as azas os mais pitorescos promontórios, e o sorriso franco e chistoso, que brinca por baixo disto tudo…”

Inicia então em 1846 toda uma vida dedicada ao teatro, quer como ator, diretor ou encenador. Sempre pronto a ajudar aqueles que o solicitassem no sentido de apoiar esta arte que tanto amava. Participava em inúmeros atos de caridade um pouco por todo o país, o que leva a que dele seja dito “como homem, o ator Taborda é o verdadeiro modelo de honestidade, a honra e glória da sua classe”.

Começa por ganhar nove mil réis nos primeiros tempos no Ginásio. Quando o encenador Emílio Doux chega à companhia e dispensa os seus serviços estava a ganhar vinte réis. Nunca passou de setenta e dois mil réis.

O Estado dava pensões aos artistas - saídas do cofre das aposentações dos artistas - por decreto saído em 1860. Tinham direito à reforma os artistas que totalizassem 15 anos de serviço a contar desde 1846, quem tivesse mais de 20 seria reformado com o salário por inteiro. Os artistas que se reformavam estavam divididos em três classes e a 1ª era constituída por 8 atrizes e 10 atores, a 2ª por 6 atrizes e igual número de atores e a 3ª classe era temporária. O ator Taborda é reformado pelo Parlamento a 8 de fevereiro de 1883 como ator de 1 classe, tinha 59 anos e 37 de serviço.

Nos finais do século XIX, início do XX, encontramos várias obras dedicadas à arte dramática, indicações técnicas sobre a arte de bem representar, o nome Taborda aparece sempre referido como exemplo do grande ator, que todos deviam seguir.

Ser ator ainda era visto como sendo uma vida de boémio, como refere Eduardo Brazão nas suas memórias, mas Taborda muito contribuiu para a dignificação desta profissão. O encenador Luís Costa Pereira, nos seus Rudimentos da arte dramática de 1890 refere que Taborda, que dirigiu, recebeu a condecoração de cavaleiro de S. Tiago.3

Vem a falecer em Lisboa a 5 de março de 1909, deixando atrás de si uma vida brilhante, marcada pelo génio através do qual se torna inesquecível.

II - O Actor

Com um dom que desponta com o seu amor ao teatro, Taborda estreia-se a 17 de Maio de 1846 na abertura do teatro Ginásio com a peça de César Perini de Lucca, Os fabricantes de moeda falsa onde faz o papel de aprendiz, contava então 22 anos. Fez-se a si próprio, era um intuitivo. Não frequentou o Conservatório.

O sucesso chega com a representação da ópera-cómica Velhice namorada, encenada pelo Romão. A ópera cómica é composta não só por uma parte musical importante, mas também pelo diálogo e é um misto de drama e de comédia. Neste tipo de peça, Taborda fazia muitas vezes o papel de tenor. Outro grande sucesso que marca o início da sua carreira foi Miguel, o torneiro, na qual faz de Miguel. A introdução deste género dramático no Ginásio vai pôr fim à colaboração do encenador Emílio Doux, uma vez que achava não haver artista à altura em Portugal para o representar.

Como mestre, Taborda elege o encenador Romão António Martins a quem dedica estas palavras. “Era um ensaiador de primeira ordem, nunca vi explicar como ele. Só ele me faz caminhar. Tudo o que tenho sido devo-o a ele’\ O Romão do Ginásio, como era conhecido, chega em 1846, primeiro como ator, depois como encenador após a saída de Emílio Doux. Este encenador manteve-se na companhia até 1870 e destacou-se em particular na ópera-cómica.

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Em 1856 vai ao Porto onde é recebido com todo o entusiasmo e em 1857, em Coimbra, representa no Teatro Académico e é-lhe oferecido um valioso anel com a seguinte inscrição “A Academia de Coimbra a Taborda”.

