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POR HELENA PIRES

INTRODUÇÃO

Durante muitos anos o ensino técnico-profissional foi ignorado, pois servia apenas uma parte da população que não era prioritário educar. Tratava-se, porém, de um conjunto de indivíduos que, segundo muitos, deveria manter-se acomodado com a sua situação e facilitar-lhes a educação poderia ser perigoso para os ideais que o regime político vigente tentava preservar.

É surpreendente o esquecimento a que este ensino foi votado durante anos, sobrevivendo em caves, sótãos, em escolas sem condições sanitárias, sem espaços adequados e pouco salubres, enquanto o ensino liceal era privilegiado com grandes quantias de dinheiro do erário público.

Somente nos anos de 1950 se regista uma verdadeira mudança de atitude perante o ensino técnico profissional.

“A partir da segunda metade dos anos 50 tem lugar uma vigorosa expansão da rede, com a maior parte das escolas construídas de raiz e bem providas dos equipamentos mais modernos.(...) expande-se com efeito a oferta de escolas industriais e comerciais, enquanto a rede pública dos liceus se mantém quase imóvel” (Sérgio Grácio, 1998, p.81).

Lentamente, o ensino técnico-profissional consegue vencer alguns entraves que lhe foram colocados.

No caso da Escola Industrial e Comercial de Abrantes (EICA), consideramos que para a sua criação, foi fundamental um grupo de pessoas influentes da região. Estas “forças vivas” exerceram muita pressão sobre o poder central, e não descansaram enquanto esta velha aspiração não foi concretizada. Para além desta pressão, o concelho de Abrantes, nas décadas de 1940-1950 tinha um poder significativo na economia portuguesa. As indústrias aqui instaladas movimentavam grande volume de negócio, como está mencionado no relatório da Comissão de Reforma do Ensino de Técnico e, consequentemente, necessitavam de mão-de-obra especializada.

A Escola Industrial e Comercial de Abrantes foi a segunda a ser construída no distrito, sendo a primeira a Escola de Tomar que já tinha mais de cinquenta anos. É interessante registar que Santarém, sede de distrito, só terá a sua Escola Industrial alguns anos mais tarde.

A Escola Industrial e Comercial de Abrantes teve muitas dificuldades, como por exemplo a falta de espaço, falta de material, falta de docentes, chegando o diretor a questionar a sua continuidade, no caso de algumas das situações, que estavam a prejudicar gravemente o funcionamento da escola, não serem resolvidas. A Escola mudou para as suas novas instalações em 1959, contudo, os alunos, em 1963, já se queixavam de novo que a nova escola era pequena para os 1250 alunos matriculados, tal era a afluência e importância que a escola começou a ter na década de 60.

A investigação que efetuámos, permitiu-nos perceber que a Escola envolveu toda uma comunidade e marcou profundamente a história de vida de muitas pessoas que por lá passaram; fez com que Abrantes durante muitos anos fosse um ponto de encontro de muitos jovens do concelho de Abrantes e de concelhos limítrofes e permitiu a muitos estudar. Isto, para muitos “já era a realização de um sonho”.

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As primeiras instalações da EICA, na Rua Santos Silva e no Edifício Carneiro.

 

OS PRIMEIROS ANOS DA EICA

A Escola Industrial e Comercial de Abrantes abriu no dia 5 de novembro de 1953, com 236 matriculados, o que representava uma frequência bastante considerável, tendo em conta que tudo era provisório1.

O Ministério da Educação Nacional só tinha enviado parte do material didático e provisoriamente a escola iria servir-se do edifício localizado na Rua Santos Silva que a Câmara tinha posto à disposição. Segundo o Jornal de Abrantes, o apoio da autarquia, foi fundamental para a abertura da Escola em tão curto espaço de tempo.

Conforme o artigo de 8 de novembro de 1953, o diretor e um professor de Desenho foram nomeados apenas em outubro:

“nomeados no passado mês de outubro e logo vindos para aqui no dia 6, onde tudo estava por fazer, tendo de organizar e pôr a funcionar a complicada engrenagem duma grande máquina, que para se movimentar alicerça os seus fundamentos em certidões, documentos, requerimentos e mais papéis de que nós portugueses não conseguimos libertar-nos”2

A abertura da Escola no ano letivo de 1953-1954 ficou a dever-se a muito esforço da parte de muitos Abrantinos e também, segundo a revista editada pelos primeiros finalistas da Escola em 19593, ao seu primeiro diretor, o Dr. José Manuel Malheiro do Vale4 e ao professor José Campas, nomeado como professor secretário. Segundo a revista “não existia pessoal administrativo nem auxiliar. Numa palavra, nada existia a não ser o decreto da sua criação e o edifício”5.

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As imagens desta página integram-se na comemoração do 5° aniversário da EICA, a 5 de novembro de 1958.

