manuel dias

Por Alves Jana - Professor e membro do CEHLA

Manuel Pereira Dias partiu sem regresso a 27 de janeiro passado. Nascido em Abrantes em 1930 (9 nov.), cumpriu toda uma vida de trabalho e cidadania.

Aprendeu a profissão de alfaiate e nela se estabeleceu. Mais tarde, quando o pronto-a-vestir se afirmou como alternativa, abriu uma loja de roupa e depois uma tabacaria e posto de venda de jogos da Santa Casa, em cuja atividade se manteve praticamente até aos últimos dias. Na sua qualidade profissional, foi presidente da Associação Comercial (anos 80).

Mas desde cedo começou a envolver-se na vida política, a partir da campanha de Norton de Matos para a presidência da República, como ele próprio contou na Zahara n° 23 (jun. 2014). Foi uma das figuras da Oposição ao Estado Novo em Abrantes e na região. Como “veterano da política”, está na primeira linha do apoio ao 25 de Abril em Abrantes, nomeadamente na manifestação do Io de maio de 74, cujo espírito passa a divulgar e promover na região. Logo nos primeiros meses da democracia é um dos fundadores do PS em Abrantes e surge (jul. 74) como membro da Comissão Administrativa que passa a gerir a Câmara Municipal entre a saída do anterior presidente e as primeiras eleições autárquicas. Eleito pelo PS, é depois membro da Assembleia Constituinte (1975-76). De regresso a Abrantes, é membro da Assembleia Municipal de Abrantes até ao anterior mandato (2013).

Mas Manuel Dias foi também um elemento ativo nos campos do desporto e da cultura em Abrantes. Nessa qualidade, foi membro do Sporting Clube de Abrantes (anos 50 e depois anos 70) e presidente do Orfeão de Abrantes (anos 80), entre outras participações ativas. Entre estas, é de registar a sua atividade nas Jornadas Culturais e no Cineclube, bem como nos Jogos Juvenis (tudo nos anos 70).

Em reconhecimento da sua vida e obra, recebeu em 2012 a Medalha Municipal de Mérito Cívico e Político.

Era um bom conversador e um atento leitor de jornais, pelo que a sua conversa era a de um homem preocupado e informado, um homem atento e interventivo sobre as coisas da sua terra, do seu país e do mundo. Era um homem com quem se podia contar para qualquer causa que tivesse uma dimensão social. Foi, sem dúvida, uma “referência cívica”. E é justo que continue a sê-lo.

IN: JANA, Alves – Em Memória de Manuel Pereira Dias (1930-2015). Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 13. Nº 25 (2015), p. 85