Em 1859 retira-se durante um mês para descansar, vai para o Alentejo, Viana, Évora, Beja, Badajoz, Elvas e depois Portalegre, na companhia do amigo Francisco Fernandes. Para além do teatro, Taborda gostava muito de jogar solo, jogo de cartas em que cada um recebia nove. Ao que parece, grande parte deste mês de descanso foi dedicada a esta atividade lúdica.

Taborda era um ator simples, isto é, provocava a comicidade através dos gestos e não por imitação ou caricatura - era bom observador.... Era um ator do povo, de quem as pessoas gostavam e com quem se entendiam. Diz quem teve o privilégio de o ver “a graça d’elle reside na incomparável naturalidade com que diz as coisas, na simplicidade cómica dos gestos, e na expressão franca e suave de uma physionomia, que toda a caracterização, que se lhe queira imprimir, se presta”. Não nos podemos referir à sua beleza física como se pode observar nas fotografias ou como Sousa Bastos no-lo descreve: “Viram ou conheceram porventura homem mais feio do que o glorioso Taborda?”. Para logo completar: “E porventura também conheceram ator mais estimado e querido do público?”.

Retrata fielmente a realidade, podemos ver aqui o realismo da sua arte, antes do tempo. Procura aquilo que é simples, representar com a maior naturalidade possível, mas, também no teatro, o que é difícil é fazer simples. O ator realista é aquele que se aproxima no discurso e situação aos problemas sociais e domésticos de cada dia, rejeitando tudo o que é artificial, fala e move-se naturalmente. Estamos em pleno período do romantismo e Taborda é um percursor do realismo.

Costa Pereira, após expor os princípios da arte dramática, dá exemplos de atores e atrizes que colocaram em prática a teoria que apresentou. Assim “no género cómico ali está o primeiro entre os mortos e os vivos, o patriarca da comedia, o inimitável, o único, o Taborda enfim. É um dos artistas notáveis portugueses, e estou em dizer que assim deva ser reputado entre os estrangeiros também. O seu relevantíssimo mérito está na graciosíssima naturalidade do seu tom e modo, acompanhados de seriedade cómica e de ausência de esgares”

III - A Relação Ator/Espectador

A sua fama vem do facto de ser um ator muito querido pelo povo. Para além das temporadas no teatro Ginásio, fez parte da companhia do Teatro Nacional D. Maria II durante uma época e duas no Teatro Trindade, mas fez espetáculos em todo o país e também no estrangeiro.

A relação do ator Taborda com o público é única, é conhecido não só pelo operário da fábrica, mas também pelo mais alto burguês. Sempre que havia uma representação sua o teatro enchia. Eduardo Brazão, que formou juntamente com o ator Rosa a Companhia ‘Rosas e Brazão’, nas suas memórias diz que o público é ingénuo, mas é um público de todas as classes sociais “... Adeus Taborda! Gritam-lhe uns operários que saem da fábrica. - Senhor Taborda muito boa tarde! Dizem-lhe uns burgueses que vão passando. - Meu caro Taborda, como está?... perguntam-lhe no Chiado os elegantes. - O Taborda como vais tu?... gritam-lhe os estudantes da universidade que estão a ferias em Lisboa. - Olha! Aquele é que é o Taborda! Diz um saloio a outro apontando-o a dedo no meio da rua”7. Ao longo dos tempos, este tem sido um dos excertos mais citados e que repetidas vezes encontramos sempre que se fala de Taborda. Por certo que tal não aconteceria se a aceitação do público não fosse tão calorosa e de origens tão diferentes. A própria família real o quis ver e para isso fizeram-se obras no Ginásio, para que este ficasse em condições de receber tão ilustres espectadores. D. Fernando II, que casou com a Rainha D. Maria II, nasceu em Viena de Áustria, num ambiente cultural privilegiado, tomou-se num grande protetor e mecenas da arte e dos artistas e ficou mesmo para a História como “o rei artista”.