Um dos entrevistados, professor de Religião e Moral, afirma que primeiro foi a festa depois surgiram as dificuldades;

“A escola foi criada em junho e ia abrir em outubro, não havia instruções nem havia nada, e o Malheiro do Vale que depois nomeado primeiro Diretor da escola e que teve de fazer tudo. Teve de fazer de engenheiro, havia ali uma casa velha em frente à polícia e foi aí que ele com operários da Câmara começou a idealizar salas para montar ali escola” (P1).

Segundo o testemunho de um antigo aluno, todas as pessoas ficaram admiradas com a criação da Escola, sendo que a notícia “foi recebida com muito agrado e satisfação, mas também com alguma apreensão” (A3). Esta apreensão deveu-se, na sua opinião, à falta de tempo que os professores primários tiveram para preparar os alunos para o exame de admissão.

O surgimento da Escola teve um grande impacto no meio envolvente, tendo em atenção que esgotou a sua capacidade de receber alunos logo que se iniciaram as matrículas. Para muitos jovens e muitos funcionários das indústrias do concelho, a Escola era um sinal de esperança. Era a expectativa de alcançar algo que até ao momento era praticamente impossível

Segundo um antigo aluno, a maioria dos jovens estava limitada à quarta classe, devido à inexistência de uma escola perto e aos custos insuportáveis que estudar longe de casa representava para os pais destes jovens. A criação da Escola também permitiria a muitos operários uma formação mais especializada, com os cursos de Formação Noturna.

No primeiro ano letivo (1953-1954), matricularam-se 236 alunos, 102 no curso diurno e 134 no curso noturno. O corpo docente era composto por dez professores e quatro mestres. Os alunos foram repartidos em nove turmas, sendo duas femininas, funcionando quatro turmas de dia e cinco à noite.

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Consoada de 1956.

 

No primeiro ano, os alunos pertenciam a quase todas as aldeias do concelho de Abrantes, havendo dois alunos que vieram de fora do concelho, um de Vila de Rei e outro de Castelo Branco6.

No segundo ano letivo, este edifício já era insuficiente para os 332 alunos que se encontravam matriculados. Para solucionar este problema a Câmara adquiriu um novo edifício localizado na Rua de São Pedro, tendo sido transferidas algumas das turmas para o mesmo. Mas, ambos os espaços excederam rapidamente a sua capacidade.

Segundo um dos entrevistados, professor, de início a população estava um pouco receosa, contudo, rapidamente estes receios se desvaneceram.

“a nossa população era um pedacinho tímida, havia alunos que nunca tinham saído da casa dos pais. Havia alunos que vinham de fora, da Sertã, do Baixo Alentejo, de longe, não é? Que estavam ligados aqui a Abrantes, porque Abrantes está na confluência de 3 Distritos, o Alentejo, o Ribatejo e a Beira Baixa. Havia aqui gente do lado da Ponte de Sor, de Belver, de Mação” (P1).

 

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5.° ano do Curso de Serralheiro.

No letivo 1954-1955, em virtude do aumento significativo da frequência e por se ter constatado que muitos alunos vinham de longe e não existia um espaço destinado às refeições, foi inaugurada a cantina escolar. Segundo o Jornal de Abrantes de 7 de fevereiro de 1954, esta cantina tinha com objetivo “acarinhar” os alunos que vinham de longe e necessitavam de um espaço onde se poderiam aquecer e comer uma refeição quente nos dias mais frios

“Em instalações preparadas nos compartimentos onde esteve a Casa da Criança, com mobiliário emprestado, os rapazes que vêm de longe, alguns de freguesias distantes, com o seu farnelzito que comiam frio onde calhava, desde o dia 2 que as suas refeições são aquecidas num fogão que trabalha a serradura e comem sossegadamente sentados, em mesas de quatro, que o Sr. Diretor mandou fazer, havendo pessoal próprio para tomar conta dos farnéis e quem os vigie e guie”.

 

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Corpo docente da EICA, nos primeiros anos da escola

A cantina surgiu com o apoio de muitos abrantinos que ofereceram géneros, donativos e outra finalidade da cantina seria a utilização da mesma para o Curso de Formação Feminina preparando as alunas na prática da culinária. Segundo o professor entrevistado

“A Escola teve sempre essa preocupação de ajudar, por exemplo logo no início o Dr. Malheiro do Vale, a grande preocupação dele foi criar a cantina. A princípio não havia cantina, os alunos traziam uma lancheira com o almoço, e ele começou logo no segundo ano, começou por ter la um espaço onde tinha uns fogões a gás onde os alunos aqueciam a comida e comiam lá. Mais tarde foi criada a cantina”(P1).

A construção do edifício para a instalação da Escola definitivo só será iniciada em 1956. A inauguração deu-se no ano letivo de 1959-1960.

