A his­tória do Cas­telo de Abrantes é a his­tória da mais an­tiga área ha­bi­tada da Ci­dade de Abrantes. Sendo o morro mais des­ta­cado na pai­sagem, a sua ex­ce­lente po­sição es­tra­té­gica valeu-lhe uma longa ocu­pação, que se inicia na Idade do Bronze Final (séc. XII- VII a.C.), com a cons­trução de um pri­meiro re­duto amu­ra­lhado, com pe­dras e terra, que pro­tegia os seus mo­ra­dores.

 

Da Idade do Ferro (séc. VII- V a.C.) sa­bemos da pre­sença das in­fluên­cias me­di­ter­râ­nicas dos Fe­ní­cios, através do achado re­cente de frag­mentos ce­râ­micos atri­buídos a estas cul­turas, evi­den­ci­ando a im­por­tância do Tejo en­quanto via de pe­ne­tração no in­te­rior do ter­ri­tório, so­bre­tudo para ob­tenção de me­tais.

 

Du­rante o Pe­ríodo Ro­mano (séc. I a.C.- III d.C.) o es­paço de­verá ter tido uma função mais sim­bó­lica e cul­tual, já que aqui se en­con­traram al­guns ele­mentos que pa­recem apontar para a exis­tência de um templo e não pos­suímos, até agora, ele­mentos que apontem para uma pre­sença efe­tiva e per­ma­nente de po­pu­la­ções. No en­tanto, a partir dos sé­culos VII/IX até ao sé­culo XII, o morro pa­rece ter vol­tado a ser ha­bi­tado, desta vez por po­pu­la­ções is­lâ­micas, tal como atestam os ves­tí­gios re­cen­te­mente es­ca­vados de uma for­ti­fi­cação em adobe.

 

De­pois da re­con­quista cristã, D. Afonso Hen­ri­ques e os seus su­ces­sores man­daram cons­truir me­lhores de­fesas, tendo D. Afonso III cons­truído a Torre de Me­nagem. As obras pro­lon­garam-se até ao rei­nado de D. Dinis, no séc. XIV, man­tendo-se al­guma po­pu­lação no in­te­rior da área do cas­telo.

 

Em 1432-33 ini­ciou-se a cons­trução do Paço dos Al­caides, também co­nhe­cido por Pa­lácio dos Go­ver­na­dores, na sequência da no­me­ação de Diogo de Al­meida para al­caide, quando a po­pu­lação já havia aban­do­nado a se­gu­rança da cerca e esta se trans­for­mara num es­paço de de­fesa do ter­ri­tório e de afir­mação dos go­ver­na­dores.

 

Das in­ter­ven­ções ar­que­o­ló­gicas mais re­centes, sa­bemos que a Norte a de­fesa era as­se­gu­rada pelo fosso aberto no aflo­ra­mento ro­choso, da atual Praça D. Fran­cisco de Al­meida ao atual Jardim do Cas­telo e, a Sul, bas­tava o de­clive ro­choso que tor­nava mais di­fícil o acesso ao ini­migo, se­cun­dado por todo o pano de mu­ra­lhas que viria já desde a Idade do Bronze, su­ces­si­va­mente me­lho­rado e adap­tado às ne­ces­si­dades de de­fesa de cada época.

 

O ter­re­moto de me­ados do séc. XVI pro­vocou o des­mo­ro­na­mento da Torre de Me­nagem, que foi re­cons­truída só pela me­tade da sua al­tura. Du­rante a Guerra da Res­tau­ração foram efe­tu­adas obras de re­forço das for­ti­fi­ca­ções, no­me­a­da­mente das mu­ra­lhas. Entre 1718 e 1733 o pa­lácio dos Al­meidas foi pro­fun­da­mente mo­di­fi­cado por D. Ro­drigo de Al­meida e Me­neses, Iº Marquês de Abrantes, de que re­sultou pra­ti­ca­mente o atual con­junto de edi­fí­cios que ainda hoje po­demos ver. O an­tigo cas­telo trans­for­mava-se então em pa­lácio da no­breza. Na se­gunda me­tade do sé­culo XX o se­gundo andar do pa­lácio viria a ser de­mo­lido já após a saída dos mi­li­tares do es­paço in­tra­mu­ra­lhas.

 

De­pois da Guerra Fan­tás­tica (1756- 1763) e da mu­dança da Fa­mília Al­meida para Lisboa, o castelo reassumiu-se como for­ta­leza, hos­pe­dando o re­gi­mento de ar­ti­lharia e de­pois a Le­gião do Marquês de Alorna, em 1798.

 

Du­rante as guerras na­po­leó­nicas, de­pois de ter sido lugar da ex­pulsão da guar­nição fran­cesa, em 14 de agosto de 1809, co­nheceu um papel de­ci­sivo como prin­cipal praça de abas­te­ci­mento de ar­ti­lharia do exér­cito luso-bri­tâ­nico do Duque de Wel­lington, so­frendo mais acres­centos de for­ti­fi­ca­ções até à ba­talha de Vi­tória, em 1812.

 

Nos sécs. XIX e XX foi quartel do Re­gi­mento de Ar­ti­lharia 8 e do Re­gi­mento de Ar­ti­lharia 2 Contra Ae­ro­naves, tendo ter­mi­nado em 1957 a ocu­pação mi­litar efe­tiva do es­paço.

 

GPS: 39.464443N / 8.195286W