Na rua José de Vasconcelos Correia, em casa com fachadas para esta artéria e para a Rua Miguel de Arnide, viveram as Irmãs Sigeias, Luísa e Ângela.
Pai de ambas, Diogo de Sigeu, era fidalgo francês de nascimento e notável humanista e terá vindo para a corte portuguesa por volta de 1542. Mais tarde, cerca de 1555, retirou-se com suas filhas para Torres Novas, onde viria a falecer, tendo sido sepultado na Igreja do Carmo.
Luísa Sigeia notabilizou-se como humanista, tendo sido figura de destaque na corte da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I. Foi igualmente reconhecida em toda a Europa. Da sua obra destacam-se “Dialogas de differentia vitae urbanae et rusticae e o poemeto Sintra”, remetido ao Papa Paulo III, acompanhado da memorável carta de 1546 redigida em latim, grego, hebraico, siríaco e árabe.
Em 1557 casou em Torres Novas com um fidalgo espanhol e passou depois a residir em Burgos. Morreu a 13 de outubro de 1560.
A mais nova das duas, Ângela, notabilizou-se, tal como a sua irmã, no mundo das artes, como escritora e música. Viveu na corte, onde a infanta D. Maria a tomou como aia. Já em Torres Novas, Ângela veio a casar com o fidalgo torrejano D. Antão Mogo de Melo Carrilho, de quem teve dez filhos. Faleceu em Torres Novas, a 15 de junho de 1608, e foi sepultada na capela do Senhor Jesus dos Lavradores, na igreja de Santiago.
A casa onde viveram as irmãs Sigeias albergou um pequeno teatro, que animava a vida cultural de Torres Novas no início do séc. XX.
in Torres Novas : memórias da história. - Torres Novas: Câmara Municipal de Torres Novas, 2000