A capela de São João Baptista foi construída no lugar "Casais das Vaginhas", um povoado que nasceu num local favorável ao amanho da terra e á pastorícia, surge pela conveniência da proximidade de outros lugares (Atalaia, Moita, Barquinha e Quinta da Cardiga), e beneficia da "Encruzilhada da Pedra", encontro de caminhos que ligavam cidades próximas, tais como: Santarém, Abrantes, Golegã, Ourém, Tomar, entre outras. Foi, esta encruzilhada, usada pelas tropas francesas nas suas movimentações durante as, tristemente célebres, invasões francesas. Existem relatos de que aqui ocorreram episódios de guerrilha entre os habitantes desta e das localidades próximas e as tropas francesas. Estas escaramuças, que celebrizaram os guerrilheiros locais, em particular um, de seu nome Madrugo, que infligiram significativas baixas nas hostes francesas.
Os Casais das Vaginhas, que Luís Batista conclui, baseado nos documentos consultados, já existirem em 1527.
Pelas razões enunciadas, eram os Casais da Vaginhas propícios às trocas comerciais, proporcionando o escoamento dos seus produtos e a aquisição de outros. A proximidade da Quinta da Cardiga e da Atalaia proporciona aos seus habitantes trabalho assalariado no área agrícola. Das Vaginhas, saía a mão de obra necessária para o amanho dos campos da Atalia e da Cardiga, uma quinta que vivia da agricultura, famosa pelo seu vinho, azeite, fruta e cereais.
É, pois, como já referido, que aqui foi construída uma capela dedicada a São João Batista, cuja construção terá, tudo para aí aponta, tido lugar no séc. XVII, como refere o autor da fonte consultada. Esta assunção, fundamenta-a, Luís Batista, num documento escrito pelo Padre António Carvalho da Costa na “Corograftia Portugueza”, tomo II, de 1712. Avança, o autor do estudo que, devido à morosidade da escrita e publicação deste tipo de obras que, à época, demoravam vários anos, se possa afirmar, com muita segurança, que a construção da capela tivesse tido lugar no séc. XVII.
Em 1758, após o terramoto de 1755, são enviados ao Marquês de Pombal, a seu pedido, relatórios de todos os pontos do país, no sentido de avaliar os estragos causados pelo cataclismo natural. Um deles, da autoria do pároco da Atalaia, este refere:
“… além destas, há mais quatro ermidas dispersas pelos povoados onde se administra o Santo viático aos enfermos, hua de de S. João, no lugar das Baginhas, outra de N.ª Sr.ª dos Remédios, no lugar da Mouta, outra de St.º António no lugar da Barquinha…”
Refere, mais adiante, que nestas capelas, não se encontraram estragos do terramoto.
É, nesta capela, que o Entroncamento vai ter o seu primeiro lugar de culto local que, até então, era praticado na Igreja da Atalaia ou na Capela da Cardiga, ambos de muita predilecção da população. Em 1919, é pedida autorização, que foi concedida, para a celebração quinzenal de missa por qualquer sacerdote, na qualidade de capelão.
A partir de 1920, as missas, na Capela de S. João, já são semanais e, por esta altura, foi aí autorizada a realização de baptizados no dia das Festividades de S. João Baptista.
Em 20 de Junho de 1920, há já referências a seis registos de baptismo realizados nesta capela. Durante o resto do ano, os baptismos dos entroncamentenses eram realizados na Capela da Cardiga ou na Igreja da Atalaia. De referir que, em muitos casos, os pais esperavam pela festa do Santo para baptizarem os seus filhos na Capela de S. João. Em 1927, a nova freguesia civil foi reconhecida pelas autoridades eclesiásticas, com as cerimónias do culto a celebrarem-se na capela. O Patriarcado de Lisboa consagrou a freguesia do Entroncamento ao orago das Vaginhas, São João Baptista, cuja data de nascimento se comemora, ainda hoje, com festa e procissão no dia 24 de Junho.
Esta capela sofreu restauros nos anos sessenta e em 1982/3. Os restauros realizados na década de oitenta realizaram-se quando a capela já estava a ameaçar ruína, com o tecto a desabar. Esta restauração, resultou do empenho do Padre Armando, dos paroquianos mais sensíveis à conservação da Capela e com o apoio da população em geral. Assim, se salvaguardou um monumento que os primeiros habitantes do Entroncamento herdaram do lugar das Vaginhas, e forma os seu primeiro templo para exercício do culto.
Fonte :
BATISTA, Luís. Os casais das vaginhas. Entroncamento : Câmara municipal, 1996. 71 p.