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Por Alves Jana - Professor, membro do CEHLA

Daniel Augusto António nasceu em Mivaqueiro, concelho de Sardoal, em 1930, portanto há 84 anos. Vem para Abrantes muito cedo, aqui estuda, aqui trabalha, aqui se envolve na política, primeiro na Oposição democrática ao Estado Novo e depois no PPD/PSD, e aqui se estabelece, sendo um dos veteranos e ainda principais comerciantes do “centro histórico” de Abrantes. É, sem dúvida, uma das testemunhas privilegiadas da vida abrantina. A sua memória ainda é rica, embora, como todas as outras, tenha de ser confrontada com outras fontes. Mas não é este o lugar para fazê-lo. Aqui trata-se de ouvi-lo.

Como era a oposição, antes do 25 de Abril, em Abrantes, e como é que o senhor surge nesta atividade?

É nos anos 50 que eu me começo a desenvolver politicamente. Tive vários mentores, homens muito importantes em Abrantes, como o Dr. António Apolinário Oleiro, várias pessoas que pertenceram ao MDP/CDE [Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral].

E que pessoas pertenciam, em Abrantes, ao MDP/CDE?

Por exemplo o Dr. José Vasco, o seu irmão Dr. Gilberto Vasco, o Dr. Semedo, o Dr. Orlando Pereira, advogado, e particularmente a mulher (as ideias dela eram extraordinárias, não se encontra muitas mulheres com as ideias que a senhora tinha), o Sr. Manuel Dias, que ainda está connosco, o Abílio Monteiro, da ourivesaria, que já nos deixou e que era uma pessoa extraordinária, dedicado. Isto a partir dos anos 50.

Como é que, do Mivaqueiro, chega à política em Abrantes?

Eu vim para a Escola [primária] em Abrantes, que era onde depois foi a Polícia [na Rua Grande]. Depois da 4ª classe vim trabalhar para aqui [Papelaria Havaneza] e mais tarde tirei o curso comercial quando a Escola Industrial e Comercial veio para cá.

Eu chego à política porque o meu patrão, o Sr. Vítor Borda D’Água, pertencia às mesmas ideias. Eu era pequenito, andava aqui, ia distribuir a República [jornal associado à oposição ao Estado Novo], e comecei a meter- -me nisso e sobretudo a partir de 52 e com a candidatura de Arlindo Vicente a Presidente da República.

Eu recebia aqui praticamente todos os dias, porque vinha aos livros, o Dr. Apolinário Oleiro, a quem devo muito da minha formação política. [Mais tarde] o Dr. Consciência, um doutor juiz Miranda, o Barata Gil, o António e o Arturo Cortez, os filhos do Sr. Amadeu Vasco... os nomes vão-me surgindo. E assim eu comecei a ter uma atividade com eles, íamos daqui para o Souto, para o Sardoal, para a Bemposta... íamos contactar com pessoal de lá. Contactos cara a cara, era praticamente impossível fazer sessões. E quando comecei a ter mais idade, aí nos anos 60, comecei a ter uma atividade maior.

Lembro-me, por exemplo, de uma sessão totalmente desastrosa para nós, em Torres Novas, com a Dra. Maria Barroso, onde a PIDE deu na gente. Nós também éramos um bocado culpados, porque nos metíamos, não tínhamos muito medo. Desafiámo-los, e os de Tomar também, mas quem apanhou fomos nós.

Em Abrantes, a situação do MDP/CDE - nós era mais a CDE - Não estávamos muito organizados, como não estava no país, também não era muito possível. Infelizmente, nós trabalhámos, trabalhámos, trabalhámos, fomos nós que suportámos a PIDE, e quando veio a Revolução Ido 25 de Abril], um partido altamente organizado e outro já organizado, o Partido Comunista e o Partido Socialista, tomaram conta desta coisa e nós, MDP/CDE, ficámos na casca. E aí começa o mal atual do país. [A partir daí] O MDP/CDE não teve praticamente ação nenhuma.

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À esquerda, João Nuno Serras Pereira, deputado à Assembleia Nacional, na sessão solene da inauguração do Monumento a Nuno Alvares Pereira (06.11.1968). À direita, Isidro Sequeira Estrela, à frente, na visita de uma ministra a Abrantes. Fotografias do Arquivo Municipal Eduardo Campos

Qual era a área geográfica que cobriam a partir daqui?

Eram os concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. Era a nossa área.

Quando diz “trabalhámos” refere-se, em concreto, a quê? O que faziam?

