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O grupo de História e Geografia de Portugal do 2º ciclo, o grupo de História do 3º ciclo e a Escola do 1° ciclo dos Quinchosos, todos integrados no Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida, propuseram-se, no presente ano letivo, desenvolver o projeto “Recuar no Tempo” para o qual escolheram como tema a Crise de 1383-1385 e algumas das suas repercussões na então vila de Abrantes.

Este projeto, coordenado pelas professoras Eduarda Mor, Luísa Grosso e Helena Alho, contou com a colaboração de toda a comunidade escolar e também com algumas das Associações de Pais e Encarregados de Educação. Trabalhando com afinco e organização, conseguiram, no final, apresentar e trazer até à cidade uma verdadeira lição de história ao vivo, preparada, durante todo o ano, com rigor e entusiasmo, por professores e alunos, que certamente não mais a esquecerão.

O evento teve lugar no dia oito de maio. As dez horas e trinta minutos foi aberta ao público uma Feira Medieval, onde os alunos, vestidos como era usual na época, venderam os mais variados produtos: hortaliças, frutas, legumes, mel, pão, doces conventuais, etc...

Da parte da tarde, pelas catorze horas, foi feita a reconstituição histórica da aclamação do Mestre de Avis, que aconteceu em Abrantes, tal como em variados pontos do país. O cortejo, que saiu da Escola dos Quinchosos, integrava numerosos figurantes (alunos, professores e funcionários) vestidos com trajes representativos dos vários grupos sociais da época, sendo presidido pelas personagens mais marcantes residentes na vila: o alcaide Martim Afonso de Melo, o padre Álvaro Esteves, o juiz e alguns vereadores. Dirigiram-se todos para a Praça do Município, subindo os últimos ate uma das janelas, onde o alcaide explicou aos presentes a situação em que se encontrava o país e a necessidade de aclamar o Mestre como Regedor e Defensor do Reino. Os assistentes, na praça, em sinal de adesão soltaram então o grito que ficou célebre Real,

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Real, Real, pelo Mestre de Avis, Regedor e Defensor do Reino de Portugal.

Depois, o cortejo atravessou a cidade, parando na Praça Barão da Batalha e no Jardim da República, onde um grupo de alunos, sob a direção da professora de Educação Musical do 2º ciclo, executaram, em flauta, algumas peças de música medieval.

A seguir, dirigiram-se para o Outeiro de S. Pedro, local da nossa cidade que tem sido considerado, até agora, o local de partida das tropas para Aljubarrota. Aqui, cem alunos, vestidos como a Infantaria de então, já se encontravam instalados nos respetivos quadrados: o exército da Beira (alunos do 1º ciclo) ocupava o último quadrado, o exército do Porto (5o ano) estava no terceiro, o exército do Alentejo, comandado por Nuno Álvares Pereira, (6° ano) no segundo e, finalmente, o exército comandado por D. João I (3o ciclo) ocupava o primeiro quadrado. Algumas figuras de relevo (o Condestável, o Rei e mais seis acompanhantes) apresentavam-se a cavalo, havendo aqui a colaboração dos militares da Escola Prática de Infantaria, sedeada em Abrantes. Foram simulados os rituais da partida para a grande batalha, incluindo a velada de armas. Toda esta parte impressionou pela quantidade de elementos que participaram e pelo realismo dos pormenores da representação.

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E assim terminou, depois de um dia inteiro de atividades, este “Recuar no Tempo” na nossa cidade. Só um verdadeiro trabalho de equipa, muito empenho, dedicação e incontáveis horas de trabalho (todo o guarda-roupa e os mais variados adereços foram confecionados pelos grupos organizadores com a colaboração alunos) permitiram pôr em prática este projeto com a envergadura e dignidade com que foi apresentado.

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IN: Agrupamento D. Miguel de Almeida recria partida para Aljubarrota. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 6. Nº 11 (2008), p. 91-93