No Arquivo Histórico do Ministério da Educação, só existem registos dos relatórios das atividades da Escola7 a partir do ano letivo de 1956/1957. Estes relatórios contêm elementos que explicam como decorreu o ano letivo e algumas situações que o diretor considera mais significativas. Os relatórios eram acompanhados por relatórios específicos das atividades extracurriculares, que incluíam exemplos de trabalhos e pesquisas realizadas pelos alunos sobre um determinado tema, filmes que eram visionados e relatos das visitas de estudo. Muitos dos relatórios eram a acompanhados por recortes da imprensa local, onde eram mencionadas as atividades desenvolvias na Escola, incluindo as que eram da responsabilidade da Mocidade Portuguesa. Todos estes relatórios eram verificados e anotados pelos inspetores do Ensino Técnico Profissional.

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Edifício definitivo da EICA, na Avenida das Forças Armadas, no decurso da construção

O Relatório das atividades da Escola do ano letivo de 1956-1957 foi apresentado pelo novo diretor Dr. Américo Almeida Santos.

Nesse ano, estavam matriculados 238 alunos distribuídos por dez turmas, sendo seis delas de Io ano, incluindo duas femininas, e quatro do 2º ano, com uma feminina. Segundo o relatório, o rendimento global poderia considerar-se satisfatório, mas na opinião do Diretor estava aquém das suas expectativas. Ele aponta diversos fatores como causadores destes resultados, sendo a falta de formação ou pouca prática dos docentes que se encontravam a lecionar um dos principais motivos para este baixo rendimento escolar.

“Todavia, vários fatores concorrem para que esses resultados não fossem ainda os melhores com efeito, a pouca ou nenhuma prática dos elementos docentes que anualmente se renovam conduz certamente a uma quebra na unidade do ensino interferindo forçosamente no respetivo rendimento. Por outro lado, a dificuldade de adaptação desses elementos aos processos didáticos preconizados para o ciclo e a falta de um orientador hábil e interessado que consiga realizar uma coordenação efetiva das várias disciplinas, ainda mais vem agravar esta situação”8.

A instabilidade do quadro de docentes era outro problema que afetava profundamente o normal funcionamento das aulas e, consequentemente, o aproveitamento dos alunos. Segundo o Diretor, desde que a Escola começou a funcionar em 1953, ainda não tinha aparecido nenhum professor habilitado para orientar os cursos de Formação e já iam três anos letivos. No ano letivo de 1956- 1957, apareceu um engenheiro disposto a aceitar o serviço, mas só manteve as suas funções durante quatro meses e “com bastantes deficiências”9. Consequentemente, os alunos de Mecânica, tecnologia e desenho, na opinião do diretor, tiveram uma preparação medíocre.

“No que respeita aos trabalhos oficinais, os alunos do curso diurno chegaram ao 3°ano sem ter trabalhado com máquinas ou ferramentas Chegou a funcionar durante alguns meses um torno inadequado à estatura e capacidade física dos alunos”10.

Quando chegaram as novas máquinas, não havia docentes para lecionar as aulas oficinais e faltavam as matérias-primas. Por esta razão, teve que suprimir-se essas aulas. Em relação ao Curso de Formação Feminina, não havia nada a salientar, dizia o diretor, ainda não tinha sido preenchido o lugar de mestra efetiva.

Segundo o Inspetor que analisou o relatório apresentado, o documento estava “resumido e claro”, mas era notória a falta de pessoal docente. Porém, ele refere que este problema era geral e sentia-se “embaraçado para acudir a todas as Escolas” e, tendo em conta os problemas expostos, o Inspetor escreveu que iria à escola orientar os professores do segundo grupo e o mestre.

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Atividades da Mocidade Portuguesa, em Fátima, a 13 de agosto de 1957

 

No relatório apresentado no ano letivo de 1957- 1958, o Diretor queixava-se novamente das dificuldades que tinha em recrutar pessoal docente:

“Muitas vezes, para não deixarmos os alunos sem aulas acabamos por pôr elementos que embora reputemos de idóneos, não possuem as habilitações específicas para as matérias que vão ensinar citemos como exemplo, o caso de uma licenciada em Ciências Físico- Químicas a quem foi distribuída a lecionação de Cálculo Comercial e o de um agente técnico de engenharia química para lecionar Tecnologia do Cursos de Serralheiro. A não termos enveredado por esta solução sujeitámos a deixar sem aulas os respetivos alunos”11.

A inadequada formação dos docentes era muitas vezes mencionada nos relatórios. O Diretor critica a forma como os docentes, que mal-acabavam o curso, procuravam lecionar, introduzindo novas pedagogias que, na sua opinião desviavam os alunos do esforço e, citando John Dewey, criavam “uma excitação dos órgãos dos sentidos, que se acompanha dum prazer e que arrasta à fadiga nervosa por um lado, e à desatenção por outro”12.