Era cativar pessoas, era falar com quatro ou cinco pessoas, onde nós íamos já combinados. E conseguimos muita gente, muita gente mesmo, por este concelho fora. E em Constância, por exemplo. Havia uma eleição, nós íamos meter o envelope com o

[boletim de] voto por debaixo da porta. Eu lembro-me de uma vez que fui a Montalvo, metemos um envelope em todas as casas e não conseguimos um voto sequer. Mas isso nunca nos afastou, continuámos a trabalhar. Eu continuei a ganhar mais força com os mentores que tinha. Havia pessoas que me incentivavam a avançar e foi assim que me fui fazendo como político. O MDP/CDE tinha várias tendências lá dentro, alguns infiltrados também - a gente até os conhecia. Os que ainda cá estão hoje, o Arturo Cortez ou o Sr. Manuel Dias podem comprovar que havia várias tendências. Tínhamos a nossa sede onde está hoje o [banco I Millennium: estava sempre guardada [quer dizer: vigiada] pela polícia. Fazíamos o que era possível, e algumas vezes fizemos o impossível. Eu tinha, ao contrário do que muita gente pode pensar, um relacionamento especial com o deputado [1961-1974] da Assembleia Nacional, o Dr. João Nuno Serras Pereira. Dava-me muito bem com ele durante esse período. O Dr. Apolinário Oleiro nunca ninguém o viu andar aí na Oposição, no entanto posso garantir que era da Oposição. Posso garantir. Pode perguntar ao Zé Dinis, um indivíduo que o Dr. Apolinário Oleiro conseguiu levar [para a Oposição]. O Dr. João Nuno Serras Pereira, e outras pessoas, nunca, mas nunca, me disseram “Não andes nisso”. Nunca! E depois da Revolução eu continuei a ser amigo dele e ele continuou a ser meu amigo, demo-nos sempre muito bem. Mesmo com o próprio Dr. [Isidro Sequeira I Estrela [um dos símbolos do Regime, em Abrantes I: eu tinha uma espécie de relação profissional com ele, eu era o administrador do Jornal de Abrantes e ele era o diretor. Eu tinha que lhe pagar, pois como diretor ele já recebia naquela época, como o Sr. Diogo Oleiro já recebia. Todos os dias, praticamente, tínhamos de conversar. Nunca ninguém me incomodou - exceto um presidente da Câmara, o Dr. Agostinho Baptista, que me ameaçou. Eu não tive grande medo nessa altura, mas ameaçou-me, disse-me para eu parar com determinadas atividades, enveredar por outros caminhos, porque senão era indicado à PIDE. Não liguei nenhuma, continuei a ser o que era. Nessa altura eu já tinha com a PIDE praticamente relações semanais ou quinzenais: eu ia à Polícia por causa dos livros, dos jornais. Algumas vezes até pensei: “desta vez vou mesmo” [preso].

Mas ia lá fazer o quê?

Tinha que ir lá explicar a quem tinha vendido os livros. É claro que nunca disse o nome de uma única pessoa. Mas há uma pessoa, um comandante de uma unidade de Santa Margarida, não vou citar o nome, que me diz: “Olha, quando eles te perguntarem, diz ‘Eu vendi esses livros para oficiais de”...daquela unidade. A partir daqui, não podiam fazer-me mais nada. Isto nos anos 60; e até 74 continuou. Eu recebia sempre os livros [proibidos] e guardava-os para as pessoas que...

Aqui na Havaneza?

Na Havaneza. Livros, jornais, discos [proibidos] vendiam-se todos. Estavam sempre vendidos. Podiam fazer a quantidade que quisessem... A Polícia vinha diariamente à procura de um ou outro jornal, mesmo estrangeiro, de livros... Para a Polícia dizíamos “Não tenho”, “Não recebi”, “Já vendi” ... Mas nunca procuravam mais nada, porque aqui conhecíamo-nos todos. Só nos apanharam revistas e livros umas três ou quatro vezes.

Nunca fui dentro, mas a coisa não andou muito longe. Até que apanhei aqui uma vez o chefe da PIDE, que era de Abrantes, o Casaca, do Rossio. Apareceu-me aqui, já com a porta fechada. Esteve aí a conversar comigo, conversou, conversou... Mas para mim e nada foi a mesma coisa.

Isto era Abrantes, nunca tivemos grandes problemas. Os PIDE’s de Abrantes, que eu conhecia, e informadores, falei sempre abertamente para eles. Eu nunca tive medo de dizer que isto estava mal. E hoje sou capaz de continuar a dizer o mesmo.

Como eram aqui as eleições? Havia sessões? Houve pelo menos uma, lá em baixo no cinema de Alferrarede. Correu bem. A sala estava cheia e não fomos incomodados. Eles permitiram que nós fizéssemos a sessão. Falou o Dr. Ferro, advogado, creio que o Dr. Orlando Pereira também falou e já não me lembro de mais.

E nos outros concelhos da vossa área, também houve sessões?

Não, foi só em Abrantes. Eles não deixavam. As pessoas tinham medo. E havia meia dúzia de pessoas, onde nós íamos.

Vivi muita coisa. Depois fiquei triste quando o MDP/CDE, no dia 1 de maio [de 1974] foi infiltrado por uma série enorme de pessoas que nunca contactaram connosco, nunca trabalharam connosco. Não cito nomes.

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Agostinho Baptista, presidente da Câmara, discursa na sessão eleitoral em 1969

Mas nesse dia o Dr. Orlando Pereira estava na varanda da Câmara, e falou.