Esta relação não seria tão duradoira se não estivéssemos num tempo em que as companhias faziam digressões pelo país, o que aproximava muito mais os atores do calor do seu público. A este facto se deve a abertura de vários teatros com o nome Taborda em várias localidades e, curiosamente, ainda em vida do ator: Abrantes; Elvas; Lisboa e Oeiras são disso exemplo.

IV - Taborda e os Teatros

Taborda representou nos teatros mais importantes de Portugal e também no estrangeiro, mas o seu preferido foi sempre o seu Ginásio, onde esteve desde a primeira hora e que por duas vezes ajudou a reconstruir. O Teatro do Ginásio acompanha o percurso glorioso do seu ator Taborda. Depois de ter sido um circo, é inaugurado em 1846, com estreia dupla - ator e teatro. E obrigado a fechar portas devido à Revolução da Maria da Fonte, ou Revolução dos Cemitérios. Abre de novo agora com o encenador Emílio Doux, o qual não reconhece valor artístico a Taborda e este sai da companhia, fazendo, entretanto, uma digressão. Anos mais tarde Doux vai encontrar Taborda no Brasil e percebe finalmente o valor deste grande ator, retratando-se da injustiça cometida.

Entretanto Romão começa a dirigir a companhia, quando os sócios decidem introduzir a ópera-cómica e inicia-se o melhor período da vida deste teatro com o regresso de Taborda. Para lá deslocava-se Lisboa inteira, os próprios reis manifestaram interesse em irem a este Teatro. Em sete meses renova-se este Teatro com muita ginástica financeira, para que ficasse com o mínimo de condições. O rei D. Fernando II e os filhos D. Pedro e D. Luís, futuros reis de Portugal, deslocaram- se pessoalmente ao local para acompanhar os trabalhos e quando o Teatro reabre alugam um camarote que é decorado a expensas do Rei.

É durante este período de reconstrução do Teatro que Taborda vai para Paris com uma bolsa concedida por este rei e recomendado pelo então Ministro Almeida Garrett.

A18 de novembro de 1852 o Teatro do Ginásio reabre após obras de beneficiação e tem como sócio e diretor da sociedade Taborda, Moniz e Manuel Machado, entre outros. As sociedades artísticas, formadas por artistas dramáticos, tinham como função administrar, fazer a distribuição dos papéis, a eleição dos corpos da direção e a divisão de lucros, o que fazia com que estas sociedades não se mantivessem por muito tempo, pois surgiam discórdias relativamente a estas matérias. Estas Sociedades também organizavam digressões à província e às ilhas.

A peça que inaugura o Teatro é o Misantropo de Paulo Midosi com Taborda em todo o seu esplendor, depois da passagem por Paris.

Entre 1856 e 57 este Teatro lutou com muitas dificuldades por causa da cólera e da febre amarela, que afastaram as pessoas e Taborda tudo fez para resolver os problemas financeiros, contraídos aquando das obras de reconstrução, para que a “sua casa” não ruísse. Durante o ano de 1860, este ator foi o responsável pela gerência financeira do Teatro e a dívida não aumentou. Problemas posteriores vão levá-lo a afastar-se.

Em 1868 na nova reabertura do Ginásio, Taborda não faz parte dos atores da companhia. Só em 1870, quando o empresário José Joaquim Pinto toma conta do Ginásio, Taborda volta a fazer parte da companhia e lá terá o seu camarim privativo que se vai manter até ao fim da sua vida.

Será durante este período que vamos encontrar Taborda noutros Teatros maiores de Lisboa, como seja o D. Maria II ou o Trindade. Neste último representou As Pupilas do Sr. Reitor, no papel de Reitor.

O Teatro D. Maria II era denominado de normal, porque era o mais importante a nível do país e era propriedade do Estado, que o administrava diretamente, ou cedia-o por épocas. Foi inaugurado no mesmo ano em que Taborda se estreou e por diversas vezes este ator marca presença no palco maior do teatro português. Contudo, Taborda preferiu sempre os teatros mais pequenos, mais adequados ao seu estilo e ele foi o corpo e a alma do Teatro Ginásio e é lá que faz de tudo um pouco, como já foi dado a observar.

