A produção de mel

 

Actualmente a apicultura já não tem o mesmo peso que tinha antigamente no concelho de Mação, mas ainda existem alguns apicultores que, apesar das dificuldades sentidas, tentam conservar a tradição da produção do mel.

Registe-se que o concelho de Mação já foi a região do país onde se produziu mais mel. Mas a actividade esmoreceu. Em meados dos anos 90 existiam cerca de 200 apicultores; hoje existem cerca de 70, um número registado a partir dos levantamentos de produtos para tratamento.

Em Janeiro de 2003 foi constituída uma cooperativa de produtores de mel, denominada Melbandos – Cooperativa de Apicultores do Concelho de Mação, C.R.L., na qual estão registados 53 apicultores. A constituição desta Cooperativa veio dar um novo alento aos apicultores do Concelho, que vêem nela um suporte para a sua actividade e na recuperação dos apiários uma esperança de continuidade de uma tradição até agora algo adormecida.

Uma das maiores apostas da Melbandos é dar formação aos apicultores que, nem sempre, sabem lidar correctamente com os problemas que envolvem o enxame e a colmeia. “Um apicultor tem de ser um técnico, tem de estar atento, tem de intervir nas colmeias, tem de perceber a biologia, as doenças”, explicou Gustavo Louro, antigo presidente da Cooperativa Melbandos.

Tudo começa em Janeiro quando a abelha-mestra – também denominada rainha – inicia a postura dos ovos, um processo que se prolonga até Abril. Tem a capacidade de pôr três mil ovos por dia, o que corresponde a noventa mil por mês. À medida que as reservas alimentares da colmeia vão desaparecendo dos alvéolos, os ovos vão ocupando esses lugares. Assim, no mês de Abril a colmeia tem de estar forte em número de abelhas, ou seja, cerca de 100 mil para ter uma boa produção de mel. Abril é, portanto, o ponto de viragem. A colmeia está cheia de abelhas e como a mestra já não tem onde pôr os ovos pára a postura. É então nesta altura – Primavera – que as obreiras se dedicam à colheita.

O néctar é sugado das flores pela língua das abelhas e armazenado numa bolsa interior. O pólen, por sua vez, é armazenado com as patas e transportado para a colmeia, servindo para alimentação da criação.

Quando chega à colmeia, o néctar é despejado para dentro dos alvéolos e é-lhe injectada uma gota de veneno que vai ajudar a conservar o mel. Depois, os alvéolos são tapados com cera e quando o quadro – caixilho que sustenta o favo – está selado, o apicultor retira-o da colmeia. Em seguida, os alvéolos são desopercolados, ou seja, as tampas de cera são retiradas com uma faca de serrilha e vão ao centrifugador para retirar o mel, que vai escorrendo. Depois passa pelos crivos – coadores – para retirar as impurezas. Por fim, o mel vai para depósitos de decantação durante uma ou duas semanas para que as impurezas que ainda ficaram venham ao de cima e o produto fique limpo.

Esta fase de retirada do mel ocorre, geralmente, em finais de Junho.

No período do Verão as abelhas limitam-se a ventilar a colmeia. Nesta altura não produzem nada e o seu tempo de vida é, normalmente, de três semanas, devido ao esforço que fazem.

No fim do Verão a colmeia tem muitas reservas alimentares porque as obreiras fizeram a colheita na Primavera. No entanto, quando a colheita não é boa devido às más condições exteriores, ou seja, quando não há néctar e pólen suficientes, o apicultor encarrega-se de lhes proporcionar alimentação: mel. É que para além de o produzirem, as abelhas também o consomem.

O período de Inverno é de hibernação. São três a cinco meses em que não há produção, mas também não há consumo. As abelhas estão paradas e limitam-se a manter uma temperatura estável na colmeia, que ronda os 20/30º.

Refira-se que as abelhas não produzem apenas mel. Produzem também cera, propólis – resina retirada das estevas, pinheiros e com ela vão tapando todos os buracos existentes na colmeia para manter o ambiente interior –, veneno e geleia real – que vai servir de alimento à rainha durante toda a sua vida.

Refira-se que a rainha tem um tamanho superior às obreiras. Para além de ter uma alimentação especial, o seu alvéolo é maior. É ela que faz a postura e só ela tem capacidade de pôr ovos de fêmea. As obreiras só podem pôr machos, porque não têm espermateca. A espermateca é uma bolsa que só a mestra tem e que contém espermatozóides do zangão, obtidos logo na sua primeira saída nupcial. Só a rainha é fecundada e tem de o fazer até ao quinto dia após o seu nascimento.

 

Fonte: CIK/CMM