Estava. Mas eu estou a dizer infiltrados. Apareceram indivíduos que nunca... Alguns eram funcionários públicos e não se podiam expor, mas nós sabíamos que eles eram nossos. Mas no dia 1 de maio, eu não fui ao jantar, porque eu não podia ver que os MDP’s fossem postos de parte e entrassem outras figuras, não cito nomes. Nessa altura, eu comecei a ver, estes indivíduos vão tomar conta desta coisa, e tomaram.

O jantar foi no Rossio, no Vera Cruz. Esteve ali a inscrição no [café] Pelicano, as pessoas inscreviam-se, tudo bem... Mas eu, quando comecei as ver as inscrições... Mas este... Não, isto não serve para mim. E não fui. E houve mais algumas pessoas que não foram. Depois veio a Revolução e como o MDP não estava organizado...

Mas o PPD [hoje PSD] também não estava organizado e de repente aparece em força e o senhor aparece no PPD. Quer contar como foi?

Eu fui convidado, como outros, pelo Dr. Simas que era um dos nossos Idas Oposição], e até foi preso, para irmos a uma sessão ali no Montepio. O Sr. Graça Vieira, que também tinha sido convidado pelo Dr. Simas [e tinha loja aberta bem perto da Havaneza], convidou-me também. Veio uma série de gente de Lisboa. Fomos ali uma série de gente que ficou [no PPD] e outros que não ficaram. Por exemplo o Barata Gil [que viria a ser um histórico socialista abrantino] também foi. Eu fiquei e tinha uma vantagem: trazia um traquejo daquilo que já havia feito no passado. E a partir daí as coisas foram todas muito mais fáceis. Para mim, a mais difícil de engolir foi que o Eng. Bioucas, à última hora, roeu a corda e foi [concorrer à Câmara] pelo PS [em dez. 1976]. Praticamente todas as pessoas que fizeram parte da Comissão Administrativa [da Câmara, de julho de 74] foram indicadas por mim, incluindo o Eng. Bioucas. Foi muito triste para mim, quando chegámos à sede, que era lá em cima, ao pé da Casa de Saúde, e tínhamos a notícia de que o Eng. Bioucas ia pelo PS. E andou a colar cartazes comigo!...

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Cabeça da Manifestação do Io de maio de 1974.

Orlando Pereira, ao centro, à sua direita, Correia Semedo e depois (calvo) Abílio Monteiro, à sua esquerda o jovem Geirinhas Rocha

Foi quase por acaso que foi para o PPD e não para o PS, disse-me uma vez.

Porque o Dr. Consciência me veio convidar, mas eu já tinha sido convidado pelo Dr. Simas. Para ir à reunião do Montepio. Fui... e pronto.

E quando foi, já sabia que era para fundar em Abrantes um partido?

Sabia, ele explicou-me. Tinham-lhe pedido de Lisboa também a ele, Dr. Simas.

Eu conheço muitas pessoas que não estavam inscritas no PPD e começaram a pagar: vinham as eleições e... “Toma lá este cheque”. Eu percorri, mais o Sr. José Graça Vieira, o concelho de Mação, Sardoal, Constância, juntamente com um doutor de Coruche, que era o número um [do PPD] em Santarém e que nos vinha ajudar. Combinávamos ir ter a casa de determinada pessoa, onde estavam também determinadas pessoas, isso já eu tinha feito no MDP/CDE. Uma coisa que nasce, nasce do nada. Eu nunca quis nada, só queria era trabalhar para que este fosse um país democrático, mas logo no jantar do 1° de Maio comecei a tirar ilações do que ia ter. Eu tanto podia ter ido pelo PS como pelo PPD, mas acabei por ir pelo PPD e... dei-me bem.

Entretanto, o MDP/CDE transformou-se em partido. Não pôs a hipótese de aderir?

Não, não. Nem eu nem ninguém, praticamente. O MDP/CDE não estava organizado, porque, se estivesse, éramos nós que tínhamos tomado conta do poder.

A seguir ao 25 de Abril, na manifestação do Io de maio, dizia-se “já sabemos quem vai ser o primeiro deputado eleito”, o Dr. Orlando Pereira. Era, de facto, a cabeça do MDP/CDE?

Era, de longe. Não quer dizer que o Dr. José Vasco não fosse, e o Dr. Gilberto Vasco, que tinha residência fixa, eram indivíduos altamente marcados. Mas nós trabalhávamos todos pelo bem do país, nem nos estávamos a ver a nós. O Dr. Orlando Pereira toda a vida quis ser notário e nunca conseguiu [por ser da Oposição]. Veio o 25 de Abril e abriram-se-lhe as portas para esse efeito, em Lisboa. Ele podia ter ido mais longe: não era muito ambicioso. Já a mulher [do Dr. Orlando] tinha uma influência extraordinária.