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Missa, no Ginásio da EICA

Segundo o Diretor, muitos destes docentes não possuíam a licenciatura e a outros faltavam cadeiras, que tentavam frequentar com prejuízo das suas funções docentes. Na sua opinião dever-se-ia acelerar, na medida do possível a preparação eficiente de professores, visto que era impossível continuar com esta situação.

Naquela época, era muito difícil encontrar um professor preparado para dar aulas, existindo uma grande predominância de professores contratados, diz o Diretor:

“eu queria um professor licenciado em matemática e não havia queria um engenheiro para dar uma disciplina de mecânica, de tecnologia mecânica, por exemplo, não havia. De maneira que íamos a Sargentos Técnicos de Engenharia que eram muito bons e enfim a quaisquer indivíduos que tivessem preparação que nos parecia adequada para a função e propúnhamos a lecionação para esses indivíduos, à Direção Geral. De maneira geral a Direção Geral também não tinha outra solução e aceitava, confiava no diretor” (D1).

No entanto, uma antiga aluna refere que a Escola Industrial e Comercial, do seu ponto de vista, era muita avançada pedagogicamente e permitiu-lhe experimentar uma liberdade que nunca tinha vivido;

“eu vinha de uma escola primaria muito repressiva, muito dura no aspeto de trabalhos, de castigos em que as crianças eram bastante oprimidas, senti-me muito mais feliz naquela escola, havia ali um espaço de liberdade muito maior, é claro em relação a época (...) De qualquer modo eu senti um espaço de liberdade naquela escola e um espaço em que havia gosto de aprender e no aspeto pedagógico era uma escola bastante avançada. Eu senti isso, acho que era uma escola muito avançada e tive professores realmente muito bons que nos faziam pensar, que punham questões, que não era só o aspeto de despejar a matéria, mas que realmente nos ajudavam a refletir, a desenvolver as capacidades críticas, etc. Não eram todos, havia alguns que eram muito

alinhados com o regime de Salazar, com o Estado Novo, mas havia outros que quase clandestinamente, entre aspas, porque realmente era uma coisa feita de maneira disfarçada, mas que eu hoje vejo à distância, que se preocupavam mais com a nossa formação do que com a informação, e que nos faziam pensar, refletir, debater questões, etc.” (A2).

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Atividades da Mocidade Portuguesa (Tiro), 1960/1961

Outra questão que preocupava o Diretor era a falta de auxiliares de ação educativa e de pessoal administrativo. Declarava ser complicado conjugar a função de diretor com atividades administrativas, essas atividades desviavam constantemente a sua atenção de questões relacionadas com o campo pedagógico onde a sua presença seria muito mais útil. No relatório enviado no ano letivo de 1957-1958, o Diretor informa que:

“o serviço de registo de faltas está a ser entregue a um contínuo, visto não haver na secretaria quem possa realizar essa demorada tarefa diária Por sua vez, desviando esse continuo das suas funções específicas fica comprometida a ordem, o asseio e a boa conservação de todos os artigos de mobiliário, alem de ficarem totalmente abandonados os alunos, que por virtude da falta de algum professor, permaneçam no pátio do recreio”13.

Ele refere que já pediu imensas vezes o aumento de pessoal, mas nada foi feito, o que causou “sérios embaraços ao bom funcionamento dos serviços escolares”'14. Lembrava o Diretor que a elaboração dos quadros de pessoal aquando da criação da Escola baseou-se na frequência de 300 ou 400 alunos e no ano letivo de 1957-1958 havia uma frequência de 900 alunos.

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Atividades da Mocidade Portuguesa (Xadrez), 1960/1961.

Um outro embaraço relacionava-se com o grave problema de abandono a que os alunos eram votados durante os intervalos ou nos recreios, por falta de auxiliares. A Escola ainda não tinha as suas instalações definitivas, estando esta a funcionarem três edifícios separados, dois espaços escolares e uma cantina, e só dispunham de cinco funcionários para realizar o serviço diurno e noturno.

“A não serem atendidas as propostas que temos formulado no sentido de se proceder à remodelação dos quadros, será contraproducente a ocupação do novo edifício. De facto, aumentando o número e a superfície das dependências cobertas e não cobertas, diminuem as possibilidades de uma vigilância eficaz e absolutamente necessária”15.

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Comunhão Pascal, em 1959.

O inspetor que analisou o relatório refere que as situações apresentadas pelo diretor são alarmantes, há falta de pessoal na Secretaria e de pessoal auxiliar, sendo esta situação muito preocupante em virtude dos espaços escolares ocupados e do volume de frequência ter aumentado significativamente, “a deficiência torna-se alarmante a ponto de se considerar inconveniente a ocupação do novo edifício, antes de tão grave deficiência ter sido remediada”16.

