António Bento (1959-2015): um lutador pelas Sentieiras
Por Alves Jana - Professor e membro do CEHLA.
António Bento (26.11.1959-20.11.2015) foi um lutador pela sua terra e pela sua gente, sobretudo “os mais fracos”. Nasceu na aldeia de Sentieiras (S. Vicente, Abrantes), mas foi ainda criança para o Tramagal. Tinha lá muitos amigos, mas regressou à sua terra quando casou, em 1975. E ali plantou de raiz a sua vida. “Deu a alma a Sentieiras”.
Quando ali regressou, o 25 de Abril estava ainda fresco e as nossas aldeias tinham falta de quase tudo. António Bento esteve envolvido na Comissão de Moradores e na criação do Centro Popular de Cultura e Desporto, de Sentieiras. Nesta associação desenvolveu, com outros, é claro, mas ele era um grande dinamizador, o futebol e um grupo folclórico. “Era o carro dele que andava para trás e para a frente”, dizem-nos.
Em 1986, em edição de autor, publicou a pequena monografia “Sentieiras” e durante dois anos (91-92) dirigiu e publicou “O Sentieirense”, um pequeno jornal (A5).
Bastam estas notas para se ver que “adorava” a sua terra, defendendo a memória do seu passado (“gostava muito de ouvir as pessoas de idade”) e lutando para a reconstruir em direção a um futuro melhor. Foi membro da Assembleia de Freguesia de S. Vicente. Houve, no entanto, um sonho que não viu realizado, a estrada entre Sentieiras e Casais de Revelhos.
Era um homem solidário para com as pessoas necessitadas, acudindo a quantos precisavam dele, seja para escrever uma carta ou para ajudar a conquistar uma reforma justa, seja a tratar pessoas que necessitavam de algum curativo.
Ultimamente sentia-se um pouco “magoado”. Talvez por isso tenha passado a dedicar algum do seu tempo ao jornal Abarca e à informação desportiva na Rádio Tágide, onde fazia relatos de futebol e entrevistas.
Profissionalmente foi funcionário público, no sector administrativo escolar, em Abrantes.
O seu desaparecimento, por motivo de doença, foi rápido e imprevisto. Passou a faltarmos António Bento, um “homem bom”, “um lutador”. “Se houvesse muitos como ele!”
Destes homens muito importantes não falam as crónicas, que não as há nas pequenas comunidades. Que fique aqui registada a memória da sua presença ativa e militante entre nós.
IN: JANA, Alves – António Bento (1959-2015): um lutador pelas Sentieiras. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 13. Nº 26 (2015), p. 94-95