Estas [acima referidas I eram as figuras que tínhamos em Abrantes. E fizemos muita coisa. Não fomos felizes, porque não soubemos organizar-nos. Também não tínhamos muitas hipóteses de nos organizarmos porque eles não nos deixavam pôr o pé em ramo verde, andavam em cima da gente permanentemente. Punham um polícia à porta da [nossa] sede, sabiam bem as pessoas que entravam e saíam. O país acabou por se prejudicar com esta coisa toda, não tenham dúvida nenhuma.

A esta distância de mais de 40 anos, hoje e comparando com o que se fazia pelo país, pode dizer que a atividade da Oposição, em Abrantes era importante, era significativa, pouca ou quase nada?

Era muito significativa, era importante mesmo. Mexíamo-nos bem. Tínhamos uma sede organizada, alugada. Não íamos lá todos os dias, durante as eleições [íamos I mais. Havia um rapaz de Mação, que durante as eleições nos vinha ajudar, depois foi deputado pelo PS, o António Reis.

Não tenha dúvida nenhuma de que tínhamos muito boas cabeças nessa época. Muito melhores dos que as que há hoje, até no PSD, e no PS também não há grande coisa. Não se pode comparar o que era com o que é hoje. Mas a vida, hoje, está muito melhor que há 40 anos. Mas que está mal, não tenha dúvida nenhuma.

IN: JANA, Alves – Daniel António - oposição ao estado novo em Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 12. Nº 24 (2014), p. 21-25

 

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Manuel Dias

Oposição ao Estado Novo em Abrantes

POR ALVES JANA - Professor membro do CEHLA. As fotografias históricas são do arquivo de Carlos Vieira Dias

No ano em que se assinalam os 40 anos do 25 de Abril, fica bem espreitar de perto, ainda que apenas um pouco, como era a o movimento da Oposição a nível local, em Abrantes.

Manuel Pereira Dias, hoje com 84 anos, nasceu em Abrantes e aqui é reconhecido como um veterano da política, nomeadamente na CDE Lembremos que o Estado Novo era um regime de partido único. Só para as eleições é que os opositores se podiam organizar e concorrer. Daí a Comissão Democrática Eleitoral – CDE. Era-lhe então permitida alguma atividade pré-eleitoral. Que em Abrantes teve Manuel Dias como um dos seus rostos. A memória já não lhe é tão fiel como ele desejava. Mesmo assim, ainda nos deixa algumas pistas.

Eu nasci numa terra politicamente pacata, sossegada, numa comunidade conservadora, semi rural, como era a sociedade portuguesa da primeira metade do século passado. Eu tenho ideia da política aí a partir de uns anitos antes del950. Recordo as eleições do Norton de Matos [1948-49, para a presidência da República], que deram, alguma mexida na cidade, mas pouca. Recordo que andaram aí a pôr uns cartazes nas paredes, talvez a Câmara. Eu era novo [18 ou 19 anos], mas interessei-me logo por aquilo. Havia aqui algumas pessoas, jovens poucos, muito poucos, que se interessaram por aquilo. Essas eleições não deram nada, o regime tratou mal o Norton de Matos, e aqui, tal como noutros sítios, não foi bem tratado. Recordo que houve aqui uma sessão de esclarecimento, creio que no velho “Chapas”, onde eu fui assistir. Foram algumas pessoas falar, como o [Dr. Francisco Correia] Semedo. Estava lá o presidente da Câmara. Aquilo meteu-me alguma confusão, porque entendia que se devia discutir as ideias do Norton de Matos, a respeito do que seria o país, do que seria Angola... Bom, aquilo passou e Abrantes continuou pacata.

Mais tarde, aí em 72, houve uma movimentação do que se chamou a CDE, a Comissão Democrática Eleitoral. Isto já depois do Salazar ter desaparecido. O desaparecimento de Salazar marcou muito a sociedade portuguesa e também Abrantes, embora menos.

Quando Marcelo Caetano deu alguma abertura, naquilo que ficou conhecido como a “primavera marcelista”, eu, que andava sempre com o nariz no ar, vejo... então vamos atuar! Falei aqui com a malta da minha idade, eu teria na altura quarenta e poucos, e com o Beirão, que tinha um primeiro andar em frente ao [café] Chave Douro: - Tu não és homem para me emprestar aquela casa, só por um mês ou dois. Sabes? É que vai haver eleições e eu queria organizar... - Está bem, eu empresto.

Abro aquilo e meto uma data de malta dentro, abrantinos, malta nova. Falar de nomes já não me é muito fácil. Eu abria a porta e a malta ia lá para dentro. O que é que faziam lá dentro? Falavam, que era o que eu queria. A política não é mais do que isso, é falar. Depois, quando foi das listas, eu disse: - Nós somos uns dez ou quinze, vêm aí as listas e nós vamos distribuir as listas pelas portas, damos umas voltas à noite e metemo-las debaixo da porta. [As listas que seriam depositadas na urna como voto eram da responsabilidade das candidaturas]. E a malta fazia isso, era malta nova, de dezasseis anos ou dezassete.

Nessa altura, anos 70, os rostos da Oposição em Abrantes era eu e pouco mais. Apareceu depois o José Alberto Marques. Eu comecei a falar com ele e ele falava era de política. Política nacional, que de Abrantes ele não sabia nada.