Muita desta preocupação devia-se à grande questão de supervisionar a separação dos alunos, pois, segundo uma das alunas entrevistadas, “havia uma separação muito grande entre raparigas e rapazes, que iam cada uns pelas suas escadas e para seus pátios, não havia misturas” (A2).

Outro antigo aluno refere que tem “uma imagem de rigor e exigência (...) havia uma certa ordem, não havia a ligação entre o aluno e a aluna, isso era interdito” (A3). Segundo ele, os rapazes e as raparigas não poderiam ter qualquer tipo de relação, e caso esta existisse daria origem a processos disciplinares:

“o recreio das meninas estava vedado aos rapazes E o recreio dos rapazes estava vedado às meninas, tanto que houve processos disciplinares, recordo-me de um caso, de um aluno do Rossio que teve com uma moça uma relação amorosa, ele foi expulso da Escola como castigo, era a época” (A3).

No ano letivo de 1959-1960, a escola deparou-se com uma frequência próxima dos 1000 alunos. Por outro lado, os problemas a nível administrativo persistiam, ainda não tinha sido colocado um chefe de Secretaria, o que leva novamente o Diretor a reclamar desta situação:

“Pretender que um simples professor, com a designação de secretário substitua um profissional de secretaria, e sancionar uma situação tão anormal como a que resultaria da permissão para dar aulas a um funcionário administrativo (além de que é uma solução economicamente desvantajosa). Não se pode ser simultaneamente bom secretário e bom professor, assim como me parece difícil ser simultaneamente bom diretor e bom professor”17.

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Visita de estudo à Barragem de Belver.

Porém, o Diretor não reclama somente contra esta situação. Neste ano letivo, dá-se a mudança para as novas instalações, o que trouxe um acréscimo substancial de alunos. No início do mesmo relatório, o Diretor mostra-se preocupado com o normal funcionamento da Escola, pois a frequência era de quase mil alunos e a escola só tinha três professores efetivos em exercício, tendo um deles a cargo a direção do Ciclo Preparatório.

Para o Diretor, a falta de docentes era cada da vez mais grave, pois havia inúmeras coisas para fazer numa escola com uma frequência tão elevada e pouca ajuda do restante corpo docente:

“É que cada vez somos mais solicitados para maior número de intervenções, dada a falta de iniciativa e de colaboração espontânea dos nossos professores. De facto, cada vez mais se lhes arreiga no espírito a convicção de que a sua única obrigação consiste em dar aulas que constam no seu horário. Tudo o mais compete ao diretor ou “é com o diretor”, que deste modo se vê rodeado dos mais diversos assuntos, que cada vez mais o ocupam e preocupam”18.

Quanto ao desempenho escolar, o Curso Geral de Comércio, na opinião do Diretor, “tinha sido francamente melhor que no ano anterior”, ou seja, no ano de 1958-1959, sendo que, na sua opinião, esta melhoria devia-se ao profissionalismo de três professores provisórios, diplomados pelo Instituto Comercial de Lisboa, e não professores licenciados”19.

Em relação ao Curso de Formação Feminina, não havia nada a assinalar, a não ser os 100% de aprovações, verificadas nos últimos três anos. Para reforçar a ideia que não tinha existido qualquer deturpação ou favoritismo nos resultados, o Diretor escreveu:

“Note-se, contudo, que tais resultados não traduzem excesso de benevolência, pois todas as diplomadas que se apresentaram a admissão para as escolas do magistério, foram admitidas”20.

Quanto ao Curso de Formação de Serralheiro, o mesmo diretor queixa-se que a falta de um professor efetivo tem prejudicado a qualidade do ensino, visto que este tem sido feito somente por agentes técnicos de engenharia, sem formação pedagógica adequada. Contudo, estas lacunas, não têm prejudicado os alunos pois estes “encontram colocação com facilidade, pois só concedemos diplomas aos que consideramos suficientemente aptos”21.

Esta situação foi confirmada na entrevista realizada ao antigo Diretor, que afirma que,

“os nossos alunos iam para aquelas oficinas gerais de material aeronáutico, iam para a CUF em Lisboa, iam para o Barreiro, quer dizer muitas indústrias absorviam alunos mesmo de Abrantes não era só aqui a indústria local” (D1).

O ano letivo de 1959-1960 foi o primeiro ano de funcionamento do Curso de Formação de Serralheiro, mas, ainda segundo o Diretor, foram detetadas muitas falhas, especialmente a falta de pessoal docente qualificado. E na sua opinião, não era possível uma preparação séria de eletricistas enquanto não fosse colocado um mestre efetivo.

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Aula de Dactilografia, 1960/1961

Mas estas falhas pareciam não afetar a procura das indústrias, principalmente na área de metalurgia. Com o passar dos anos, os alunos formados nesta Escola começaram a ter cada vez mais importância nas indústrias da região, segundo o testemunho de um desses alunos,

“à exceção, de dois ou três empresários na região, na grande maioria foi tudo de peito aberto, digamos que todos os empresários das indústrias acolheram bem todos alunos com a preparação académica para ingressar nos quadros das respetivas empresas” (A3).

