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Camioneta de transporte de mercadorias, dos armazéns comerciais Mena & Pinto, nas primeiras décadas do séc. XX. em Alferrarede.

 

Por CARLOS VIEIRA DIAS - Comerciante, membro do CEHLA.

Segundo Paul Class, no prefácio que faz à obra 5000anos de transportes, de Nelson Lima, os transportes assumiram primordial importância. Contudo, não o sentimos. Na pressa de nos levantarmos de manhã para enfrentarmos uma nova jornada de trabalho raros são os nossos pensamentos sobre os transportes.

Aliás, os meios de transporte - sejam ele o automóvel, o autocarro, o avião ou a simples bicicleta - ao fazerem hoje parte integrante da nossa sociedade, acabam por naturalmente passarem despercebidos. Habituamo-nos de tal maneira a viver com eles que nem reparamos como são importantes e indispensáveis no nosso dia-a-dia.

No entanto, o desenvolvimento que a nossa sociedade atingiu ficou a dever-se muito aos meios de transporte. A permuta de bens, as trocas comerciais, a emigração, o turismo e as simples viagens quotidianas casa - emprego - casa, contribuindo para acelerar o progresso económico e social, só têm sido possíveis através de meios de transporte cada vez mais aperfeiçoados e rápidos.

Nas fotografias que apresentamos, é possível constatar alguns momentos, em Abrantes e arredores, em que se fixaram imagens que falam por si, e que pusemos a falar, respeitantes à evolução dos transportes no último século. As transformações foram significativas e os seguintes elementos que recolhemos na Cronologia do Século XX, de Eduardo Campos, são prova disso mesmo:

- Em fevereiro de 1930, existiam em Abrantes 15 motas e 173 viaturas automóveis;

- No dia 5 de junho de 1935, foram aprovadas posturas reguladoras da velocidade, que estabeleciam 15 km/h como velocidade máxima no interior da cidade e 25 km/h nas zonas urbanizadas fora da cidade;

- Em janeiro de 1951, foi fixado em 41 o número de automóveis ligeiros de aluguer para transportar passageiros, em Abrantes.

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Familiares de Solano de Abreu, junto a um dos primeiros automóveis de Abrantes nas primeiras décadas do século XX em Vale de Rouban.

 

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Procissão, nos anos 40 no Largo Avelar Machado onde podemos observar estacionados vários modelos de automóveis ligeiros

 

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Varino - embarcação de carga que ate aos anos 40 efetuava grande parte do transporte de mercadorias entre Abrantes e Lisboa e vice-versa.

 

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O carro de mão não sendo um meio de transporte funcionava como um importante apoio no transporte de mercadorias Este modelo em madeira com roda de ferro em meados do séc. XX no Alto de Santo António em Abrantes está a servir de brinquedo para entreter as crianças.

 

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Camionetas de instrução de condução, junto ao Mercado Diário, onde atualmente se localiza o Edifício São João.

 

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Praça de táxis, em frente a casa do Capitão-Mor, nos anos 50

 

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Cortejo de oferendas, no Largo da Misericórdia em que um veículo de tração animal é seguido de um veículo automóvel de mercadorias Ate aos anos 50/60 estes cortejos eram comuns, entregando bens de primeira necessidade a Santa Casa da Misericórdia.

 

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Automóvel ligeiro e, ao fundo, camioneta de mercadorias em reparação na “Auto Garagem", onde atualmente se vira para a Tapada do Chafariz, nos anos 50.

 

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Automóveis ligeiros junto ao Hotel de Turismo, por alturas da sua inauguração, que aconteceu em 1954.

 

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As pequenas embarcações de pesca, no Tejo, ao fim de semana transformavam-se em meios de transporte de passeio e recreio.

 

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Rua do Comércio, em Alferrarede nos anos 60, em que é possível verificar o contraste de trânsito automóvel face aos nossos dias A bicicleta em Alferrarede assumiu-se desde cedo como um importante meio de transporte.

 

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Fernando Aparício e esposa, nos anos 50, junto ao seu automóvel. Este indivíduo foi o autor da maioria destas fotografias e de muitas outras que temos publicado na Zahara.

  

IN: DIAS, Carlos Vieira – Flashes de Transportes em Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 8. Nº 15 (2010), p. 21-27