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Por cima da atual agência bancária funcionou a sede da CDE

[E, por exemplo, o Dr. Orlando?] O Orlando era um homem muito sério, impecável, tinha escritório aberto [de advogado] ao pé da igreja da Misericórdia, e eu dava-me com ele. E quando foi dessa coisa da CDE, o Orlando dispunha-se a ir comigo falar com A ou B ou C. Mas não fomos muito. A atuação do Orlando comigo foi mais a seguirão 25 de Abril. Abrantes mexe mais politicamente, e de outra maneira, a seguir ao 25 de Abril, e não antes. Antes era uma política adormecida, parada, pouco acontecia. É uma história que não tem muito que contar. Nos anos 50, nada. Nos anos 60... começou. E isso despertava-me, por causa do problema da guerra. A guerra era tudo. Eu não gosto de guerra. E naquela altura, nós andávamos aí a fazer propaganda, íamos a uma aldeia ou outra e só víamos era mulheres vestidas de preto. Não era só uma nem duas. Podia lá estar uma escola com cem mulheres e quinze ou mais estavam vestidas de preto. Isto aí nos anos 60. [Iá com quem? E fazer o quê?]. Aqui, a memória já não me ajuda. Estão a escapar-me os nomes, mas não eram muitos.

Lembro-me de um militar que estava aí, esse não ia, mas informava-me. Era o sargento Gomes. Recordo de ele me dizer, na altura do Botelho Moniz: - Ó Manel Dias, isto vai acabar agora! O que é que ia acabar? Era o Salazar. Sentia-se que isto dependia tudo do Salazar, era o patrão, era o dono. E é verdade. Quando o Salazar desapareceu, isto mudou, veio a tal “primavera marcelista”. Tenho ideia de que o desaparecimento de Salazar deixou a população contente. Se exteriorizávamos esse contentamento, não recordo. Mas recordo que... aí em 44, subimos à torre da igreja de S. João e começámos a tocar o sino. Porquê? Morreu o Hitler! O que era mentira. Eu tinha uns 15 anos... e já andava metido nisso, era um bocado amalucado. [Donde é que lhe vinha “andar metido nisso”?]. Eu sempre gostei de dizer não. Ainda hoje, velho que sou... A política era um pouco isso, o sentimento do não. Eu era um bicho de rua, nunca estava em casa. Trabalhava durante o dia e à noite, rua. Fui feito assim, fui construído desta maneira. Já nos anos 60 eu lia muito sobre o que se passava em Angola. [E onde é que se informava?] Por aí, às vezes com militares, o tal Gomes de que já falei e que esteve aí uns anos... .

[Como é que o caso do Santa Maria foi vivido aqui?] Isso teve muita importância aqui, falava-se muito. E no caso do avião, do fulano, já não me lembro o nome, que roubou um dinheiro e fugiu para o norte de África. Sabia-se disso em Abrantes. E assim se foi passando o tempo.

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Sessão na Chamusca Manuel Dias, José Nisa, Maria Barroso e António Reis Vê-se o símbolo do PS

[Voltando à CDE em Abrantes, estava organizada, havia alguém que fosse identificado como representante local?] Já não recordo. Quem vinha aí muito era a Maria Barroso, a mulher do Mário Soares, e eu privava com ela. íamos a Torres Novas, a Tomar.... Era uma mulher destemida. Recordo que numa ocasião fomos a Alpiarça. Estava uma casa cheia, aí com umas trezentas pessoas e estávamos na conversa. Às tantas, há um burburinho e uns gajos que entram com duas ou três caçadeiras na mão. Nós estávamos lá ao fundo, na mesa, eu estava ao lado da Maria de Jesus [Barroso] e digo-lhe “estamos amolados”. Eram comunistas. Como eram comunistas, [pensavam] ‘esse grupo da Maria Barroso e do Manel Dias estão a introduzir-se no nosso terreno, a oposição somos nós’. Era uma atitude muito interessante do Partido Comunista. E fomos a outros sítios.

[Fomos ... quem?] Eu, a Maria de Jesus [Barroso]... Havia aqui uma figura que tinha importância, que era o António Reis, que era um rapaz novo e aparecia aqui em Abrantes a falar comigo: - Ó Manel Dias como é que isto aqui está? E ali para o lado de Vila de Rei, Mação, tem conhecimento de alguma movimentação política? E eu: - Não, não tenho. Antes do 25 de Abril era um bocado isso. I Antes do 25 de Abril, ou já depois, quando o PS começou a apresentar-se e a fazer “sessões de esclarecimento”? Bem, não podemos pedir à memória o que ela não pode garantir.]

[Depois do 25 de Abril] Até ao 1º de Maio, gastou-se esse tempo a discutir o que fazer no Io de Maio. O Sindicato dos Metalúrgicos, no Tramagal, que tinha uma direção, um tal Branco e outros, vieram falar comigo, julgo que aqui em Abrantes, já não tenho ideia: - No Io de maio devíamos fazer uma manifestação. Eu disse: - Uma manifestação, quanto a mim, deve ser feita na cidade e ir à Câmara. Marcou-se a hora e do Tramagal veio uma multidão. [...]