Segundo ele, a Metalúrgica Duarte Ferreira e a Fundição Soares Mendes foram as primeiras a dispensar os seus empregados durante duas horas para frequentarem a Escola. Estas empresas também tinham por hábito pesquisar quais os alunos que estavam no quadro de honra para os convidar a ingressar, no seu mundo laboral,

“a Metalurgia recebia os alunos do quadro de honra e recebia os alunos de peito aberto, vinha a escola pesquisar os alunos do quadro de honra, quer mesmo em termo de raparigas e tudo, estas passaram a entrar na metalúrgica, recém-formadas nos seus cursos” (A3).

A falta de docentes é uma reclamação constante do Diretor da Escola; na sua opinião, não era possível ter bons alunos nem bons profissionais sem professores devidamente qualificados, pois, até então a Escola tinha vivido sob a responsabilidade de agentes técnicos. Por isso, na opinião do Diretor, tinha de se encontrar uma solução

“Em nossa opinião parece de aconselhar a suspensão da criação de novas escolas enquanto o problema da conveniente preparação de pessoal docente não estiver resolvido, e bem assim a constituição de quadros docentes que se ajustem às necessidades de cada escola Sem quadros atualizados ou não preenchidos não é possível conseguir o nível que todos ambicionamos atingir”22.

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Grupo de Bailados da EICA. 1959 

No mesmo ano letivo, a elaboração dos relatórios é partilhada com outro professor efetivo, o professor José Nascimento da Costa, que tinha a cargo a direção do Ciclo Preparatório. Segundo este professor, eram muitas as críticas feitas ao Ciclo Preparatório, muitas delas, no seu entender, sem fundamento, como por exemplo: “Os alunos sabem menos do que quando saem da Instrução Primária porque não se obrigam a trabalhar”23. Na sua opinião, havia então uma total incompreensão da verdadeira finalidade do Ciclo Preparatório: com ele pretendia-se “o desenvolvimento das capacidades do aluno e procurar que o ensino que se lhes ministra não constitua um peso morto, mas seja uma realidade viva e ativa para o mesmo aluno”24.

 

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Finalistas, 1960/1961

Para o mesmo docente, no processo de ensino aprendizagem seria de pôr de lado as “tarefas enfadonhas e inúteis, as cópias desnecessárias, as longas listas de palavras que o aluno errou e tem de escrever”, que não era o tipo de ensino que ele desejava para os seus alunos. Na verdade, existiam muitos problemas no Ciclo Preparatório e muitos deles deviam-se à falta de professores qualificados:

“É precisamente no Ciclo onde todos se julgam bons professores e capazes de lecionar, quando, afinal, é este o ensino mais difícil das nossas escolas. Confunde-se a iniciação dum curso com a facilidade... ora acontece precisamente o contrário. Para se ser bom professor no Ciclo, são indispensáveis requisitos, cuja falta não se fará notar tanto nos cursos mais adiantados (...). Tem de se atender à capacidade dos alunos com quem se trabalha, aos seus interesses, possibilidades e propensões em particular”25.

Mas reconhecia que, com o elevado número de alunos por turma, que oscilava entre os trinta e quarenta, tornava-se quase impossível essa ligação.

A renovação constante do quadro de docentes, ano após ano, aliada à sua falta de experiência, pois muitos deles estavam a iniciar a carreira, sendo que, a alguns ainda faltava o estágio, segundo aquele mesmo professor, era outro problema que afetava o normal funcionamento da Escola e das aulas:

“Sempre aparece gente nova, por vezes cheia de boa-vontade, diga-se, mas cuja tendência é por em prática os velhos métodos rotineiros e clássicos, que viram empregar aos mestres nos liceus. Isto requer atenção de quem os dirige E preciso repetir coisas e compreender as dúvidas de quem principia”26.

Não pretendia ele fazer de polícia e andar constantemente a verificar o que cada docente fazia, mas considerava que para que existisse “eficiência e sucesso” no Ciclo Preparatório, era importante “auxiliar e orientar”, mesmo que discretamente, os docentes menos experientes27.

Quanto aos resultados escolares, no ano letivo de 1959-1960, tinham sido “bastante satisfatórios”: dos 285 alunos (147 do primeiro ano e 138 do segundo ano), ainda que dos 138 alunos do segundo ano somente 101 tenham sido admitidos a exame e destes foram excluídos 5 da parte escrita e 13 da parte oral, pois não possuíam as condições de transitarem.

Na opinião do inspetor, o relatório apresentado era “elucidativo, embora necessariamente sucinto, em resultado da sobrecarga de trabalho comportada pelo director”28. O aproveitamento escolar na sua opinião era “satisfatório” no Ciclo Preparatório e no Curso de Formação Feminina, no entanto, era “fraco nos restantes cursos”. Mas reconhecia que o Diretor tinha a noção dos problemas que dificultavam o rendimento escolar.

