ANTÓNIO TOMÁS BOTTO nasceu em Concavada a 17 de Agosto de 1897, aí decorrendo a sua infância.
A decadência do tráfego fluvial do Tejo leva o SEU pai a rumar a Lisboa - como tantos outros "marítimos" do nosso concelho - onde virá a ser arrais de fragata. O futuro poeta tinha então cerca de onze anos.
A família estabeleceu-se no bairro de Alfama, cuja atmosfera popular se reflete na sua poesia e teatro.
Viveu com a sua companheira, Carminda Silva, na Rua da Madalena, na Baixa, e na Rua Tenente Ferreira Durão, em Campo de Ourique. Em 1947 partiram para o Brasil.
Colaborou em quase todas as revistas de vanguarda - Contemporânea, Athena, Águia, Ilustração, Portucale, Magazine Bertrand e Civilização, entre outras – e o seu nome foi-se impondo como poeta de sensibilidade privilegiada e prosador elegante e original.
Fernando Pessoa e António Botto, grandes amigos, elaboraram em conjunto uma Antologia de Poemas Portugueses Modernos.
António Botto protagonizou a maior polémica do segundo modernismo, que envolveu Álvaro Maia, detrator da sua obra, e teve como defensores Raúl Leal e Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa.
A obra poética de Botto pode dividir-se em quatro fases: a juvenil, no tom da quadra popular conjugada com aspetos do simbolismo; a simbolistico-esteticista, das primeiras edições das Canções e plaquetes seguintes; a pessoal e original, nos anos 30, que inclui também os seus belos contos infantis e as peças de teatro António e Alfama; e a última, de uma triste decadência,nos anos 40 e 50.
Elogiado por contemporâneos ilustres como Unamuno, Garcia Lorca, António Machado, Ramon Jiménez, Gide, Valéry, Pirandello, Malaparte, Mário de Andrade, Jorge de Lima, Lins do Rego, Gabriela Mistral, Carlos Drumond de Andrade, Manuel Teixeira Gomes, Teixeira de Pascoaes, José Régio e João Gaspar Simões, António Botto foi inúmeras vezes reeditado e traduzido para várias línguas. Também a imprensa estrangeira se referiu à sua obra duma forma bastante elogiosa.
Segundo o prefácio de Alice Oram à edição irlandesa do The Children's Book (O livro das crianças), chegou mesmo a ser proposto para o Prémio Nobel da Literatura.
Sendo um dos mais discutidos e dos mais notáveis poetas portugueses, Botto tornou-se um autêntico mito. Morreu a 16 de Março de 1959, no Rio de Janeiro, atropelado, aos 61 anos de idade.
Bibliografia:
BOTTO, António - 9 de Abril: teatro em três actos; Marginália. Lisboa: Livraria Popular Francisco Franco, [s.d.]
BOTTO, António - Ainda não se escreveu. Lisboa: Ática, imp. 1959
BOTTO, António - Alfama. Lisboa: Edições Paulo Guedes, [imp. 1933]
BOTTO, António - Baionetas da morte. Lisboa: Empresa do Anuário Comercial, imp. 1936
BOTTO, António - As comédias de António Botto. 12º milhar. Lisboa: Romero, [s.d.]
BOTTO, António - Canções. Lisboa : [Imprensa Libanio da Silva], imp.1921
BOTTO, António - As canções de António Botto. 15ª ed. Lisboa: Ática, cop. 1975
BOTTO, António - Cartas que me foram devolvidas. Décimo primeiro milhar. Lisboa: Argo, imp. 1940
BOTTO, António - The children's book. Lisboa: Bertrand, [s.d.]
BOTTO, António - Os contos de António Botto. 8ª ed. Lisboa: Livraria Bertrand, [s.d.]
BOTTO, António - Os contos de António Botto: para crianças e para adultos. Porto: Livraria Latina, 1942
BOTTO, António - Ciume: canções. Lisboa: Edições Momento, imp. 1934
BOTTO, António - Curiosidades estéticas. Lisboa: Typographia de Libanio da Silva, imp. 1924
BOTTO, António - Dar de beber a quem tem sede: contos para crianças e adultos. Coimbra: Atlântida Livraria, 1935
BOTTO, António - Ele que diga se eu minto. [Lisboa]: Edições Romero, [s.d.]
BOTTO, António - Fátima: poema do mundo. Rio de Janeiro: [s.n.], imp. 1955
BOTTO, António - Histórias do arco da velha: antologia de contos infantis. Lisboa: Minerva, [s.d.]
BOTTO, António - Isto sucedeu assim... Lisboa: Argo, 1940
BOTTO, António - O meu amor pequenino. Porto: Livraria Lello ; Lisboa : Aillaud, 1934
BOTTO, António - Motivos de beleza. [Lisboa]: Portugalia, 1923
BOTTO, António - Não é preciso mentir. Porto: Educação Nacional, imp. 1939
BOTTO, António - O livro das crianças. Trofa: Sodilivros de Portugal, 1989
BOTTO, António - O livro do povo. Lisboa: Livraria Eclética, imp.1944
BOTTO, António - Ódio e amor: poemas. Lisboa: Ática, 1947
BOTTO, António - Os olhos do amor: e outros contos. Lisboa: Minerva, [s.d.]
BOTTO, António - Olympíadas: canções. [S.l.: s.n.], 1927
BOTTO, António - Pequenas esculturas: últimas canções. Lisboa: Empresa do Anuário Comercial, 1925
BOTTO, António - Pétalas de malmequer. Porto: Ministério da Cultura, [1998]
BOTTO, António - Regresso: (novelas inéditas). São Paulo: Clube do Livro, 1949
BOTTO, António - Os sonetos de António Botto. [Lisboa]: [s.n.], imp. 1938
BOTTO, António - The songs of António Botto. London; Minnesota : University of Minnesota Press, 2010. ISBN 978-0-8166-7100-7; 978-0-8166-7101-4
BOTTO, António - A verdade e nada mais: antologia infantil de alguns contos do autor. Coimbra: Coimbra Editora, [s.d.]
BOTTO, António - Os versos da Morgadinha. Lisboa: Teatro Variedades, 1940
BOTTO, António; FERREIRA, Nicolau D'Albuquerque, compos.; CARNEIRO, António, il. - Cantares. 2ª edição. Lisboa: Sassetti & C.ª, imp. 1928
BOTTO, António; PITTA, Eduardo, compil. - Canções e outros poemas. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008. ISBN 978-989-552-329-0
In Exposição - 100 anos de autores abrantinos