Subimos a rua do Montepio, creio que passámos pelo jardim [da República], passámos ao meu largo e fomos para a Câmara. A praça estava cheia de gente. Na varanda estavam o [Dr. Correia] Semedo: havia qualquer coisa e o Semedo era do contra, aparecia sempre. O [Dr.] Orlando [Pereira], aparecia menos, porque tinha um problema com a mulher. Eu só a conheci tarde e a más horas porque ela era comunista e a PIDE espetou com ela em casa e não podia sair. Esteve ali anos com residência fixa, anos! Vim a falar com ela pelo telefone: telefonou-me para eu arranjar uma sala para fazer uma sessão. Na varanda estava [ainda] eu, estava o José Alberto [Marques], estava o Lacão, o [Dr.] Consciência. Estava um militar, que [entretanto] apareceu.... Lá discursaram. Era o discurso do Viva a República (risos).

E há a Câmara. A CDE vai falar com a Câmara. A CDE era a entidade reconhecida,

na Oposição não havia [aqui] mais nada. Eu vou à Câmara e falo com o [Dr.] Esteves Pereira, que era o presidente, que já me conhecia, está claro. Isto foi logo no dia 25 ou 26. - Ó Dr., nós estamos nesta missão, que é de tratar das câmaras e das freguesias. [Mas foi lá sozinho?] Não tenho ideia se fui sozinho. [Continuando.] Vimos falar com os senhores, que a partir de agora deixam de ser presidentes de câmara. Devem pedir a demissão. O que é natural. E ele disse: - Tem toda a razão. Eu não me oponho a isso, pelo contrário. Ele foi muito correto. De resto, politicamente, ele não era nada mau. Ele saiu; as freguesias saíram todas.

[Pouco tempo depois do 25 de Abril aparece no PS. Como foi?] Passa o 1º de Maio e isto acalma. Durante alguns dias, quem se interessou por estas coisas, começa a questionar-se “o que fazer?” Aparece o Partido... Eu fui falar com o Abílio Monteiro, que era meu vizinho, tinha aqui uma ourivesaria: - Ó Abílio, tu queres ir comigo a Lisboa? E o Abílio: Ó Manel, eu não vou. Tu metes-te muito nessas coisas, mas eu não tenho muito jeito para isso. Então, recordo-me de ter ido falar com o |Dr.] Consciência. Vou ao escritório dele: Ó Consciência, você é homem para ir comigo amanhã a Lisboa? Vou inscrever-me no Partido Socialista. Inscrevo-me lá e abro a porta aqui. E lá fomos. Vimos embora e arranja-se uma casa, uma loja, na rua [do Montepio], por influência do Consciência. E abrimos aquilo... aí um mês depois.

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Manuel Dias, na varanda da Câmara, 1° de Maio de 1974 Nos extremos vêem-se Francisco Correia Semedo e Mano Semedo, pai e filho.

Este é o registo de uma conversa com o Manuel Dias. Importa deixar claro que este não é um ensaio histórico. Nem sequer um trabalho exaustivo de recolha crítica de informação. A memória, de todos nós e menos ainda de uma pessoa que já vai nos 83 anos na altura da recolha, não é o registo fotográfico do que se passou. Todo o ato de memória é uma reconstrução, muito mais numa conversa sobretudo narrativa. Mas é uma conversa com interesse, pelo que diz, pelo que sugere, pelas pistas que deixa. Podemos dizer que o tempo da Oposição ao Estado Novo em Abrantes esta ainda por desvendar. É sobretudo essa porta que queremos deixar aqui entreaberta. Voltaremos a espreitar por ela numa próxima oportunidade.

IN: JANA, Alves – Oposição ao estado novo em Abrantes. Zahara. Abrantes: Centro de Estudos de História Local. ISSN 1645-6149. Ano 12. Nº 23 (2014), p. 11-16

HENRIQUE DE MIRANDA VASCONCELOS MARTINS DE CARVALHO

PROFESSOR, DIPLOMATA E MINISTRO DE SALAZAR

Nasceu em Abrantes a 10 de janeiro de 1919 e morreu em 1994.

Licenciou-se em Direito e Ciências Político-Económicas. De perfil político-ideológico católico monárquico, foi professor universitário e diplomata, iniciando a carreira profissional em 1963 como professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina. No Ministério dos Negócios Estrangeiros foi chefe dos Serviços de Cifra, dos Serviços do Pacto do Atlântico e dos Serviços dos Negócios Políticos Ultramarinos.

Da sua vasta carreira diplomática, destaca-se a de membro da comissão encarregada de defender os interesses de Portugal no diferendo com a União Indiana, no Tribunal Internacional de Haia (1957).

Foi membro da Comissão Orientadora do Centro Português de Estudos Europeus e do Conselho Diretivo do Centro de Estudos Políticos e Sociais da Junta de Investigação do Ultramar.