Apesar de todos estes problemas e “deficiências” a Escola Industrial e Comercial de Abrantes superou todas as expectativas de quem a frequentou, pois possibilitou a muitos jovens sonhar e conseguir muitas coisas consideradas inatingíveis até à notícia da sua criação em 1953.

Notas

1 - A escola fora criada pelo Decreto-Lei n0 39 267, de 7 de julho de 1953.

2 - Jornal de Abrantes, 8 de novembro de 1953.

3 - Vida Nova Revista dos Finalistas da Escola Industrial e Comercial de Abrantes n.º 1, Maio de 1959 pp 15-16

4 - O Dr. José Manuel Malheiro do Vale foi diretor da Escola Industrial e Comercial durante quatro anos. Formou-se em Coimbra na Faculdade de Letras, em Filosofia Clássica no ano de 1937, fez o seu estágio em Lisboa. Lecionou durante quatro anos em escolas no Porto e durante sete anos dirigiu durante sete anos a Escola Industrial e Comercial de Viseu (Jornal de Abrantes. 11 de outubro de 1953).

5 - Vida Nova Revista dos Finalistas da Escola Industrial e Comercial de Abrantes n.º 1, Maio de 1959. p 16.

6 - Dados recolhidos no Arquivo da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu.

7 - Os relatórios das atividades escolares, estavam previstos na alínea u) do Artigo 103° do Estatuto, Decreto-Lei n.0 37 028, de 25 agosto de 1948.

8 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1956-1957, p 2. Arquivo do Ministério da Educação.

9 - Idem, pp 4-5.

10 - Idem, p. 5.

11 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1957-1958, P 2.

12 - John Dewey, citado pelo Diretor no relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1956-1957, p. 2.

13 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1957- 1958, p 1.

14 - Idem. ibidem.

15 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1957-1958, p 2.

16 - Idem. p 1.

17 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959-1960, p 4

18 - Idem. p. 2.

19 Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959-1960, p. 2.

20 - Idem, p. 3.

21 - Idem. ibidem.

22- Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959- 1960, p 3.

23 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959- 1960, p 6.

24 - Idem. Ibidem.

25 - Idem. pp 6-7.

26 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959-1960, p 6.

27 - Relatório das atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959-1960, p 6.

28 - Anotações realizadas pelo inspetor Dr. Pamplona, na primeira folha do Relatório de atividades escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas - 1959-1960.

 

FONTES E BIBLIOGRAFIA

Fontes

Arquivos

Arquivo da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu:

Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Instruções de Ordem Geral para o Ex.mo Pessoal Docente, (s.d.). Abrantes: Tipografia Águia D'Ouro.

Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Regulamentos Internos (1) Pessoal Docente. (1955).s.p.

Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Regulamentos Internos (2) Pessoal Discente. (1955). Abrantes: Tipografia Águia D’Ouro.

Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Regulamentos Internos (3) Pessoal Menor, (s.d.). Abrantes: Tipografia Águia D’Ouro.

Processos individuais dos alunos 1953-1962.

Arquivo do Ministério da Educação:

Relatório das Atividades Escolares dos Liceus e Diretores das Escolas Técnicas de 1956 a 1969.

Legislação

 

Decreto-Lei n.º 23 048, de 23 de setembro de 1933 - Estatuto do Trabalho Nacional.

Decreto-Lei n.º 31 430, de 29 de julho de 1941 - Remodelação das Regras de Funcionamento do Ensino Técnico Profissional.

Decreto-Lei n.º 31 431, de 29 de julho de 1941 - Criação da Comissão de Reforma do Ensino Técnico.

Lei n.º 2 005, de 14 de março de 1945 - Lei de Fomento e Reorganização Industrial.

Lei n.º 36 074, de 30 de dezembro de 1946 - Orçamento para 1947 / Receitas e despesas de 1946.

Decreto-Lei n.º 35 995, de 23 de novembro de 1946 - Criação da Junta de Fomento Indústria.

Lei n.º 2 025, de 19 de junho de 1947 - Bases do Ensino Industrial e Comercial.

Decreto-Lei n.º 36 409, de 11 julho de 1947 - Plano Geral de Reforma do Ensino Técnico Profissional / Lei de Bases do Ensino Técnico Industrial e Comercial.

Decreto-Lei n.º 37 028, de 25 de agosto de 1948 - Reforma da Direção Geral do Ensino Técnico Elementar e Médio / Disposições de Natureza

Administrativa e Programa de Construção de Novos Edifícios do Ensino Técnico.

Decreto-Lei n.º 37 029, de 25 de agosto de 1948 - Estatuto do Ensino Profissional e Industrial.