Em 1859 Taborda apresentou-se por duas vezes no Teatro Nacional D. Maria II e sempre em benefícios. O primeiro foi a favor das vítimas do sismo de Setúbal em que recitou Os Efeitos do Vinho Novo, o outro a favor de um guarda-livros.

Os benefícios eram muito frequentes na época e tinham sempre como fim angariar fundos para o artista beneficiado, no entanto alguns teatros faziam benefícios para pessoas estranhas ao teatro. Quase todos os artistas faziam um anualmente, o que lhes permitia melhorar as finanças, uma vez que os salários não eram elevados.

Francisco Palha, escritor e diretor de teatro, que nas épocas de 1863/64 e 1864/65 está à frente do Teatro D. Maria, tenta trazer por várias vezes o ator Taborda, mas nunca o vai conseguir, pois este apenas aí representa a peça Homens Ricos, de Ernesto Biester, em 1863.

Em dezembro deste mesmo ano Taborda volta a marcar presença neste Teatro, mas desta vez numa exposição fotográfica de retratos de artistas. Taborda compreendeu muito bem a importância da fotografia que fixa um determinado momento e prova a existência de uma realidade. O ator deixou-nos inúmeros retratos de personagem e à civil, contribuindo assim para a perpetuação da sua memória.

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A Sociedade dos Artistas Dramáticos Portugueses, cuja direção estava a cargo de João Rosa, Augusto e Brazão, vai ficar à frente dos destinos do Teatro D. Maria II desde 1880, recandidatando- se em 1882. Taborda foi convidado para fazer parte desta direção em 1882, mas recusa o convite em carta enviada a 19 de maio de 1882, por motivos de doença. Nesta altura encontrava-se no Porto. Era da responsabilidade da Sociedade formar a companhia de Teatro. Estes contratos eram celebrados entre a Sociedade e o Ministro do Reino. A título de curiosidade, este último contrato contempla a obrigação de neste teatro serem representados autores como Gil Vicente, Garrett, Shakespeare, Vítor Hugo, Moliére... no fundo procura-se representar todos os grandes clássicos da arte dramática.

Em 1874 já raramente se deixava ver, devido aos problemas de saúde e em particular a surdez, e menos ainda representa novos papéis. Mas a 30 de novembro de 1895 Taborda está no D. Maria a representar O Médico à Força, o que é considerado um acontecimento, embora um incêndio no teatro venha a afetar a representação da peça. A 14 de Março de 1898 Taborda fez o José do Capote num benefício no D. Maria.

Também representou as peças Médico à força, Os Médicos e Ditoso Fado, esta última da autoria do Barão de Roussado no Teatro D. Amélia com a companhia Rosas e Brazão.

Ainda em vida o seu valor foi reconhecido, tendo-lhe sido prestadas várias homenagens concretizadas sob a forma de nome de teatros espalhados por todo o país: Lisboa em 1870; Oeiras em 1884 e em Abrantes. Só o de Lisboa ainda hoje se mantém. A título de curiosidade refira-se que Taborda viveu durante muitos anos na atual Rua do Diário de Notícias e aí veio a falecer, no espaço “Capital” onde os Artistas Unidos, companhia dirigida por Jorge Silva Melo, se encontravam e que agora apresenta os seus trabalhos, temporariamente, no Teatro Taborda.

O busto de Taborda que ainda hoje podemos encontrar no Teatro D. Maria foi inaugurado a 29 de abril de 1911, no dia da récita dos alunos do curso Dramático do Conservatório.

Quanto à presença do ator em Abrantes, em outubro de 1885, Taborda participa numa noite de benefício e aqui vai apresentar duas peças: Tio Mateus e Dois Primos8. Em maio de 1889 encontramos igualmente registos da presença do ator na sua terra nata9.

V - As Peças

A carreira deste Actor está recheada de peças com grande sucesso, tal pode ser visto pelo número de representações - sempre que se atingia as 15 fazia-se uma homenagem ao ator principal e Taborda foi alvo de muitas.