De 1958 a 1962 foi Ministro da Saúde e Assistência. Foi Procurador à Câmara Corporativa por nomeação do Conselho Corporativo. Desempenhou carreira parlamentar em diversas legislaturas.

Bibliografia:

CARVALHO, Henrique Martins de - A Casa de Bragança e a formação da Unidade Multicontinental do País. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1960

CARVALHO, Henrique Martins de - Política externa portuguesa. Lisboa: Junta de Investigação do Ultramar, 1964

CARVALHO, Henrique Martins de - Portugal e o pacto do Atlântico. Lisboa: [s.n.], 1953

CARVALHO, Henrique Martins de - Problemas sócio-culturais contemporâneos da família em Portugal [Texto policopiado]. Linda-A-Velha: Maria do Carmo Carvalho, 1997

CARVALHO, Henrique Martins de - Os ventos da história: estudos de política internacional. Amadora: Bertrand, [s.d.]. 2 vols.

  

In  Exposição - 100 anos de autores abrantinos

Abrantina ímpar, cidadã universal (ou do mundo)

Nasceu em Abrantes a 18 de janeiro de 1930. Em 1937 a família mudou-se para Lisboa, onde morreu a 10 de julho de 2004.

Foi a primeira mulher portuguesa a ser chefe de Governo (julho de 1979 a janeiro de 1980) e candidata a Presidente da República.

Licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Era uma das três mulheres entre os 250 alunos do curso.

Entre 1952 e 1956 presidiu à Juventude Universitária Católica Feminina. Foi copresidente, com Adérito Sedas Nunes, do I Congresso Nacional da Juventude Universitária Católica. A projeção que adquiriu levou-a, por aclamação, a presidente internacional da Pax Romana – Movimento Internacional de Estudantes Católicos (1956 e 1958). Em 1957 presidiu ao I Seminário de Estudantes Africanos, no Gana, e à Assembleia-Geral do movimento, em El Salvador. Em 1958 presidiu ao Congresso Mundial de Estudantes e Intelectuais Católicos, em Viena de Áustria.

Iniciou a carreira profissional em 1953, como investigadora na Junta Nacional de Energia Nuclear. Trabalhou depois na Companhia União Fabril (CUF), onde foi a primeira mulher dos seus quadros superiores, chefe de serviço do Departamento de Investigação e Desenvolvimento e diretora do Departamento de Estudos e Projetos.

A dimensão de crente e a sua intervenção cívica são indesligáveis, sendo a procura da justiça a sua ambição política.

Fundou o movimento Graal em Portugal. Por designação do papa Paulo VI, representou a Igreja Católica num grupo de ligação ecuménica com o Conselho Mundial das Igrejas.

Antes do 25 de abril foi: procuradora à Câmara Corporativa, votando vencida pareceres relativos a questões como liberdade de imprensa, modelo de desenvolvimento económico e alterações à Constituição; consultora do Ministério das Corporações e Previdência Social; presidente do Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social; delegada à Assembleia Geral da ONU, onde fez intervenções sobre direito dos povos à autodeterminação, juventude, condição feminina, situação social no mundo e liberdade religiosa; presidente da Comissão para a Política Social Relativa à Mulher, que depois se passou a chamar Comissão da Condição Feminina.

Depois do 25 de Abril de 1974, além dos cargos políticos já citados, foi Secretária de Estado da Segurança Social e Ministra dos Assuntos Sociais. O programa de ação desse ministério foi classificado programa-modelo pelo Secretariado do Desenvolvimento Social para a Europa, da ONU. Foi consultora do Presidente da República, António Ramalho Eanes. Entre 1987 e 1989 foi deputada no Parlamento Europeu. Foi embaixadora de Portugal na UNESCO.

Com um estilo carismático, foi dinamizadora de importantes movimentos sociais e cívicos, resultantes da sua preocupação com o aprofundamento da democracia, tornando-se uma verdadeira cidadã do mundo. Foi fundadora ou membro de inúmeras instituições: Conselho de Imprensa; Rede de Mulheres Plataforma Inter-Grupos; Movimento para o Aprofundamento da Democracia (MAD); Plataforma Europeia para o Ambiente; Conselho de Interação de Ex-Chefes de Governo, criado por Kurt Waldheim, Leopold Senghor e Helmut Schmit, sendo sua vice-presidente; Conselho da Ciência e da Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento, eleita pela Assembleia Geral da ONU; Grupo de Peritos da OCDE sobre A Mudança Estrutural e o Emprego das Mulheres, a convite do Secretário-Geral da OCDE; conselheira especial do Reitor da Universidade das Nações Unidas; Instituto para o Desenvolvimento e a Ação Cultural (IDAC), Rio de Janeiro; Institute for Democratic Electoral Assistance, em Estocolmo; Council of Women World Leaders, Cambridge; World Order Model´s Project; Fundação Europa - América Latina; Clube de Roma, Paris; comité consultivo do Synergos Institute, Nova Iorque; membro da Pax Christi; Movimento Internacional de Mulheres Cristãs; Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, eleita pela Assembleia da República.