Lei n.º 2 058, de 29 de dezembro de 1952 - Promulgação das Base para a execução do Plano de Fomento nos anos económicos de 1953 a 1958.

Decreto n.º 39 267, de 7 de julho de 1953 - Criação das Escolas Industriais e Comerciais de Abrantes e Eivas

Outros documentos impressos

 

I Congresso Nacional do Ensino Técnico Profissional (1959). Conclusões. Porto: Oficinas Gráficas da Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis.

Criação das Escolas Técnicas (1953). Separata do Boletim. «Escolas Técnicas», (15).

Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Instruções. Esclarecimentos; Cursos professados; sua constituição; suas vantagens, (s.d.). Abrantes: Gráfica Gil.

Escolas Técnicas, Boletim de Acão Educativa:

-(1) 1946-1947;

-(3 e 4) 1946-1947;

-(volume II) 1948;

-(15), 1953;

-(20) 1955-1956;

-(22) 1957-1958.

Jornal de Abrantes:

26 de dezembro de 1948;

25 de janeiro; 28 de junho, 5 de julho, 12 de julho, 9 de julho, 11 de outubro, 1 de novembro, 8 de novembro de 1953;

31 de janeiro de 1954;

6 de março de 1955;

30 de dezembro de 1955;

5 de agosto; 25 de novembro de 1956.

Bibliografia

Bogdan, Robert e Biklen, Sari (1982). Investigação Qualitativa em Educação Uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

Comissão das Comemorações do 45° Aniversário da EICA (1998). A EI. CA de 1953 a 1973 - Os caloiros e finalistas -. Abrantes: Aguia d’Ouro; Casa Martins.

Dez Anos de Atividade. Escola Industrial e Comercial de Abrantes. Revista dos Dez Anos de Atividade da Escola: novembro de 1963. Rua dos Caldeireiros, Porto: Oficinas Gráfica.

Dias Júnior, José Nascimento Ferreira (1945). Linhas de Rumo. Lisboa: Clássica.

ESSAGORA. Revista da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu n.º 3, novembro de 2003. Abrantes: Abrangráfica.

Fernandes, José D. Santa Rita (s.d). Abrantes Cidade: Análise critica. Cacém: Oficinas de GRIS.

Ferreira, Carlos Duarte (1980). Eduardo Duarte Ferreira -A lição da sua vida (1856-1948). Queluz de Baixo: Portugália Editora.

IX Recenseamento Geral da População no Continente e Ilhas Adjacentes de 15 de dezembro de 1950:

Tomo I - População residente e presente, famílias, casais, mulheres casadas, convivências, estrangeiros e surdos-mudos e órfãos. Lisboa: I.E.N./Tipografia Portuguesa, 1952.

Tomo II - Idade e Instrução. Lisboa: I.E.N./ Tipografia Portuguesa, 1952.

Junta de Construções para o Ensino Técnico e Secundário. 35anos (1963). Lisboa: Ministério das Obras Públicas.

Lessart-Hérbert, Michelle et al. (1994). Investigação Qualitativa. Fundamentos e práticas. Lisboa: Instituto Piaget.

Mattoso, José (1994) (dir.). História de Portugal (1926-1974). Vol.VII. Lisboa: Editorial Estampa.

Nogueira, Franco (2000). O Estado Novo (1933- 1974). Porto: Editora Civilização.

Oleiro, Diogo (1952). Abrantes Florida. Monografia do Concelho de Abrantes. I Lisboa].

Proença, Maria Cândida (1998). O Sistema de Ensino em Portugal (Séculos XIX-XX). Lisboa: Edições Colibri.

Rosas, Fernando (1987). “A Crise de 1929 e os seus efeitos económicos na sociedade portuguesa.” In Pinto, António Costa, et al. O Estado Novo das Origens ao Fim da Autarcia (1926-1959). Vol.I. Lisboa: Editorial Fragmentos, Lda.

Rossio ao Sul do Tejo - Meio Século de Vida. Revista Comemorativa dos Cento e Cinquenta Anos da Junta de Freguesia de Rossio ao Sul do Tejo: maio de 1989.Tomar: Gráfica de Tomar.

Salvador, Helena (coord.) Escola Virtual. Comemoração do Cinquentenário da ESSA 1953- 2003. Cd-Rom.

Vida Nova. Revista dos Finalistas da Escola Industrial e Comercial de Abrantes n.º 1, Maio de 1959.

Nota final

As fotografias que ilustram o presente artigo, bem como a da capa, foram obtidas no Cd-Rom intitulado Escola Virtual. Comemoração do Cinquentenário da ESSA 1953-2003, editado pela ESSA, com a coordenação da Profa. Helena Salvador.

IN: PIRES, Helena – Escola Industrial e Comercial de Abrantes: o arranque (1953-1960). Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 6. Nº 12 (2008), p. 25-38