Apresenta-se agora uma bibliografia das peças representadas com maior êxito, numa época em que existiam vários dramaturgos a escrever e viam os seus textos no lugar certo que é o palco.

Primavera eterna, comédia em 5 atos de Ernesto Biester, escrita em 1860, foi representada no Teatro do Ginásio; O Mentiroso, de Cario Goldoni, é uma comédia em atos; Filho-Famílias, Médicos, comédia em 3 atos, com arranjo de Aristides Abranches; Médico à força, comédia em 5 atos de Moliére com arranjo do Visconde de Castilho; O Doente de scisma, farsa de Moliére em 3 atos; Dominós brancos, comédia em 3 atos, com tradução de Luís Quirino Chaves, representada no Ginásio em 1878; Os Homens ricos de Ernesto Beister, foi representada no D. Maria em 1863 e editada em 1864; Sr. Procopio Baeta, opereta com tradução de Paulo Midosi e música de J. Offenbach, representada no Trindade em 1868; Um amigo dos diabos, comédia em 3 atos de Veloso da Costa; A polícia, A Marquesa, ópera cómica de um ato com libreto de Paulo Midosi e música do maestro Miro, representada no Ginásio pela primeira vez em 1848 e por várias vezes reposta em cena; A velhice namorada, comédia, original de Francisco Xavier Pereira da Silva; Zé Palonso, cujo título completo é “Por bem! Lenda contada por Madame Theodorini na farsa Zé Palonso”, de Gervásio Lobato, D. João da Câmara e Henrique Lopes de Mendonça e música do maestro Manchinelli; O ensaio da Norma; Em guerra particular antes da paz geral;  O chinelo da Cantora; Cozinha, casa de jantar e sala, O Misantropo, comédia de Paulo Midosi; Tagarelas; Miguel o torneiro, comédia de José Romano; Amor Londrino, comédia de Domingos Monteiro, representada no Ginásio em 1864; José do Capote, comédia burlesca da ópera O Trovador, de Paulo Midosi Júnior; Mocidade de Fígaro; Dois primos, comédia em 3 atos; Tio Torquato, comédia original de Alfredo Athayde; Cantor cosmopolita, Andador de almas, paródia à ópera Lucia di Lammermoor, de Francisco Palha, esteve no Ginásio em 1850.

As peças Miguel o torneiro e dois primos podem ser encontradas numa coletânea de peças jocosas que mais vezes foram representadas, editada em 1864.

Em Recordações de Teatro, Sousa Bastos refere que deviam ser feitas várias homenagens para que a arte dramática seja perpetuada, não esquecendo aqueles que tanto fizeram por ela. Sugere assim que se assinale o dia 8 de junho como o nascimento do teatro português com Gil Vicente; 4 de fevereiro, data de nascimento de Almeida Garrett; 4 de abril, evocando a primeira representação do Frei Luís de Sousa ou ainda uma data de inauguração de um teatro, como seja o S. Carlos.

Como estamos em Abrantes, sugere-se que o dia 8 de janeiro seja comemorado anualmente com uma peça em honra daquele que deixou para sempre o seu nome ligado àquilo que fez com tanta arte e de tanto gostava - O Teatro.

Bibliografia

- BASTOS, Sousa, Diccionário do Theatro Portuguez, Lisboa, Imprensa Libanio da Silva, 1908.

- BERGSON, Henri, O Riso, Lisboa, Relógio d’Água, 1991.

- SEQUEIRA, Gustavo de Matos, História do Teatro D. Maria II, vol. I-II, Publicação comemorativa do centenário -1846-1946, Lisboa, 1955.

- Gostaria de agradecer a colaboração prestada pelo Simão Pita. João Lopes e Carlos Dias.

IN: AGUDO, Ana Paula – Actor Taborda o riso como forma de arte e vida. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 2. Nº 3 (2004), p. 87-94