Foi membro dos seguintes conselhos executivos ou diretivos: UNESCO; World Policy Institute da New School of Social Research; Universidade das Nações, por designação do Secretário-Geral da ONU, Director-Geral da UNESCO e Santa Sé.

Foi presidente de: Grupo de Peritos do Conselho da Europa sobre Igualdade e Democracia; Comissão Mundial Independente sobre a População e a Qualidade de Vida, a convite conjunto dos Governos da Holanda, Suécia, Noruega, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Japão e da ONU, do Banco Mundial e de várias Fundações Americanas; Conselho Diretivo do WIDER/UNU (Instituto Mundial de Investigação sobre Desenvolvimento Económico da Universidade das Nações Unidas); Comité dos Sábios, a convite do Presidente da Comissão Europeia; Sisterhood is Global Institute, em Nova Iorque; Fundação Cuidar O Futuro.

Lecionou na Universidade Internacional de Lisboa um Curso sobre Problemas de Desenvolvimento Global e na Universidade Aberta, no Mestrado em Relações Interculturais, a disciplina Nacionalidade, Cidadania e Identidade Cultural.

Foi agraciada com os seguintes títulos honoríficos: The 1986 Living Legacy Award, atribuído pelo Women’s International Center, de San Diego (Califórnia); doutoramento “honoris causa” pela Universidade Católica de Lovaina; Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, sendo a primeira mulher agraciada nessa Ordem com esse grau; Grã-Cruz da Ordem do Infante; Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.

A sua obra publicada é variada, incluindo livros e um vasto número de artigos em periódicos. As principais temáticas são a participação das mulheres no desenvolvimento e qualidade de vida, na cultura e na política, a renovação da teoria e prática políticas, a espiritualidade e o compromisso cristãos. Procura criar alternativas aos modelos existentes, propõe um diálogo interdisciplinar e caracteriza-se pela independência da sua reflexão política. Aproveitando os seus dotes excecionais de comunicadora, a divulgação do seu pensamento foi em grande parte feita através de longas entrevistas e debates, editados por publicações nacionais e estrangeiras, e da participação em muitos simpósios, encontros e colóquios.

Bibliografia:

PINTASILGO, Maria de Lourdes - As dimensões da mudança. Porto: Afrontamento, 1985

PINTASILGO, Maria de Lourdes - Imaginar a igreja. Lisboa: Multinova, [s.d.]

PINTASILGO, Maria de Lourdes - As minhas respostas: em diálogo com Eduardo Prado Coelho, Jaime Nogueira Pinto e João Carlos Espada. Lisboa: Dom Quixote, 1985

PINTASILGO, Maria de Lourdes - Os novos feminismos: interrogação para os cristãos?. Lisboa: Moraes, 1981

PINTASILGO, Maria de Lourdes - Reflexão sobre alguns conceitos políticos. Lisboa: Graal-Terraço, imp. 2005

PINTASILGO, Maria de Lourdes - Sulcos do nosso querer comum. Porto: Afrontamento, 1980

ATELIER SCIENTIFIQUE LE MONDE Á L'HORIZON 2000, PARIS, 1987 - Le monde a l'horizon 2000. Maria de Lourdes Pintasilgo. Paris: Unesco,1987

MOITA, Luís; SALGUEIRO, João; PINTASILGO, Maria de Lourdes - Nova Iorque-Lisboa : 37 dias depois.... Lisboa : Graal - Terraço, imp. 2001

Capa do livro - As minhas respostas: em diálogo com Eduardo Prado Coelho, Jaime Nogueira Pinto e João Carlos Espada  Capa do livro - Sulcos do nosso querer comum

In  Exposição - 100 anos de autores abrantinos

Nasceu em São Miguel do Rio Torto, em 1942. Licenciado em Finanças pelo ISEG (Universidade Técnica de Lisboa) e pós-graduado pela Harvard Business School.

Foi ministro das finanças do XII Governo Constitucional entre 1994 e 1995.

É professor catedrático convidado na área de Estratégia Empresarial do M.B.A. do ISEG. Tem feito carreira essencialmente no domínio da gestão e administração de empresas, nomeadamente na CUF (antes de 25 de Abril de 1974), onde foi administrador financeiro, e no grupo belga SAPEC, na qualidade de administrador-delegado.

Atualmente é presidente do grupo SAPEC, administrador da Nutrinveste, administrador do Banco Finantia e presidente do Comité de Investimentos do PVCI (Portugal Venture Capital Initiative), um fundo de capital de risco promovido pelo Banco Europeu de Investimento. É membro do conselho geral e de supervisão da EDP, desde 30 de Junho de 2006, tendo sido reeleito em 15 de Abril de 2009.

Bibliografia:

CATROGA, Eduardo - Política económica: 22 meses no Ministério das Finanças. [Lisboa]: Ministério das Finanças, 1995

In  Exposição - 100 anos de autores abrantinos